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Foto do escritorTiago Meneses

Por meio de Live Laugh Love, a Chastity Belt entrega um bom disco, mas ainda assim, aquém do que poderia ser

A banda entrega músicas bem executadas, mas falta algo que torne Live Laugh Love realmente memorável

Chastity Belt
Foto: Jena Feldman


Chastity Belt foi formada em 2010 por quatro amigas da Whitman College em Walla Walla, Washington: Julia Shapiro (vocal e guitarra), Lydia Lund (guitarra), Annie Truscott (baixo) e Gretchen Grimm (bateria). Inicialmente, como acontece em uma infinidade de casos, a banda começou como uma brincadeira entre amigas, mas rapidamente evoluiu para um projeto sério à medida que começaram a ganhar admiradores e passaram fazer shows com boa frequência.


Um dos aspectos interessantes da música da banda é o seu talento para combinar humor e seriedade de uma forma que não vemos muito por aí. Suas letras muitas vezes contêm observações astutas e bem-humoradas sobre estereótipos e costumes femininos, além da vida cotidiana, mantendo um equilíbrio entre a leveza e a introspecção. Essa habilidade permite que suas músicas sejam ao mesmo tempo reflexivas e divertidas. Mas há um porém.


Live Laugh Love, o quinto disco do grupo, assim como os trabalhos anteriores, é um bom disco, mas infelizmente, não como um todo. Como sempre, a banda entrega músicas bem executadas, com vocais afinados e bem trabalhados. No entanto, ainda falta algo; algo que torne Live Laugh Love memorável e o faça deixar uma marca duradoura. Se as letras são boas, a simplicidade das composições, embora tecnicamente bem feitas, resulta em uma falta de elementos distintivos que prendam a atenção de quem ouve e espera algo menos “redondo”.


Como resultado, a vontade de ouvir o disco novamente é quase inexistente, a não ser que se passe um longo tempo desde a última audição. É um trabalho que pode ser apreciado no momento, mas que não chama o ouvinte de volta com a mesma urgência ou entusiasmo que alguns discos até do mesmo gênero fazem.


Mas claro que o álbum possui os seus momentos. Clumsy, por exemplo, tem uma melodia muito boa enquanto aborda a ideia de um relacionamento com falta de comunicação e compreensão mútua e que acaba criando uma barreira entre os dois. A próprio nome da música pode simbolizar a forma desajeitada como os sentimentos dos dois são manejados.


Kool-Aid, apesar da sua simplicidade, traz com ela algo que cativa, enquanto isso, liricamente aborda um estado emocional turbulento, capturando uma noção de insatisfação e luta interna de forma muito vívida, explorando temas como a sensação de estar preso em um ciclo sem fim, além da busca por significado em meio ao caos.


Chemtrails também merece uma atenção diferente, embora os primeiros segundos dela soem extremamente parecidos com Corduroy do Pearl Jam, ela tem uma levada divertida e possui uma boa narrativa sobre se desapegar do passado e lutar internamente com a autoaceitação e o desejo de mudança. Não é exatamente brilhante, mas dentro do disco, com certeza ainda consegue ser uma das protagonistas.



Tethered é o destaque do álbum. Se todas as outras músicas estivessem ao menos um nível parecido desse, certamente Live Laugh Love seria uma pérola do indie rock. Enérgica e dinâmica, possui um riff de guitarra que é simples, mas viciante, além de uma seção rítmica bem conduzida, enquanto sua letra se desenvolve em cima da busca pela verdade além das aparências, onde a narração parte de alguém que procura entender a verdadeira essência da pessoa que ama.


I-90 Bridge, por meio do seu clima de surf rock também entrega um trabalho interessante que evoca uma sensação de dirigir por uma estrada costeira com o vento no rosto e o horizonte à frente. Sua letra parece ser uma abordagem sobre sentimentos contraditórios, onde a pessoa anseia por intimidade, mas também teme as consequências de se abrir completamente.



Resumindo, Live Laugh Love é um disco que tem sim os seus bons momentos – ou até ótimo, caso de Tethered -, mas também peca em outras partes, o que acaba deixando o resultado final desigual. Liricamente, todas as peças são boas, mas musicalmente, há momentos que soam com um excesso de simplicidade.

 

Live Laugh Love

Chastity Belt


Ano: 2024

Gênero: Indie Rock

Ouça: "Clumsy", "Chemtrails", "Tethered"

Pra quem curte: Courtney Barnett, Cherry Glazerr, Camp Cope



 

NOTA DO CRÍTICO: 6,5

 

Ouça, "Tethered"


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