O segundo disco da banda este ano, segue os caminhos traçados por 'Unlimited Love'
O Red Hot Chili Peppers vem seguindo uma linha produtiva um tanto prolífera, o quarteto da Califórnia lançou ontem (14 de outubro) seu segundo disco de inéditas este ano, intitulado ‘Return of the Dream Canteen’. Seguindo as características de ‘Unlimited Love’, o grupo segue com a preferência por discos mais extensos e longos. O novo trabalho conta com dezessete faixas e 1h 15 minutos de duração.
Os Peppers transmitem uma certa liberdade, soam mais soltos e confortáveis com o som que estão fazendo, chegam até a desbravar novos horizontes em sua sonoridade, mas, optam por não arriscar tanto ao explorar novos caminhos e acabam enterrando o experimentalismo em nuances batidas da banda. Portanto, uma coisa é preciso elencar nesse novo trabalho do grupo, a energia e vitalidade da banda parece ter encontrado a fonte da juventude com o retorno do guitarrista John Frusciante.
O quarteto lançou este ano dois álbuns duplos com a produção de Rick Rubin. Para muitos ‘Return of the Dream Canteen’ vai soar como a continuação de ‘Unlimited Love’, mas, na verdade, os dois discos deste ano é tudo aquilo que eles são e sempre foram. Flea, Kiedis, Chad e John tentam resgatar uma sonoridade dos álbuns do início de carreira e Rubin é uma peça chave para isso.
A faixa que abre esse novo e extenso trabalho é “Tippa My Tongue”, uma música que começa com uma pegada no pop-punk que lembra Blink-182, e logo deságua nas camadas do funk, acid trip. Avançando no disco encontramos a convencida e catártica “Bag of Grins” que defende a semelhança com o disco anterior com a ajuda da melodiosa e repleta de riffs “Reach Out”, Kiedis continua com seus vocais agudos e líricos, enquanto o restante dos Peppers se divertem entre uma faixa e outra. A harmonia e química entre eles parece ter ganho novas conexões e ampliado o espaço de amizade entre os quatro.
Em ‘Unlimited Love’ existia uma conexão familiar rodando as faixas, que agora parece ter encontrado o equilíbrio, eles não estão preocupados em fazer um disco revolucionário ou algo do tipo, a pegada é outra, a banda se encontra em uma sintonia leve e solta, e John está em casa novamente. Ele parece sentir isso ao abrir a faixa “Carry Me Home” com riffs grudentos e melódicos que conversam abertamente com a voz de Anthony Kiedis, de longe a faixa carrega algumas semelhanças com Black Sabbath.
“In The Snow” faixa que encerra o disco, encontra um misto de versos poéticos que mergulham em um rock alternativo atmosférico com uma pegada no pós-punk. Uma faixa que deixa a entender que a fuga do Red Hot Chili Peppers enquanto Kiedis canta sobre “verificar seu estúpido telefone” está na amizade e no peso dos acontecimentos do mundo. Um peso que parece sumir na dançante e suave “Peace and Love”, que caminha lentamente e adocicada enquanto os Peppers tentam pregar “paz e amor” ao redor do mundo. Eles seguem fazendo o seu melhor com o que sabem de melhor para oferecer alegria, seja por ritmos ou guitarras jangly.
A faixa “Eddie” é uma bela homenagem a Eddie Van Halen, que pega emprestado a emblemática introdução de “By The Way”. Fora isso, ‘Return of the Dream Canteen’ está recheado de camadas e vertentes dos anos 70 e 80, como o seriado da BBC Fawlty Towers.
Sonoramente e esteticamente, o novo trabalho do Red Hot Chili Peppers trafega por um caminho similar ao de ‘Unlimited Love’, passando pelos versos poéticos de sempre de Kiedis, os riffs grudentos de Frusciante, o baixo pulsante de Flea e o peso de Chad. Entretanto, eles permanecem sendo a mesma banda com, ‘Return of the Dream Canteen’, oferecendo aquilo que eles sabem de melhor.
'Return of the Dream Canteen'
Red Hot Chili Peppers
Lançamento: 14 de outubro de 2022
Gênero: Rock Alternativo, Funk Rock, Indie Pop
Ouça: "Eddie" "Carry Me Home" e "In The Snow"
Humor: Solto, Confiante, Saltitante
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