O álbum possui 16 faixas imperdíveis, aconchegantes e eletrizantes. Em todas elas Lauryn Hill e seus colaboradores proporcionam um trabalho letrista e sonoro impactante.
Não é nada comum, mas, por vezes, acontece de um artista ou banda que por mais que esteja em atividade, lance apenas um único álbum por inúmeros fatores e circunstâncias da vida. Isso já aconteceu com Sex Pistols quando lançaram o álbum “Never Mind The Bollocks” de 1977, New Radicals com “Maybe You'vê Been Brainwashed Too” de 1998, Jeff Buckley com “Grace” de 1994, Dennis Wilson com “Pacific Ocean Blue” de 1977 e Lauryn Hill com “The Miseducation of Lauryn Hill” de 1998, sendo que esse último se tornou um trabalho único e marcante para a música, trazendo uma sonoridade influenciadora e avassaladora.
'The Miseducation of Lauryn Hill' é o primeiro e único disco de estúdio da carreira solo da cantora estadunidense Lauryn Hill. Lançado em 25 de agosto de 1998, ele representa uma sonoridade que mistura elementos do R&B, Rap, Hip Hop, Reggae e Soul, tornando sua audição extremamente agradável. Além disso, há fortes elementos que cravam as influências da cantora, como Stevie Wonder e Aretha Franklin. Hill absorveu seus aprendizados da época do The Fugees e posteriormente como mãe. O disco é carregado de sentimentos e reflexões sobre o mundo em que vivemos.
Sob influência de Rohan Marley (filho do lendário músico Bob Marley), que na época tinha um relacionamento amoroso com a artista, as gravações do disco rolaram em Nova York e acabou sendo finalizado na Jamaica. Como resultado, isso acabou ressoando na atmosfera das canções, tornando o trabalho eclético e lírico. O álbum possui 16 faixas imperdíveis e eletrizantes. Lauryn ainda contou com um time de colaboradores incríveis que somaram par cada canção soar aconchegante e harmoniosa. Outro ponto crucial do disco são suas letras que casam perfeitamente com a sonoridade.
Entre versos pesados e suaves, Lauryn consegue transitar entre eles com uma proeza vocal que lhe permitia ser sua própria cantora.
O disco abre com uma intro de 47 segundos com sons de crianças em sala de aula e logo um professor começa uma chamada até que em seguida Hill entra cantando o single "Lost Ones". A cantora apresenta uma canção forte, que, apesar de não ser direcionada para Wyclef Jean, ex-colega no The Fugees e também seu ex-namorado, é entendida como dedicada a ele. A letra marcante disserta sobre um relacionamento conturbado. A faixa possui uma levada contagiante impulsionado por um Reggae interessante.
"Ex-Factor" é uma canção de Soul bem elegante que fala sobre as dificuldades de amar uma pessoa que não está presente no relacionamento. Além disso, a composição também revela o sentimento de dor que surge quando se está longe da outra pessoa. “To Zion” é uma linda canção que Hill criou junto com o guitarrista mexicano Carlos Santana, que contém elementos de rock, pop e até fusion de forma elétrica. A letra é bonita e fala sobre maternidade e sucesso, sendo uma homenagem ao seu filho Zion, que havia nascido um ano antes, em 1997.
“Doo Wop (That Thing)" é um dos grandes hits da artista, que mostra a sua criatividade ao trazer um instrumental magnífico com samples bem feitos e uma letra impactante que diz para homens e mulheres tratarem seus relacionamentos com amor e respeito para constituírem vidas afetivas mais voltadas para boas atitudes. “Superstar" e "Final Hour" são canções poderosas cujas letras refletem sobre poder, fama e dinheiro em sonoridades eletrizantes que mostram vários instrumentos enquanto ouvimos batidas admiráveis que agregam muito ao repertório do disco.
"I Used To Love Him" traz um belíssimo dueto com a excelente cantora Mary J. Blige. Uma canção emocionante sobre amores que se vão. Às vezes é preciso estar do lado de fora para enxergar que aquilo não estava de fazendo bem. “Everything is Everything” aposta na atmosfera do R&B e acerta em cheio. A faixa retrata as enormes dificuldades encontradas pelos jovens, principalmente, para os que se encontram em camadas sociais mais pobres da sociedade, quase sempre abandonados pelo sistema e governos. Mas a canção joga gotas de esperança e positividade, sempre irá existir uma luz na escuridão.
'The Miseducation of Lauryn Hill' é um trabalho esplêndido de uma artista que apresenta seu lado eclético e letras que abordam temas românticos e sociais embasados por uma paisagem sonora acolhedora, atemporal e intimista. Hill se entregou por completo no único disco solo de sua carreira. E não tem nada de errado nisso. Algumas obras são abençoadas com a virtude do tempo e soam atuais e impactantes, independente dos efeitos dos anos.
The Miseducation of Lauryn Hill
Lauryn Hill
Lançamento: 25 de agosto de 1998
Gênero: Neo Soul, R&B, Hip Hop, Soul
Ouça: "Ex-Factor", "To Zion", “Doo Wop (That Thing)” "Everything is Everything".
Humor: Sex, Provocante, atemporal
Комментарии