Vitória: a história real que emocionou o Brasil chega aos cinemas em um grande filme

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Se você busca um filme emocionante, bem produzido e com grandes atuações, "Vitória" é imperdível!

Filme Vitória — Foto: Sony Pictures/Divulgação

Em 24 de agosto de 2005, o jornal Extra, do Rio de Janeiro, estampava a manchete: "Indignada, idosa filma traficantes por 2 anos". A notícia repercutiu nacional e internacionalmente, despertando curiosidade sobre quem era essa idosa e por que decidiu registrar cenas tão perigosas.

A mulher em questão teve sua identidade protegida na época e foi identificada apenas como Joana Zeferino da Paz, ou "Vitória da Paz", como a imprensa a chamou para resguardar sua segurança no programa de proteção a testemunhas. A história real foi relatada pelo jornalista Fábio Gusmão, hoje editor-executivo do jornal carioca.

Desde então, a saga dessa corajosa senhora intrigou o público, e em 2025, finalmente chegou às telonas na adaptação cinematográfica intitulada "Vitória". O filme aprofunda essa história impactante e entrega uma das melhores produções brasileiras do ano, com um elenco de peso e uma narrativa visceral.

É preciso salientar que a verdadeira Joana Zeferino da Paz era negra, e até seu falecimento, em 2023, pouco se sabia sobre sua identidade. No entanto, a própria Joana, antes de morrer, expressou o desejo de que uma atriz branca e experiente a interpretasse. Assim, a icônica Fernanda Montenegro assumiu o papel, e a personagem no filme recebeu o nome de Nina.

Outra mudança importante foi a do jornalista responsável por expor as gravações feitas pela idosa. Na realidade, Fábio Gusmão, um homem branco, foi transformado no filme em Flávio Godoy, interpretado por Alan Rocha, um ator negro.

A direção do filme também passou por um contratempo. Inicialmente comandado por Breno Silveira, o projeto precisou ser assumido por Andrucha Waddington, após a morte repentina do diretor em 2022. Andrucha, que é genro de Fernanda Montenegro, manteve o legado de Silveira e entregou um trabalho impactante.

Como bem definiu a jornalista, youtuber e crítica de cinema Isabela Boscov em seu canal no YouTube, estamos vivendo a "temporada das Fernandas", mas também podemos destacar um momento de grande ascensão e relevância no cinema brasileiro.

Em 2024, Fernanda Torres (filha de Fernanda Montenegro) brilhou no aclamado "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, uma produção que, em 2025, fez história ao ser premiada como Melhor Filme Internacional no Oscar, trazendo o primeiro Oscar para o Brasil.

Desde então, diversas produções nacionais de altíssimo nível vêm conquistando espaço, e "Vitória" se destaca nessa lista, consolidando-se como um filme com narrativa envolvente, atuações excepcionais, um elenco de peso e uma direção marcante.

Em "Vitória", Fernanda Montenegro mais uma vez entrega uma atuação sensível, emocionante e impactante. Sua interpretação de Nina remete a outros papéis marcantes de sua carreira, como Dora em "Central do Brasil", Leocádia Prestes em "Olga" e Romana em "Eles Não Usam Black-Tie". No entanto, Fernanda tem o talento de dar vida a personagens únicos, sem que um papel se assemelhe ao outro.

Com sua grandeza e humildade, ela faz com que o público se emocione e se conecte profundamente com sua personagem, transmitindo a dor, a indignação e a esperança de uma mulher que ousou desafiar a violência.

O filme também apresenta Thawan Lucas como Marcinho, uma criança que vive em meio à violência e simboliza a vulnerabilidade das pessoas atingidas pela desigualdade social e criminalidade. Sua atuação remete a Josué, de "Central do Brasil", interpretado brilhantemente por Vinicius de Oliveira.

Alan Rocha brilha no papel do jornalista Flávio Godoy, que enfrenta o dilema ético do jornalismo e se humaniza diante da luta de Nina. Sua interpretação resgata o espírito da famosa frase do jornalista e escritor colombiano Gabriel García Márquez: "Mesmo que sofra como um cão, não há melhor trabalho do que o jornalismo."

O elenco ainda conta com atuações impactantes de Linn da Quebrada, Jeniffer Dias, Sacha Bali, Thelmo Fernandes, Silvio Guindane e Laila Garin, que contribuem para a construção de uma narrativa intensa e emocionalmente envolvente.

O roteiro, assinado por Paula Fiúza, é uma adaptação do livro "Dona Vitória Joana da Paz", de Fábio Gusmão. O enredo equilibra drama e thriller policial, mantendo uma história envolvente e bem amarrada, apesar de algumas quedas na profundidade de personagens secundários.

Já Andrucha , na direção, entrega um de seus melhores trabalhos. Ele conduz o filme com ritmo dinâmico, cenas visualmente impactantes e um realismo que prende o espectador. No entanto, a influência de Breno Silveira também é perceptível, já que ele iniciou a produção e trouxe esses mesmos elementos para a narrativa. Infelizmente, o filme se tornou um trabalho póstumo do diretor, que faleceu durante as gravações, tornando essa obra ainda mais simbólica em sua carreira.

Com um grande elenco, atuações memoráveis e uma narrativa poderosa, "Vitória" se firma como um dos melhores filmes brasileiros de 2025. Além de marcar uma das últimas atuações de Fernanda Montenegro, que aos 95 anos continua brilhando, o filme resgata uma história real de coragem e resistência.

Como disse o músico brasileiro Cazuza, "Olhe o mundo com a coragem do cego, entenda as palavras com a atenção do surdo, fale com a mão e com os olhos, como fazem os mudos." O filme "Vitória" reflete essa mensagem ao retratar a luta contra a violência e as desigualdades sociais com profundidade, delicadeza e impacto.