O, Red Hot Chili Peppers é uma daquelas bandas atemporais que sobreviveram aos efeitos modernistas e culturais ao longo do tempo. São poucas, que surgiram no decorrer dos anos 80 e conseguiram quebrar inúmeras barreiras culturais, musicais e se permanecer originais quanto Flea e cia. Amantes das farras, diversões e atitudes icônicas e explosivas que sempre marcaram os shows da banda, eles aperfeiçoaram um estilo único, enérgico e empolgante ao misturar Funk com o Punk Rock.
Entre uma jorrada sonora e uma vida alucinante surgiram discos que começaram a fervilhar a cena de Los Angeles, ‘Freaky Styley' de 1985 e ‘Mother’s Milk' de 1989, fizeram algum barulho, mas o avanço criativo viria mesmo em 1991 com ‘Blood Sugar Sex Magic’ de onde surgiram hits como “Give It Away” e a própria faixa-título. Entre reviravoltas, saídas e retornos de John Frusciante a banda permaneceu viva e ativa.
Toda essa divagação é para chegar em ‘Unlimited Love’ 12.º álbum de estúdio da banda que marca o retorno do guitarrista John Frusciante que entrou e saiu do grupo em determinados períodos. O primeiro álbum em seis anos, que tenta reascender a velha chama em uma nova era.
O disco consegue cristalizar essa energia e alegria de amigos que se conectam e estão se divertindo fazendo música, há sentimentos e boas vibrações circulando na atmosfera das canções e eles não estão preocupados em fazer o disco do ano ou algo do tipo, pelo contrário a vibração aqui é de amizade, são quatro amigos se divertindo em estúdio, esbanjando energia e vitalidade.
O tempo passa, você envelhece, amadurece e isso não difere com eles. Aqui você não vai encontrar grandes sucessos mainstream como as faixas “Californication” ou “By The Way”. Os Peppers estão mais para uma Jam-band, explorando suas raízes do Funk com muito humor, lirismo e surrealidade. Na verdade, eles soam como eles mesmos. Não existe nada de novo e tá! Tudo ok. Rick Rubin produtor e colaborador de longa data da banda, também está de volta após ser trocado por Danger Mouse no último álbum ‘The Getaway’ de 2016. Isso pode até ser definido como um reencontro familiar.
Ao longo da audição do disco você vai se deparar com marcas registradas da banda como o baixo pulsante e saltador de Flea, batidas cintilantes e climáticas de Chad Smith, rimas grudentas dos vocais de Kiedis e os solos de guitarra de Frusciante que externa sempre bons momentos ao ouvi-lo tocar.
“Black Summer” faixa que abre o disco é a mais próxima da atmosfera de canções como “Otherside” e vai agradar fãs dessa fase da banda. As outras canções restantes mergulham em um Funk climático e atmosférico, mesclando momentos mais, pop como a bonita e melódica “Not The One”. O sentimento de união e entrosamento entre eles deixa no ar aquela doce impressão de que Frusciante nunca foi embora, e não tem nada de errado em explorar sonoridades e acrescentar elementos.
Às vezes no decorrer do disco eles fazem isso na mesma faixa. É o caso de “These Are The Ways” uma música que começa climática e deságua em ritmos frenéticos e rangentes que em certos momentos lembram o Foo Fighters, e logo volta depois para calmaria, alternando muito bem esses momentos.
“The Heavy Wing” soa edificante e atmosférica. Pode ser um dos grandes destaques do disco dentro da proposta dos Red Hot Chili Peppers. Se você preferir um balanço imediato volte para faixa “She’s Lover” que apresenta uma jam crocante e dançante que mistura elementos da música eletrônica com bons solos de guitarra vindos de Frusciante.
O segredo é não, esperar algo grandioso e revolucionário, a experiência pode funcionar bem melhor! Preste atenção na faixa “Whatchu Thinkin” onde a familiaridade entre eles se encaixa em um groove criativo e entrosado. São quase 40 anos na estrada e eles ainda se divertem ao fazer música de maneira espontânea. 'Unlimited Love' pode não ser a primeira coisa que vai surgir na sua mente quando lembrar dos icônicos Peppers em algum momento da sua vida, mas você certamente vai ficar feliz por ele existir.
Ficha Técnica:
'Unlimited Love'
Red Hot Chili Peppers
Data de lançamento: 1 de abril de 2022
Para quem gosta de: Foo Fighters e Audioslave
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