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Foto do escritorEduardo Salvalaio

Sede Assassina traz o clima investigativo dos thrillers policiais, porém falta um acabamento melhor

Com uma trama trafegando entre cenas marcantes e outras um tanto arrastadas, alguns momentos salvam a película.

Foto: Diamond Films


Véspera de Ano-Novo em Baltimore. Todos estão excitados. Nas fachadas de prédios luxuosos, pessoas exaltam sua felicidade em banhos de piscina e muitas bebidas. De repente, uma sequência de tiros pode ser escutada e 29 pessoas são abatidas por um exímio atirador escondido. Com um começo bem agitado, ágil e chocante onde vidas não são poupadas, estamos diante do novo filme do mexicano Damián Szifron (Relatos Selvagens, 2014).


Não muito distante dali, Eleanor (Shailene Woodley), uma policial de rua, acaba sendo convocada para atender o brutal crime e socorrer os possíveis sobreviventes. O oculto atirador é exímio e não erra seus alvos, acertando todas as suas vítimas nos pontos vitais, porém explode o apartamento do prédio onde realizou os disparos, acionando toda uma varredura de policiais e do FBI no local.



Após esse trágico evento, o inspetor-chefe do FBI Lammark (Ben Mendelsohn) é acionado para fazer uma reunião imediata entre todos os encarregados de encontrar o assassino. Lammark é aquele profissional que gosta de discutir sobre o perfil dos criminosos e, para isso, fica deduzindo sobre possíveis pistas do atirador e da sua forma de agir.



É neste momento que Eleanor se torna próxima de Lammark, uma vez que a policial consegue traçar características do assassino, atraindo a atenção do inspetor-chefe. Depositando confiança na policial, Lammark passa a tê-la como braço direito para sair à busca do atirador.



Novamente estamos diante daquele velho dilema dos trillers policiais. A pressa em encontrar logo um suspeito e a burocracia de um sistema que não deixa espaço para o profissional tomar suas decisões. Caso de Lammark que, além de ser pressionado por seus superiores e por políticos, prefere agir com cautela e paciência, diferente de outros colegas profissionais do FBI (que acabam encontrando suspeitos errado).

Esse filme não é tão indicado para o espectador que espera encontrar muita ação frenética. Com duas horas de duração, a trama se sustentará bastante na aproximação de Eleanor e Lammark. Inúmeros diálogos entre ambos preenchem a narrativa. Conversas que tratam desde sobre fatos do passado até perfis de assassinos e terroristas.


Entre ambos, existe até uma relação mais paternal do que profissional que surge gradativamente. É exatamente quando a película tenta seguir para o lado dramático ao mostrar uma policial observadora e inteligente que, no passado, não se encaixou em outros cargos por conta de seu gênio impulsivo e índole subversiva. Lammark tenta entendê-la e abre esse espaço para Eleanor.



O drama aumenta quando o tempo vai se esgotando, mais mortes ocorrem e cargos podem ser perdidos por não satisfazerem pessoas autoritárias sentadas apenas em escritórios. É a hora que medidas mais extremas precisam ser adotadas. As pistas ficam mais próximas, os personagens apertam o cerco contra o verdadeiro suspeito que apenas é apresentado nos minutos finais.



Infelizmente, a parte do final não consegue trazer tanto impacto como foi o início. E geralmente, inclusive para finais de filmes desse gênero, é o momento do embate entre os personagens principais, mas aqui a trama recorre para algo melodramático, morno e que acaba não correspondendo aos intuitos do assassino.


Com uma trama trafegando entre cenas marcantes e outras um tanto arrastadas, alguns momentos salvam a película. A personagem de Shailene Woodley que foge dos estereótipos de algumas produções que ela já atuou (como a série de filmes Divergente), a forma como as pistas vão surgindo (mínimos detalhes que contam no final), a coragem e dedicação de Eleanor passando por cima de seus traumas, defeitos e dos regimes burocráticos.

Outra técnica interessante é mudar a rotação da câmera quando Eleanor está bastante emocionada (exemplo é quando ela surge nadando e a câmera deixa a cena de cabeça para baixo).


Szifron deve ter se inspirado em muitas produções como Seven – Os Sete Pecados Capitais (1995), O Colecionador de Ossos (1999) e True Detective (2014). Embora não tenha conseguido fazer com que Sede Assassina tenha o mesmo poder catártico de suas possíveis influências, importante é tentar resgatar a essência dos thrillers policiais para as telas, embora faça isso com o tempo e por meio de sua maturidade.

 

Sede Assassina

To Catch a Killer


Ano: 2023

País: EUA

Direção: Damián Szifron

Roteiro: Jonathan Wakeham, Damián Szifron

Elenco: Ralph Ineson, Jovan Adepo, Ben Mendelsohn, Shailene Woodley

Duração: 119 min


 

NOTA DO CRÍTICO: 6,5

 

Onde ver:

 

Trailer do filme:



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