Por sorte o filme não é tão longo e tem um final que tenta até surpreender o espectador

Filmes com labirintos, por si só, atraem a curiosidade do espectador. A sensação de claustrofobia, o medo de não encontrar uma saída, a aflição do personagem por cada corredor que atravessa. Se os produtores sabem fazer bom uso dessa construção enigmática, mesmo por forma simbólica, o filme pode garantir um sucesso e tanto, como foi no caso de O Labirinto do Fauno (2006) de Guillermo del Toro.
O diretor Mitesh Kumar Patel não foi feliz ao trazer a ideia de uma casa com labirintos em Uma Casa Sem Saída (Woman In The Maze, 2023). Embora possua um início promissor trazendo um clichê conhecido do gênero (mulher que aluga uma casa para passar uns dias sozinha num lugar repleto de histórias assombradas), o filme desmorona logo após sua metade, sobretudo quando o suposto labirinto da casa sequer assusta o espectador.
Gabbi Reynolds (Meredith VanCuyk) chega em Jerome para tratar de assuntos de trabalho. O próprio filme diz no início que o filme é baseado na maior cidade fantasma da América, neste caso, Jerome. Até então a mulher não encontra problemas e faz seu serviço tranquilamente recebendo a ajuda de Owen Bannister (Joey Heyworth), um morador da região.
Entretanto, Gabbi começa a receber alguns avisos para sair o quanto antes da cidade. Em meio a visões (dentro e fora da casa) e pesadelos, ela não se importa tanto e precisa apenas de mais um dia para terminar seu trabalho. Além disso, Owen lhe conta várias histórias sobre algumas mortes na região, a maioria envolvendo mulheres.
A trama envolvendo lendas locais, uma cidade enigmática sem muitas atrações e uma casa que a princípio parece esconder seus piores mistérios prende a atenção do espectador. Porém, quando Gabbi começa a passar por seu verdadeiro tormento, o filme se perde, parece ser afobado retirando a atmosfera de suspense que ele havia gerado.
Se você esperava pelo labirinto, é o momento que ele surge. Mas não espere um clima de claustrofobia e de aflição. Em alguns momentos chega até a ser esquecível e monótono. O filme também conta o passado da casa e alega os motivos de tudo estar acontecendo. Apesar do Cinema muitas vezes legar suas ideias mais impossíveis e inverossímeis, aqui não desce muito bem os motivos que a casa tem para exercer sua cruel intenção.

As atuações são fracas. Os efeitos são, em sua maioria, fracos (a ideia de mostrar a casa por fora se dilatando para simbolizar suas mudanças internas foi horrível, convenhamos). Alguns personagens que surgem também não ajudam no filme, inclusive, chegam a tirar o clímax da narrativa com diálogos desnecessários e enfadonhos (por que nesses filmes policiais não resolvem nada, são arrogantes e estão ali só para aumentar o número de vítimas?).
Muitas cenas apresentam sequências mal feitas tirando o impacto de momentos cruciais e importantes para o espectador entender melhor os fatos. De qualquer forma, algumas situações não se encaixam e muito menos são explicadas na trama.
Por sorte o filme não é tão longo e tem um final que tenta até surpreender o espectador. Se você espera um Terror de roer as unhas, esqueça. Se você deseja um Suspense que cresce de ritmo, também ficará desiludido.
Engraçado que logo no início, Gabbi assiste ao filme O Iluminado (1980) exatamente na cena memorável no labirinto do jardim. Pois então, mesmo com essa referência magnífica o filme acaba não sendo bom. Ao menos ainda temos a beleza de Meredith VanCuyk e alguns cenários externos bucólicos que não nos irritam por completo.

Uma Casa Sem Saída
(Woman In The Maze)
Ano: 2023
Gênero: Terror, Mistério
Direção: Mitesh Kumar Patel
Produção: Mitesh Kumar Patel
Elenco: Meredith VanCuyk, Joey Heyworth
País: Estados Unidos
NOTA DO CRÍTICO: 4,0
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