Quincy Jones, mais do que um músico ou produtor, um arquiteto da cultura pop moderna.
A influência de Quincy Jones atravessa gerações e fronteiras da cultura pop. Com uma carreira que abrange mais de 70 anos, ele não só moldou a música como a conhecemos, mas também deixou sua marca no cinema, na televisão e até na forma como os artistas contemporâneos percebem a indústria.
Nascido em 1933, em Chicago, Quincy Delight Jones Jr. encontrou no piano sua primeira "casa". Desde então, mergulhou no mundo da música, apresentando-se aos 14 anos ao lado de Ray Charles e, pouco depois, apoiando Billie Holiday, experiência que definiu como uma de suas memórias mais preciosas. Seu talento o levou a tocar ao lado de ícones como Elvis Presley e a trabalhar como diretor musical para o legendário jazzista Dizzy Gillespie. No final da década de 1950, Jones se firmou como produtor da Mercury Records, onde sua versatilidade se destacou, ajudando artistas a se adaptarem ao impacto do rock’n’roll.
Jones consolidou sua carreira não apenas na música, mas também nas trilhas sonoras de filmes e programas de TV. Ele foi um dos primeiros negros a trabalhar em projetos cinematográficos não focados em temas afro-americanos, quebrando barreiras raciais no entretenimento. Entre os trabalhos mais notáveis, estão as trilhas dos filmes In Cold Blood e The Italian Job, estabelecendo-se como um dos arranjadores mais requisitados e respeitados de sua época.
O auge de sua carreira musical viria com sua colaboração com Michael Jackson. Produzindo álbuns icônicos como Off The Wall (1979), Thriller (1982) — o disco mais vendido de todos os tempos — e Bad (1987), Jones ajudou a redefinir a música pop, somando uma trilogia de álbuns que vendeu mais de 130 milhões de cópias. Ele foi essencial na fusão de gêneros como disco, funk e R&B, garantindo seu lugar na história como um dos produtores mais inovadores do século XX.
Nos anos 90, fundou a produtora Quincy Jones Entertainment, responsável pela sitcom The Fresh Prince of Bel-Air, que impulsionou a carreira de Will Smith. Seu apoio ao rap também deixou um legado: artistas como 2Pac e Ludacris samplearam suas produções, reforçando sua influência no gênero. Mesmo com tanto sucesso, Jones enfrentou desafios pessoais, incluindo uma tentativa de suicídio após dívidas e um aneurisma cerebral em 1974.
Com 28 prêmios Grammy, Quincy Jones é o segundo maior vencedor da história da premiação. Ao longo dos anos, seu impacto ressoou através de colaborações com ícones da música, do jazz ao hip-hop, reafirmando sua versatilidade e paixão pela arte. Quincy Jones, mais do que um músico ou produtor, um arquiteto da cultura pop moderna, cujas "experiências quase inacreditáveis", como ele mesmo diz, moldaram gerações e continuarão a inspirar artistas pelo mundo.
Jones nos deixou no dia 3 de novembro, aos 91 anos, em sua casa em Bel Air, cercado pela família.
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