Hoje e sempre, a música brasileira canta no feminino

No palco, na canção, na resistência. A música brasileira tem alma de mulher. E se hoje celebramos o Dia Internacional das Mulheres, é impossível não lembrar da força de vozes que mudaram tudo—no som, na cultura, na história do país. Elas foram muito além da melodia: quebraram barreiras, desafiaram censuras, abriram caminhos e eternizaram sentimentos.
Sete nomes são pouco para dar conta da grandiosidade feminina na MPB, mas estas sete artistas não só marcaram época como transformaram todo um contexto.
Carmen Miranda – A brasileira que encantou o mundo

Antes de qualquer coisa, Carmen Miranda foi uma revolução ambulante. Nos anos 1930, quando a música popular começava a ganhar identidade própria, ela foi a primeira popstar brasileira, levando o samba além das fronteiras e se tornando uma das artistas mais famosas do planeta. Num tempo em que a mulher ainda lutava para ter voz, ela cantava alto, dançava, ria e construía um Brasil imaginado pelo mundo.
Mas Carmen era real, gigante e inesquecível.
2 Elis Regina – A força e o fogo da MPB

Elis não cantava, explodia. Sua interpretação era um soco, uma avalanche de sentimentos que levava qualquer um junto. Se havia uma canção difícil, Elis dominava. Se havia um silêncio, ela preenchia. No auge da ditadura, sua voz era um eco de coragem, e sua entrega absoluta mudou para sempre a forma de interpretar no Brasil.
Elis não apenas cantava música, ela era a própria música.
Gal Costa – A voz que libertou uma geração

Nos anos 1960, quando o Brasil se dividia entre conservadorismo e revolução, Gal Costa foi liberdade em estado puro. Sua voz era doce e incendiária, sutil e explosiva. Parceira de Caetano Veloso e Gilberto Gil, foi peça fundamental no tropicalismo, um dos maiores movimentos culturais da história do Brasil.
Gal desafiou os padrões, flertou com o experimental e se manteve gigante até o fim.
Maria Bethânia – A intérprete que virou lenda

Se Elis era fogo, Bethânia era tempestade. Intensa, profunda, teatral. Com sua voz densa e cortante, trouxe um jeito único de cantar, declamar e interpretar, tornando cada música um espetáculo. Foi a primeira mulher a vender mais de 1 milhão de discos no Brasil, mas seu maior feito foi emocionar gerações.
Bethânia não apenas canta, ela hipnotiza.
Rita Lee – A rainha do rock, da rebeldia e da liberdade

Em um país de MPB e samba, Rita Lee gritou rock’n’roll. Fez parte dos Mutantes, revolucionou o som psicodélico e, quando foi expulsa da própria banda, reinventou-se como um dos maiores nomes da música brasileira. Com letras cheias de ironia e liberdade, Rita foi transgressora, feminista e debochada.
Cantou o amor, o prazer, o inconformismo e se tornou eterna em sua irreverência.
Clara Nunes – A mulher que abriu as portas do samba

Até os anos 1970, o samba era dominado por homens. Foi Clara Nunes quem rompeu essa barreira. A primeira mulher a vender mais de 100 mil discos de samba, ela cantou a fé, o povo, o Brasil profundo. Elevou o gênero a um patamar inédito, ajudou a dar rosto e voz ao samba feminino.
E até hoje, sua voz parece vinda de um lugar mágico.
Marisa Monte – A artista que reinventou a MPB

Se os anos 1980 pareciam perder o brilho da MPB clássica, Marisa Monte trouxe o frescor da sofisticação e da genialidade. Uniu o popular ao refinado, o antigo ao novo, e se tornou um dos maiores nomes da música brasileira. Com sua voz cristalina e produção impecável, ela não apenas fez sucesso – ela criou um novo jeito de fazer música no Brasil.
A música brasileira é mulher
Se há algo em comum entre essas sete gigantes, é que todas foram além da própria voz. Elas transformaram contextos, desafiaram estruturas e eternizaram seus nomes em nossa história. Mas a lista não acaba aqui. Alcione, Iza, Elza Soares, Cássia Eller, Nara Leão, Dona Ivone Lara… A música brasileira é feita de mulheres que brilham, resistem e encantam.
Hoje e sempre, a música brasileira canta no feminino.
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