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Seis vozes, seis mundos: mulheres que moldaram (e moldam) a música brasileira

Atualizado: há 14 horas

Aqui, celebramos seis artistas fundamentais — de Dolores Duran a Mahmundi— que atravessam o tempo com coragem, beleza e invenção

Marina Lima
Imagem: Candé Salles/ Divulgação

Na vastidão da música brasileira, o protagonismo feminino sempre foi força vital — ainda que, tantas vezes, relegado aos bastidores ou abafado por estruturas dominadas por homens. Mas as vozes dessas mulheres resistiram, criaram, transformaram e reinventaram o Brasil em melodia, ritmo e palavra.



Cada uma à sua maneira, de gerações e estéticas distintas, ampliou os limites do que se entende por música brasileira. Aqui, celebramos seis artistas fundamentais — de Dolores Duran a Mahmundi— que atravessam o tempo com coragem, beleza e invenção. Essa é uma homenagem viva às que abrem caminho com som, alma e presença.


  1. Dolores Duran - A dor que virou poesia no rádio

Dolores Duran
Imagem: Reprodução

Dolores Duran foi uma das maiores compositoras e intérpretes da era do rádio, dona de uma sensibilidade rara e de uma poesia que rasga o peito. Carioca, de origem humilde, começou ainda criança em programas de calouros, mas foi nos anos 1950 que se consolidou como autora de clássicos como “A Noite do Meu Bem” e “Por Causa de Você”.


Com voz aveludada e uma melancolia à flor da pele, Dolores escreveu sobre amores difíceis, noites solitárias e saudades incuráveis. Viveu intensamente e partiu cedo, aos 29 anos, deixando um legado imenso. Sua obra influenciou gerações de cantoras e segue pulsando como crônica sentimental do Brasil.




  1. Elizeth Cardoso - A divina que fez história com elegância

Elizeth Cardoso
Imagem: Reprodução

A “Divina” Elizeth Cardoso foi uma das maiores vozes da música brasileira em todos os tempos. Dona de um timbre sofisticado, dicção impecável e interpretação refinada, ela brilhou desde os tempos do rádio até os grandes festivais. Em 1958, eternizou o marco inaugural da bossa nova ao gravar Canção do Amor Demais, com músicas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes — disco que apresentou ao mundo o violão revolucionário de João Gilberto. Mas Elizeth foi muito além da bossa: sua elegância atravessou o samba-canção, o choro, a MPB e até o samba de raiz. Uma mulher à frente do tempo, que cantava com alma e precisão.





  1. Elba Ramalho - A força telúrica do Nordeste no palco

 Elba Ramalho
Imagem: Reprodução

Elba é tempestade e poesia do sertão. Paraibana, nascida em uma família de músicos, levou o forró, o xote, o baião e o frevo para os grandes palcos do Brasil e do mundo com força, teatralidade e voz arrebatadora. Começou nos anos 1970 em parceria com Alceu Valença e Geraldo Azevedo, e ao longo das décadas, firmou uma carreira sólida, misturando tradição e invenção.


Elba é explosiva, carismática e símbolo de resistência nordestina na MPB. Cada show seu é um rito coletivo de alegria, memória e pertencimento.




  1. Marina Lima - O rock existencial que moldou uma geração

Marina Lima
(Marina Novelli/Divulgação)

Marina Lima é sinônimo de modernidade e sofisticação na música brasileira. Ícone dos anos 1980, ela deu voz a uma geração urbana, sensível e inquieta, com canções que misturam poesia, desejo, existencialismo e atitude. Seu timbre grave e único, aliado a parcerias com o irmão Antonio Cícero, rendeu clássicos como “Fullgás”, “À Francesa” e “Pessoa”.


Marina abriu caminhos para a presença feminina no pop-rock brasileiro com inteligência, sensualidade e ousadia. E nunca parou: segue ativa, pulsando contemporaneidade e reinvenção.




  1. Mahmundi - A mata que canta com beats e mistério

Foto: Divulgação/ Breno da Matta
Foto: Divulgação/ Breno da Matta

Mahmundi é uma das artistas mais singulares da nova cena brasileira. Seu som parece nascer da mata, do vento e da pele — uma fusão de orgânico e eletrônico que carrega ancestralidade, espiritualidade e sensualidade em doses iguais. Com voz hipnótica e beats que dialogam com o afrofuturismo, o dub e a MPB, Mah cria paisagens sonoras que são quase rituais.


É música para o corpo e para o transe, para dançar de olho fechado. Em um Brasil que pede renovação estética e de discurso, Mah surge como voz que canta o agora — e o que ainda está por vir.



  1. Karina Buhr - O grito feminista que vem do mangue

Karina Buhr
Imagem: Reprodução

Vinda do manguebeat, Karina Buhr é uma explosão de criatividade e contestação. Cantora, compositora, percussionista e atriz, ela deságua poesia e política em forma de som e presença. Seus discos, como Longe de Onde e Selvática, misturam rock, maracatu, pop e punk, sempre com letras afiadas, feministas e viscerais.


Karina transforma o palco em espaço de catarse e provocação. Uma artista que não se acomoda — ela rasga o silêncio com palavras e batuques.









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