Eduardo Salvalaio
- há 17 horas
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Viva Hinds mistura alegria, diversidade, peso, leveza e maturidade da dupla Hinds

Um disco para mostrar que o Hinds, apesar da saída das duas integrantes, segue adiante

O Hinds surgiu por volta de 2011 em Madri. Uma demo chegaria em 2014, abrindo espaço para o lançamento do début “Leave Me Alone” (2016), um disco que trazia muita energia do Garage Rock.

Em 2020, vieram com um álbum mais límpido e multifacetado sonoramente intitulado “The Prettiest Curse” onde não tiveram medo de englobar canções deliciosamente 80’s (‘Good Bad Times’) ou mesmo de flertar com as girl-groups 60’s (‘Waiting For You').

No início, a banda optou pelo nome Deers. Mesmo antes de se tornar tão famosa, precisou alterar seu nome para Hinds, isso porque Deers poderia ser confundido com The Dears, nome do famoso grupo canadense liderado por Murray Lightburn.

Em 2023, mais uma notícia ruim. Ade Martin (baixo) e Amber Grimbergen (bateria) resolveram sair do quarteto. Transformado em duo, o Hinds agora conta com Carlotta Cosials (vocais e guitarras) e Ana Perrote (vocais e guitarra). Ressaltando que as duas são amigas desde a infância e foram responsáveis pela formação do grupo.

Um disco para mostrar que o Hinds, apesar da saída das duas integrantes, segue adiante. “Viva Hinds” (2024) é alegre, variado e maduro, capaz de manter intacta a proposta de experimentar outras sonoridades, sem perder as características das origens da banda.

Embora a abertura do disco com a densa ‘Hi, How Are You’ relembre o Garage Rock de guitarras marcantes, logo em seguida o ouvinte passa pela melodia serena de ‘The Bed, The Room, The Rain and You’, uma faixa que mistura algo de Tegan And Sara e do New Order dos primeiros discos.

O disco traz duas participações importantes. ‘Boom Boom Back’ recebe a parceria de Beck numa melodia de contornos efusivos e dançantes, lembrando músicas do cantor da época de Midnite Vultures (1999). ‘Strangers’ tem uma levada 90’s guiada por linda melodia de guitarras dedilhadas, típica de grupos como The Sundays. O dueto vocal entre a dupla e Grian Chatten, líder do Fontaines D.C., combina sem restrições.

Primeira vez que o duo usa o espanhol em suas canções. Nas faixas ‘Mala Vista’ e ‘En Forma’ adotam o idioma nativo e provam que a atitude bilíngue cai bem para a sonoridade. ‘On My Own’ é um Power-pop certeiro. ‘Bon Voyage’ flerta com a sonoridade Dream Pop que grupos como Melody’s Echo Chamber e Beach House sabem construir tão bem.

Determinação e vivacidade para continuar sua jornada. Hinds esquece os fatos ruins do passado e faz música pensando num futuro melhor e mais criativo.