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Foto do escritorTiago Meneses

The Decemberists, De As It Ever Was, So It Will Be Again, mesmo irregular, cada faixa contribui de alguma forma para a experiência geral

Atualizado: 26 de jul.

O nono disco da banda reflete sua habilidade em criar boas narrativas e melodias cativantes, com méritos inegáveis

The Decemberists
Foto: Holly Andres


The Decemberists é uma banda de indie rock formada em 2000 em Portland, Oregon. É conhecida por seu estilo único que combina elementos de folk, rock e música barroca, criando assim um som distintivo que acaba atraindo amantes de vários gêneros musicais diferentes. Suas músicas, muitas vezes trazem uma variedade de instrumentos, sendo essa variedade instrumental o que contribui para a riqueza sonora da banda, criando paisagens sônicas detalhadas e atmosféricas que se destacam no cenário indie rock. A combinação de instrumentos como acordeão, violino, piano e mandolin com guitarras, violão, baixo e percussão resulta em uma bela fusão de folk, rock e música barroca.


Ao longo dos seus mais de 20 anos de carreira, a banda tem influenciado uma geração de músicos indie e continuam a ser admirados por suas peculiaridades e habilidade de contar histórias através da música. Seu impacto pode ser visto na proliferação de bandas que combinam narrativa detalhada com uma variedade de influências musicais, incorporando elementos de folk, rock e outras tradições musicais em suas composições, sempre explorando novos territórios sonoros e temáticos.


As It Ever Was, So It Will Be Again, nono disco de estúdio da banda, possui seus méritos inegáveis, refletindo suas habilidades características em tecer boas narrativas e melodias cativantes. No entanto, o disco é irregular, com seus momentos mais inspirados ressoando profundamente com o ouvinte por meio de atmosferas envolventes. Por outro lado, há momentos que infelizmente soam mais apáticos e sem muita energia, falhando em manter o nível de envolvimento e entusiasmo. Essa variação resulta em uma experiência prejudicada – ainda que não muita exatamente - pela falta de consistência. Vou citar as faixas que consideram os destaques do álbum.



Burial Ground, inicia o disco por meio de uma letra melancólica que contrasta com a sua atmosfera alegre e contagiante e fortemente influenciada pelas sonoridades vibrantes dos anos 60. Existe uma clara evocação a um sentimento nostálgico que tem a capacidade de levar o ouvinte para uma época de melodias simples. The Reapers carrega uma forte influência da música country americana, com uma sonoridade que remete às raízes do gênero, ainda que a banda não deixe de acrescentar seu tom de modernidade, enquanto usam uma constante imagem dos “ceifeiros” simbolizando a morte e a inevitabilidade do fim.


Long White Veil preserva a vibrante influência do country que permeia boa parte do disco, mantendo sua essência através de uma instrumentação rica e autêntica, mergulhando em uma aura de melancolia e introspecção, com uma letra que evoca uma profunda sensação de tristeza e frustração pela perda.  Don't Go to the Woods, apesar de também entregar uma linha country, desta vez soa bastante sombria e gótica, ao mesmo tempo em que liricamente alerta sobre os perigos iminentes e violência que são associados à floresta, adicionando à peça um enorme senso de real ameaça e perigo.


Black Maria é outra faixa que entrega uma sonoridade de clima taciturno e que é tecido por uma tapeçaria sonora densa e melancólica e de atmosfera fatalista. Isso sob uma narrativa que reforça ainda mais esse cenário criado pelos arranjos, sugerindo que a morte é um destino universal e inescapável, evocando imagens de fragilidade e mortalidade. America Made Me entrega um clima bastante otimista, amplificado pelo uso acentuado de metais que infundem à faixa com energia vibrante e entusiasmo, além de uma atmosfera envolvente quase celebratória, sendo uma justaposição de som animado e letra introspectiva cheia de tensão intrigante entre aceitação e resistência.


Joan in the Garden, faixa de encerramento do disco, com mais de 19 minutos de duração, imediatamente se destaca como a peça central do álbum. Sua introdução suave que se estende por mais de seis minutos é carregada de paixão e apresenta uma melodia belíssima, acompanhada por vocais principais e backing vocals encantadores. Então a música explode em uma sonoridade vigorosa, onde guitarras distorcidas dominam a paisagem sonora antes de silenciar novamente e transitar para uma direção psicodélica que perdura até quase os 16 minutos, quando a música atinge o seu clímax, se tornando de longe a parte mais pesada do disco. Tudo isso amarrado por uma letra repleta de simbolismos e temáticas espirituais que abordam conceitos como transformação e renascimento.



Como já mencionado, o disco pode parecer um tanto irregular em alguns momentos, apresentando uma variedade de altos e baixos. No entanto, não há nada verdadeiramente descartável, cada faixa contribui de alguma forma para a experiência geral. Além disso, a peça de encerramento, com sua magnitude e complexidade, é um destaque por si só e oferece uma razão sólida para escutar As It Ever Was, So It Will Be Again na íntegra, entregando uma conclusão memorável pro disco e que pode compensar qualquer irregularidade ao longo do caminho e justificar o investimento total na audição do álbum.

 

As It Ever Was, So It Will Be Again

The Decemberists


Ano: 2024

Gênero: Folk Rock, Indie Folk

Ouça: "Burial Ground", "Don't Go to the Woods", "Joan in the Garden"

Pra quem curte: Death Cab for Cutie, Okkervil River, The Shins


 

NOTA DO CRÍTICO: 7,0

 

Ouça, "Don't Go to the Woods"


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