Radiohead: Cinco discos inovadores e influentes
- Marcello Almeida
- 30 de dez. de 2024
- 3 min de leitura
São discos que captam perfeitamente essa força artística da banda de se reinventar

O Radiohead é uma das bandas mais influentes e inovadoras da história da música moderna, nascida em um momento de transição na cena alternativa do início dos anos 90. Formada em 1985, em Oxfordshire, Inglaterra, pelos amigos Thom Yorke (vocal e guitarra), Jonny Greenwood (guitarra e teclado), Colin Greenwood (baixo), Ed O’Brien (guitarra e backing vocals) e Phil Selway (bateria), a banda inicialmente se chamava On A Friday, em referência ao dia em que ensaiavam. Em 1991, ao assinarem contrato com a gravadora EMI, adotaram o nome Radiohead, inspirado na música “Radio Head” dos Talking Heads.
Quando o grunge liderado por Nirvana e Pearl Jam dominava o cenário musical, o Radiohead lançou seu single de estreia, “Creep” (1992), que rapidamente se tornou um hino de alienação e insegurança. Embora o sucesso global do hit tenha feito a banda ganhar notoriedade, eles temiam ser reduzidos a “one-hit wonders”. Essa insatisfação criativa os impulsionou a buscar algo mais profundo, resultando em álbuns que redefiniram o rock alternativo.
O Radiohead se destacou por sua evolução contínua, nunca se acomodando em uma fórmula. Combinando guitarras melódicas, letras existencialistas e, mais tarde, elementos eletrônicos e do jazz, eles desafiaram constantemente as expectativas. Essa inquietação criativa os posicionou como inovadores do gênero, influenciando gerações de músicos e moldando a cultura pop com uma discografia visionária.
Agora, vamos aos cinco melhores álbuns do Radiohead, cada um marcando um momento crucial dessa jornada.
1. OK Computer (1997)

O ápice da era do rock alternativo
Considerado um divisor de águas, “OK Computer” levou o Radiohead ao status de lenda. Combinando letras existencialistas e introspectivas com arranjos complexos, o álbum é uma crítica ao avanço desumanizante da tecnologia e à alienação moderna. Músicas como “Paranoid Android”, “Let Down” e “No Surprises” são inesquecíveis, equilibrando melancolia e beleza.
Impacto cultural:
Foi a obra que definiu o final dos anos 90, capturando os medos e ansiedades de uma era em transição para o novo milênio. Com esse álbum, o Radiohead foi comparado a gigantes como Pink Floyd, solidificando sua relevância artística.
2. Kid A (2000)

A revolução sonora
“Kid A” é o álbum que desafiou todas as expectativas. Abandonando o som baseado em guitarras, a banda mergulhou em texturas eletrônicas, jazz experimental e minimalismo. Canções como “Everything In Its Right Place”, “Idioteque” e “How to Disappear Completely” criaram uma atmosfera etérea, quase alienígena, capturando o espírito distópico do início do século XXI.
Impacto cultural:
Embora inicialmente divisivo, “Kid A” foi aclamado como uma obra-prima e influenciou uma geração de artistas. Ele expandiu os limites do que o rock poderia ser, redefinindo o papel das bandas no novo milênio.
3. In Rainbows (2007)

A beleza na simplicidade
“In Rainbows” é uma obra emocional e sofisticada. Lançado com o modelo revolucionário “pague quanto quiser”, o álbum equilibra a melancolia e o calor humano, com faixas como “Nude”, “Reckoner” e “All I Need” mostrando uma banda no auge de sua maturidade artística.
Impacto cultural:
Além de ser musicalmente impecável, o lançamento inovador desafiou as convenções da indústria musical, tornando-se um marco na relação entre artistas e público na era digital.
4. The Bends (1995)

A explosão emocional
“The Bends” foi a resposta do Radiohead à pressão de seguir o sucesso de “Creep”. Combinando introspecção e riffs poderosos, o álbum trouxe clássicos como “Fake Plastic Trees”, “High and Dry” e “Street Spirit (Fade Out)”. Aqui, a banda mostrou sua habilidade em canalizar emoções complexas em músicas universalmente cativantes.
Impacto cultural:
Esse álbum pavimentou o caminho para “OK Computer”, provando que o Radiohead era mais do que apenas uma banda de hits. Ele ajudou a redefinir o rock alternativo, inspirando outros artistas a explorar temas mais profundos e sonoridades mais sofisticadas.
5. Amnesiac (2001)

O lado sombrio de Kid A
Gravado durante as mesmas sessões de “Kid A”, “Amnesiac” é frequentemente visto como seu “irmão sombrio”. O álbum mergulha ainda mais fundo no experimentalismo, com faixas como “Pyramid Song”, uma meditação sobre a vida e a morte, e “I Might Be Wrong”, que combina blues minimalista com eletrônica.
Impacto cultural:
Embora menos celebrado que “Kid A”, “Amnesiac” consolidou o Radiohead como mestres da desconstrução sonora. Ele mostrou que a banda não tinha medo de explorar territórios desconhecidos, mesmo arriscando alienar parte de seu público.
O Radiohead não é apenas uma banda, mas uma força artística em constante reinvenção. Sua jornada reflete as complexidades de uma era marcada pela transição tecnológica, pelas ansiedades modernas e pela busca incessante por autenticidade.
Esses cinco álbuns não apenas capturam os melhores momentos do Radiohead, mas também são testemunhos de como a arte pode transcender o tempo e ressoar em níveis profundamente humanos.
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