"Levei um longo período refletindo sobre como reagir a isso. Avaliando se valeria a pena sequer responder", expressou Terakes.
Zoe Terakes, ator não-binário que desempenha um papel no elenco de "Fale Comigo", manifestou sua opinião sobre a proibição do filme de terror no Kuwait. Os reguladores do país alegaram a identidade de gênero de Terakes como a razão para impedir a exibição do filme nas salas de cinema.
"Levei um longo período refletindo sobre como reagir a isso. Avaliando se valeria a pena sequer responder", expressou Terakes, destacando que esta não é a primeira vez que um filme é proibido no Kuwait - filmes como "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo", "Thor: Amor e Trovão" e "Lightyear" enfrentaram o mesmo desfecho, contudo, devido ao fato de suas histórias envolverem temas ligados à diversidade LGBTQIA+.
No entanto, a situação com "Fale Comigo" é distinta, como salientou Terakes: "A situação do nosso filme não envolve temáticas queer. Nem mesmo faz referência ao fato de eu ser trans ou queer. Eu sou um ator trans que, por coincidência, interpreta esse papel. Não sou um assunto, mas uma pessoa. O Kuwait proibiu o filme com base na minha identidade, e em nada mais. Ao que parece, essa é a primeira ocorrência desse tipo. Está se criando um novo precedente."
Classificando o ocorrido como "uma discriminação direcionada e uma negação da nossa humanidade", o ator prosseguiu: "Embora seja profundamente triste para mim ser a razão por trás dessa proibição, sinto um aperto ainda maior no coração ao ponderar o que isso implica para as pessoas trans no Kuwait. A representação significa esperança, é uma centelha no fim do túnel, é uma razão para persistir, é um refúgio quando tudo está obscurecido, uma voz que sussurra que as coisas podem ser melhores do que parecem."
"A exclusão de atores trans das telas não resultará na exclusão das pessoas trans do mundo (embora o governo do Kuwait possa desejar isso), porém, terá um impacto profundo na nossa esperança. E a esperança é extremamente crucial para a nossa sobrevivência, como indivíduos marginalizados. É a esperança que nos impulsiona a prosseguir diante do ódio, do tratamento injusto e da violência. Nós nos inspiramos naqueles que perseveraram antes de nós, ou que estão perseverando ao nosso lado, e isso nos infunde a esperança necessária para continuar lutando", expressou também.
"Como comunidade, fomos moldados a confiar principalmente entre nós, já que historicamente as pessoas cis não nos proporcionaram muito apoio. Portanto, nossa subsistência repousa na capacidade de nos voltarmos uns para os outros, compartilhar, oferecer apoio mútuo, cultivar o amor e enxergar um ao outro. Sinto uma profunda tristeza pelas pessoas trans e queer no Kuwait, que possuem poucos lugares onde podem encontrar amparo", concluiu Terakes, compartilhando o link de uma ONG que auxilia pessoas queer globalmente, a Rainbow Railroad.
No enredo de "Fale Comigo", seguimos um grupo de jovens que descobre um método para evocar espíritos utilizando uma mão embalsamada. Eles ficam profundamente envolvidos nesse processo, buscando a emoção que ele proporciona. No aniversário da morte de sua mãe, Mia procura uma distração e decide se reunir com seus amigos para mais uma sessão. Entretanto, a situação sai do controle quando um dos participantes ultrapassa os limites e libera forças sobrenaturais terríveis.
O filme é dirigido por Danny e Michael Philippou. Você pode saber mais informações sobre eles e conhecer o trabalho através do canal do YouTube RackaRacka. Além da participação de Terakes, o elenco também é composto por Miranda Otto (conhecida por seu papel em O Senhor dos Anéis), Sophie Wilde (do filme O Portal Secreto) e Ari McCarthy (que atuou em Heartbreak High: Onde Tudo Acontece).
Recebendo aclamação da crítica, "Fale Comigo", produzido pela A24, tem sua estreia no Brasil agendada para o dia 17 de agosto, prometendo proporcionar uma narrativa de possessão verdadeiramente assustadora.
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