Um bom exemplo de como um blockbuster pode funcionar muito bem
Top Gun: Maverick é um bom exemplo de uma sequência que superou e conseguiu ser melhor que o filme original. O longa do diretor Joseph Kosinski, estrelado por um elenco estelar, incluindo nomes como Tom Cruise (Maverick), Miles Teller (Bradshaw) e Jennifer Connelly (Peny) conseguiu realizar a incrível façanha de criar algo ainda maior e subvertido em uma experiência de mergulho invertido em alta velocidade que passa uma ótima impressão de realidade. Isso é um dos detalhes que fazem Maverick prevalecer sobre seu antecessor com um estilo semelhante, porém, divertido e repleto de ótimas cenas de ação e voos pela imensidão do céu que resgatam aquela nostalgia da velha escola.
Após longos 30 anos como um dos principais aviadores da marinha, Mitchell (Tom Cruise) está de volta ao lugar que ele pertence, levando a vida como um corajoso e astuto piloto de testes evitando o avanço na classificação que o colocaria para fora daquilo que ele ama fazer. Uma nova missão lhe é designada, treinar um grupo de pilotos recém-formados em Top Gun para uma tarefa arriscada e perigosa onde nenhum piloto com vida jamais presenciou, Maverick encontra o tenente Bradley Bradshaw (Miles Teller), filho de seu falecido amigo “Goose”. Maverick se vê diante de seus medos mais profundos e ainda precisa lidar com os fantasmas do passado e conduzir da melhor maneira a estratégia dessa missão que exigirá sacrifícios daqueles que forem escolhidos para voar.
Uma boa história que une aventura e drama feita para jovens e não tão jovens assim. Maverick trouxe uma sequência que ganhou uma nova legião de admiradores e fãs. Um deleite de tecnologia e ação sem igual.
Uma coisa é certa, essa pode ser às duas horas mais divertidas e nostálgicas que você vai passar diante da tela do streaming (claro, se você não viu o filme no cinema), Top Gun: Maverick une grandiosamente o drama, a aventura e ação em tomadas sem cortes, tocadas diretamente, tornando o filme ainda mais real e emocionante. Tom Cruise que também atua como produtor, exige o máximo de si e sua equipe. E ele se coloca a disposição para que o diretor Kosinski desenvolva o seu melhor.
As cenas de voos foram verdadeiras, os atores voaram de verdade nos aviões F18, sentiram na própria pele a pressão e adrenalina, e isso foi transmitido fielmente para as telas causando aquela incrível sensação de que você deixou de ser um telespectador para se tornar um protagonista da narrativa; o longa-metragem te convida e acena para que você possa fazer parte do seu universo a cada instante no ar. O filme tem o cuidado de transmitir isso desde o início quando Maverick se lança no primeiro voo supersônico, visualmente uma das cenas mais bonitas e sonoramente os efeitos são impressionantemente deslumbrantes (se possível assista com caixas de som surround).
Outro grande acerto dessa nova sequência foi tirar o excesso de masculinidade exagerado do filme de 1986. A presença feminina na história ganha um olhar de igualdade muito bem caracterizado pela ótima atuação da jovem atriz Monica Barbaro no papel da Tenente Phoenix. Seus colegas de equipe a respeitam e sabem que ela é tão capaz quanto eles. por outro lado, Jennifer Connelly traz suavidade, alegria e sedução para a narrativa, ela conduz muito bem sua personagem. Foi uma enorme satisfação vê-la em um papel sorridente, trazendo nuances românticas para o filme.
Por outro lado, Milles Telles carrega a chave da boa condução do drama. Ele é o ponto central da busca de redenção de Maverick e, ao mesmo tempo, o peso de sua culpa, o reflexo das escolhas feitas por Mitchell ao longo dos anos que acabou adotando para si uma responsabilidade paterna por Bradlley. Tom Cruise sabe muito bem como conduzir os lances de ação e drama. Top Gun: Maverick pode até ser um fio condutor da carreira sólida que ele construiu no decorrer dos anos, desde que atuou como o jovem Maverick cheio de sonhos e planos no filme de 86, dirigido pelo saudoso cineasta Tony Scott, muito bem homenageado aqui.
Val kilmer que retornou para reprisar seu papel como Iceman protagoniza uma das cenas mais bonitas e emocionantes do filme. Uma linda homenagem ao ator que descobriu em 2015, um tumor na garganta o qual prejudicou sua dicção, o tirando das telas. A presença de Kilmer foi uma das exigências feitas por Tom Cruise para participar do projeto. Isso denota o cuidado e carinho com o velho rival e amigo do longa de 86. Iceman foi o principal rival de Maverick em Ases Indomáveis e depois se tornaram grandes amigos.
Esse elo de amizade, comprometimento e dedicação é fácil de ser identificado nas cenas de Top Gun: Maverick, o que ajuda a produção a se tornar impecável (exagerada em certos momentos, entretanto, nada que vai estragar ou diminuir o entretenimento do telespectador). Joseph Kosinski fornece ótimas sequências de ação claras e simplificadas o que torna sua obra em um espetáculo divertido em vez de obrigação.
De alguma forma, Cruise quando entra em ação com voos rasantes e manobras deslumbrantes pelo céu, se estabelece com sua marca registrada. Algo já visto em obras como a franquia Missão Impossível. O ator parece encontrar o seu lugar ao sol, ele faz parte daquilo que está em movimento, e esse encontro com o perigo será lembrado mais que o original, estabelecendo um novo conceito e padrão na era das reinicializações.
Tudo isso é fortalecido pela presencial e pontual trilha sonora do compositor Hans Zimmer ao lado da excelente Lady Gaga que entrega uma performance emocional em “Hold My Hand” que de alguma forma possui uma certa ligação com Ases Indomáveis de 86, se você já viu a produção, vai entender o sentindo o qual me refiro.
Top Gun: Maverick se consolida com o melhor que o cinema de sucesso pode ser, combinando incrivelmente entretenimento com sentimentos que deságuam em um feito emocionante fazendo jus a todos os recordes que o filme estabeleceu.
Top Gun: Maverick
Top Gun: Maverick
Ano de lançamento: 2022
País: EUA
Direção: Joseph Kosinski
Roteiro: Ehren Kruger, Christopher McQuarrie
Elenco: Tom Cruise, Miles Teller, Jennifer Connelly, Jon Hamm
Duração: 131 min
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