Terceira temporada de Yellowjackets faz do trauma sua engrenagem maior para seguir adiante
- Eduardo Salvalaio
- há 6 dias
- 4 min de leitura
TEXTO COM SPOILERS!

Considerações sobre a terceira temporada de Yellowjackets. Atenção, contém SPOILERS.
Yellowjackets fecha mais uma temporada sem muitos mistérios para entregar daqui em diante. Convenhamos que os dez episódios vistos na temporada entregaram um aspecto muito mais humano e real que sobrenatural e assustador. Foi preciso trabalhar com sentimentos como trauma para explicar muito do que vimos até agora.
Personagens ainda remoídos pelos eventos traumáticos e conturbados que enfrentaram, memórias que persistem em atormentar no presente. Estamos frente a mulheres que precisam deixar o passado dentro do próprio passado (como mesmo sugeriu a Taissa adulta).
A série continuou trazendo sua maior característica: trabalhar com dois planos temporais. Entretanto, foi com o tempo das personagens adultas que a narrativa acabou sendo melhor. Até porque, mesmo com a entrada de novos personagens na floresta, essa passagem situada nos 90’s ficou dando volta em si própria, por vezes até sem criatividade. A repetitiva convicção de Lottie de que a floresta quer que as garotas permaneçam ali, digamos, foi uma chatice durante a temporada.
Há muito para dizer sobre o tempo da vida adulta. Mas seremos breves, com aspectos importantes. Ainda impactadas com a morte de Nat no final da segunda temporada, as personagens seguiram adiante, cada uma com sua forma de preservar o luto. Porém, nota-se que foi Misty quem sentiu bastante a perda da amiga. E sim, novamente a amizade esteva abalada entre as sobreviventes, chegando ao ponto de Shauna desconfiar que Misty queria matá-la em várias oportunidades.
A série teve alguns momentos fracos, é preciso dizer. Por exemplo, aquele onde Shauna, Misty e Walter entram no apartamento do pai de Lottie para procurar por pistas de sua morte. Citando Walter, convenhamos que o personagem esteve apagado nessa temporada e muita coisa sobre ele ainda é uma incógnita. Mas será que ele será tão importante para a próxima temporada?
Em contrapartida, a série deu mais atenção a personagens como Callie e Jeff (lembrando, a filha e o marido de Shauna). Episódios envolvendo a dupla trouxeram emoções extras, além de entregar algumas revelações que deixaram brechas da temporada anterior e de explicar alguns acontecimentos dessa temporada.
Algumas ideias e percepções que tivemos sobre Shauna talvez estivessem erradas, pois agora, percebemos que muito mais das características e do passado da personagem foram revelados. E o que dizer do encontro dela com Melissa adulta? Bem brutal. Hillary Swank e Melanie Lynskey em atuações gigantes.
No tempo da adolescência, não faltou o costumeiro canibalismo de sempre. Também tivemos visões, pesadelos, alucinações. Uma pessoa sinistra sem olhos que amedronta as garotas, sobretudo Taissa. Tudo contribuiu para um aspecto mais sobrenatural do que essencial para a narrativa. Teve até orgia de sapos! Imagina!. E o treinador Ben? Mesmo passando por um tribunal feito pelas próprias garotas e recebendo o apoio jurídico da inteligente Misty, o coitado não fugiu da incompreensão e da revolta das garotas.

As garotas tiveram a oportunidade de sair dali. Mas, em meio a uma organização dividida ,fragmentada e abalada, Shauna e Lottie optaram por ficar. Dessa forma, manipularam quem desejava sair da floresta. O ato acabou levando a mais uma caçada fatídica. Com essa passagem, está resolvido o mistério que consistia em saber qual garota havia caído na armadilha mortal e quem ocupava o ‘cargo’ de Antler Queen (que nós vimos lá desde a primeira temporada).
Se existe alguma série que não podemos nos apegar com algum personagem, essa série é Yellowjackets. Não sabemos quanto tempo alguns permanecerão vivos. Essa temporada então, não poupou suas vítimas. Mari, Lottie e Ben. Van também nos deixou numa cena muito comovente tendo a linda canção 'Exit Music (For A Film)' do Radiohead ao fundo.
A trilha sonora continua conquistando. Numa série que reúne tensão, mistérios, mortes, crises existenciais e memórias que retornam, nada melhor que ter um arsenal variado de canções que combinam com diversas situações, inclusive algumas que trazem aquele sabor nostálgico 90’s. Tivemos Pj Harvey (‘Rid Of Me’), Bush (‘Glycerine’), Supergrass (‘Alright’), Cocteau Twins (‘Blood Bitch’), Oasis (‘Wonderwall’), Fiona Apple (‘Criminal’), entre outras.
A série tem fôlego para a próxima temporada? Sim. Mesmo que o final da terceira temporada coloque no espectador a certeza de que agora as garotas voltarão para suas casas, as perguntas continuam.
Melissa aparecerá novamente na trama? Como será o comportamento de Shauna diante de Jeff e de Callie? Pela lógica, Hanna praticamente foi morta na floresta, então, ainda há uma boa parte pra acontecer durante a passagem ocorrida nos 90’s. Também não sabemos exatamente se outras garotas conseguiram ir embora, a exemplo de Akilah, Robyn e Gen.
Melhores partes:
- O encontro explosivo de Shauna e Melissa na vida adulta.
- O cruel pesadelo (ou seria uma visão?) que acontece após as garotas entrarem na gruta secreta (onde Ben se escondia). O Homem Sem Olhos é assustador, concordam?
- A euforia de Nat dando gritos ao conseguir manter contato com pessoas fora da floresta.
- A trilha sonora sempre impecável e variada.
- A sintonia entre Jeff e Callie garantindo até algumas cenas mais descontraídas na temporada.

Yellowjackets
(3ª Temporada)
Ano: 2025
Gênero: Drama, Mistério, Terror
Direção: Anya Adams, Bart Nickerson, Ben Semanoff, Billie Woodruff, Jeffrey W. Byrd
Roteiro: Ashley Lyle, Bart Nickerson
País: Estados Unidos
Trailer:
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