Mais de duas décadas depois, Is This It continua sendo uma referência incontestável
Lançado em 30 de julho de 2001, Is This It, o álbum de estreia do The Strokes, marcou uma virada no rock alternativo. Em uma época dominada por produções polidas e pelo auge do nu metal, o quinteto nova-iorquino trouxe um som cru e autêntico, inspirado pelo garage rock dos anos 70 e pelo punk, mas com uma sensibilidade que traçava uma certa modernidade autêntica. O disco não apenas deu início a uma nova era para o indie como também ajudou a redefinir o cenário da época, influenciando inúmeras bandas e movimentos que surgiriam nos anos seguintes.
Com produção refinada de Gordon Raphael, Is This It soa simples, mas carrega um charme atemporal. As músicas foram gravadas em uma atmosfera de espontaneidade, com vocais abafados e guitarras ritmadas que remetem diretamente à energia dos ensaios de garagem. Com isso, o Strokes pode muito bem ter chegado perto do que foi o Nirvana para os anos 90. Esse som direto e sem firulas fez com que o disco se destacasse.
Canções como “Last Nite”, com sua pegada dançante e refrão irresistível, daqueles que te dão vontade de sair pulando pela casa afora, e “Someday”, um hit melancólico, mas otimista, se tornaram clássicos instantâneos. Outra faixa essencial é “Hard to Explain”, com sua melodia intricada e letras enigmáticas, que sintetiza a genialidade de Julian Casablancas em contar histórias.
A estética do álbum era tão marcante quanto a sua música. Os integrantes adotaram um visual casual e despretensioso, que logo virou tendência entre os jovens: calças jeans skinny, camisetas básicas, jaquetas de couro e tênis surrados. O cabelo bagunçado e desgrenhado também se tornou sinônimo do estilo “cool sem esforço”, refletindo uma rebeldia moderna que conquistou fãs ao redor do mundo. Não era apenas música; o The Strokes apresentava uma maneira de ser e se comportar que ressoava com uma nova geração.
O revival do garage rock promovido pelo álbum foi crucial para o cenário alternativo do início do século XXI. O Strokes conseguiu capturar a essência do rock clássico de bandas como The Velvet Underground e Ramones, mas sem soar datado. Esse resgate influenciou diretamente o surgimento de outras bandas como The White Stripes, Arctic Monkeys e Franz Ferdinand, que também incorporaram o espírito do rock cru e melódico em seus próprios estilos.
O impacto cultural de Is This It foi igualmente significativo. Ele não apenas ajudou a moldar o som do indie nos anos 2000, mas também redefiniu o que era considerado “legal” no mainstream. As letras introspectivas de Casablancas abordavam temas como alienação, juventude e desilusão de forma direta e sincera, conectando-se profundamente com os ouvintes. O álbum também deu voz a uma geração que buscava autenticidade em um mundo onde a música estava cada vez mais comercial.
Além de hits como “Last Nite” e “Someday”, o álbum possui faixas mais introspectivas que merecem destaque. “The Modern Age” trouxe à tona a essência experimental da banda, enquanto “Take It or Leave It” encerra o disco com energia explosiva, quase como uma mensagem de protesto ao conformismo musical da época. Essas músicas reafirmam o equilíbrio perfeito que o The Strokes alcançou entre nostalgia e modernidade.
Visualmente, Is This It também ousou. A capa original do álbum, uma foto de uma mão enluvada sobre um quadril nu, gerou controvérsia e precisou ser alterada para o mercado americano. Esse detalhe, embora polêmico, reforça o caráter provocador e estilístico do Strokes. A atitude da banda era clara: eles estavam aqui para redefinir as regras do jogo, sem pedir permissão.
Mais de duas décadas depois, Is This It continua sendo uma referência incontestável. Ele não apenas marcou o início da carreira do Strokes, mas também provou que simplicidade e autenticidade têm poder. O álbum permanece um marco para fãs de música e para a história do rock, inspirando gerações com suas guitarras inesquecíveis, letras sinceras e uma atitude que ainda ecoa como um grito de liberdade e inovação
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