Um álbum que traz o Epic45 em um momento maduro e inventivo
Impressionante como o Epic45 continua num estranho e injusto anonimato. O grupo tem mais de 20 anos, apresenta ampla discografia interessante e foi abraçando uma sonoridade distinta ao longo de sua trajetória, passando por gêneros como Ambient, Experimental, Post-Rock e Dream-Pop. Isso sem contar os diversos projetos paralelos que os integrantes tiveram, a exemplo de Ben Holton com seu My Autumn Empire.
Além disso, a experiência desses ingleses de Staffordshire também vai muito além dos inúmeros discos lançados. Fizeram turnês pelo Reino Unido, Europa e Japão. Também ganharam a confiança de renomados artistas/grupos como Babybird, Bibio e Slowdive em colaborações importantes.
Mas, calma, nunca é tarde então para descobrir artistas/bandas como o Epic45. Sobretudo porque o último trabalho está bem acessível, refinado, elevando a criatividade, o talento e a musicalidade do grupo. Um álbum que traz o Epic45 em um momento maduro e inventivo
Também não se assuste com o título do álbum de belíssima capa. Palavras que podem, talvez, indicar uma teoria desse ser o último disco de Ben Holton e Robert Glover como Epic45? Correto ouvir a música da dupla não pensando em hipóteses. Ou melhor dizendo, esse possível temor será superado pelo belo repertório do álbum de 7 faixas com menos de 32 minutos.
‘New Town Faded’ é uma abertura cativante e até busca por certo apelo Pop-Rock, com guitarras etéreas e vocais serenos. A forma que o Epic45 tem de condensar texturas vocais e instrumentais, tudo num equilíbrio melódico, harmônico e hipnotizante, se concretiza bem na faixa ‘Be Nowhere’.
‘Floodplains’ resume bem a maestria do grupo em reunir o orgânico com o eletrônico. Bem próxima de um Ambient encorpado, a sonoridade ganha efeitos e um clima etéreo convidativo. ‘The Crush’ é um Dream-Pop incisivo, apoiado por um refrão enérgico, isso depois que a canção indicava transitar pela calmaria.
‘Underneath The Houses’ inicia com um belo dedilhado de guitarra (lembrar de The Durutti Column não é exagero, pode confiar). Em seguida, a faixa deixa a bateria marcante se aproximar para, no final, se afundar num instrumental mais denso, caótico e opressor (no melhor dos sentidos). ‘Finally’, guiada por uma influência do Shoegaze, traz simetria entre camadas de vocais sussurrados e nervosos, conferindo um final de disco apoteótico e dramático.
Depois de todos esses avais, tire o Epic45 da obscuridade e escute agora "You’ll Only See Us When The Light Has Gone". Você pode até aproveitar para atualizar ou começar sua lista de melhores de 2024. Que tal?
You’ll Only See Us When The Light Has Gone
Epic45
Ano: 2024
Gênero: Dream-pop, Post-Rock
Ouça: ‘Be Nowhere’, ‘Finally’ ‘Underneath The Houses’
Para quem gosta de: Shoegaze, Indie , Dream-pop
NOTA DO CRÍTICO: 8,5
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