A série produzida pelo Investigation Discovery tem quatro episódios e foi disponibilizada no catálogo da Max nos Estados Unidos.
Atenção: Este texto apresenta menções a casos de abuso psicológico e assédio sexual infantil.
Nos anos 90 e 2010, enquanto os lares dos Estados Unidos foram invadidos por uma explosão de talentos mirins de séries produzidas pela Nickelodeon, os bastidores das mesmas eram de uma realidade terrível, na qual as estrelas desses programas sofriam todo o tipo de abuso.
Esta é a história contada pela nova série que tem gerado assunto nos últimos dias: 'Quiet On Set': The Dark Side Of Kids TV, fala sobre o lado sombrio dos bastidores de sucessos como 'Kenan & Kel', 'iCarly', 'Drake & Josh', 'Zoey 101', 'Victorious' e outras séries exibidas pela Nick.
Na série, alguns atores que fizeram parte dessas produções contam relatos aterrorizantes, como abuso psicológico, agressão verbal e até assédio e abuso sexual que ocorriam nos bastidores. No centro da polêmica, está o produtor Dan Schneider, responsável pelas séries exibidas pela Nick. Dan já havia sido exposto em 2018, quando se afastou da emissora e, agora, volta a ter seu nome mencionado em revelações ainda mais graves.
Com diversos depoimentos de artistas que passaram pelo canal nesse período e relatos de outros profissionais que viram muita coisa, as situações descritas são de chocar. Há depoimentos de comportamento tóxico e abusivo de Dan com os integrantes da equipe de gravações das séries, relatos de manipulação dos atores menores de idade, tentativas de suborno das testemunhas e até abuso sexual. Entre os atores que participaram da série documental estão Drake Bell (Drake & Josh), Alexa Nikolas (Zoey 101), Giovonnie Samuels (All That), entre outros.
Dan Schneider não é o único nome que aparece nessa trama macabra. O ex-assistente de produção, Jason Handy, chegou a ser preso e condenado por pedofilia. Na época em que trabalhava na emissora, ele teria abusado meninas menores de idade e foi preso em 2003. Em seu apartamento, a polícia encontrou imagens de pornografia infantil e um diário em que o profissional admite ser pedófilo.
Uma das estrelas mais comentadas após o lançamento do documentário foi o ator Drake Bell, que revela que foi vítima de abuso sexual por Brian Peck, treinador de diálogo de All That e The Amanda Show, e foi condenado por abuso sexual infantil em 2004.
Pela repercussão do documentário, a Nick fez uma declaração pública sobre o assunto, na qual seus representantes diziam estar "consternados e tristes ao saber do trauma que ele sofreu, e elogiamos e apoiamos a força necessária para avançar." Em seguida declaram que " Embora não possamos corroborar ou negar alegações de comportamentos de produções de décadas atrás, a Nickelodeon, por uma questão de política, investiga todas as reclamações formais como parte de nosso compromisso de promover um ambiente de trabalho seguro e profissional, livre de assédio ou outros tipos de condutas inadequadas."
Sobre a declaração, o ator respondeu em entrevista a um podcast:
"Acho bastante vazias as respostas deles, porque, quer dizer, eles ainda mostram nossas séries, ainda fazem nossas séries e eu tenho que pagar pela minha própria terapia, eu tenho que descobrir o que – quero dizer, se houvesse alguma coisa, se houvesse alguma verdade por trás deles realmente se importando, haveria algo mais do que citações em uma página obviamente de um representante legal dizendo-lhes exatamente como adaptar uma resposta."
Apesar da polêmica ter envolvido várias pessoas que trabalharam nas produções, a atriz Amanda Bynes, estrela das séries 'All That' e 'The Amanda Show', se recusou a participar do documentário, alegando que “sentia que simplesmente não tinha nada para compartilhar que pudesse promover a causa deles”. A atriz já foi rotulada como uma das "preferidas" de Dan Schneider, sendo uma das maiores vítimas de manipulação do produtor.
Atualmente circula nas redes sociais um vídeo onde a atriz, na época, com 16 anos, está em uma jacuzzi com o Schneider. O vídeo já tem quase 20 milhões de visualizações. Há rumores de que a criação de uma série com o nome dela teria a ver, justamente, com a preferência de Schneider por Bynes, havendo até uma tentativa de emancipação da atriz, para que ela ficasse livre das orientações dos pais e das leis americanas de trabalho infantil.
A série produzida pelo Investigation Discovery tem quatro episódios e foi disponibilizada no catálogo da Max nos Estados Unidos. Até o momento, não há previsão para inclusão do título no streaming no Brasil.
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