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Foto do escritorEduardo Salvalaio

Os perigos da Biotecnologia na trama apoiada no Sci-fi e na Ação de Paraíso

O filme aborda a questão de como o tempo é valioso em nossas vidas, bem como discute sobre o medo de envelhecer.

Foto: Netflix


Segundo o dito popular, tempo é dinheiro. Algumas pessoas dizem que sabem aproveitar o tempo ao máximo, outras afirmam que não conseguem tirar proveito dele. Tema recorrente no Cinema, narrativas que trazem uma luta contra o tempo sempre rendem tramas interessantes e muitas vezes até originais. Frequentemente temos algum filme cuja narrativa busca inspiração na tentativa do homem em buscar o domínio do tempo ou de tê-lo a seu favor.


Paraíso, com direção de Boris Kunz, é um filme de origem alemã que estreou no Festival Internacional de Cinema de Munique e que chegou do dia 27 de Julho ao catálogo da Netflix.

O filme aborda a questão de como o tempo é valioso em nossas vidas, bem como discute sobre o medo de envelhecer e a procura incessante e desesperada por formas de rejuvenescimento.



Num futuro distante, Aeon, uma empresa alemã comandada por Olivia Theissen (Iris Berben), é responsável por comprar anos de vida de seus clientes e vender/doar para pessoas compatíveis. Para uma minoria privilegiada, a alternativa criada pela empresa é inovadora. Para outra parte da população, o procedimento significa roubar a vida das pessoas.


Podemos até fazer uma comparação rápida com O Preço do Amanhã (In Time, 2011). No filme do diretor Andrew Niccol estrelado por Justin Timberlake, o tempo é tão importante que chega a ser como uma moeda e causa desigualdades dentro de uma sociedade distópica e competitiva, que faz da tecnologia um artifício injusto para favorecer uma parcela ínfima de pessoas.


Um grupo terrorista (nomeado Adão) age contra a empresa e isso levará a um atrito constante, embora sem acordos. A todo instante, a película debaterá com a importância de ter juventude, não importando a quantia que seja ofertada ou os meios necessários. Da mesma forma, questiona o medo que temos de envelhecer, de não termos a mesma faixa etária de nosso(a)s parceiro(a)s ou de não podermos mais executar nossas simples tarefas diárias.

Logo no início, observamos uma cena em que Max (Kostja Ullmann) conversa com um jovem que está na dúvida se vende 15 anos de sua vida por 750.000 euros ou não. Max o convence dizendo que é melhor perder alguns anos da vida para ver o comércio da família prosperando com a quantia oferecida.




Max é funcionário da Aeon. Aquele profissional dedicado, que não falha, disposto a fazer tudo pela empresa, que recebe com orgulho a nomeação de funcionário do ano. Mas, o mundo de Max vira ao contrário quando sua bela e jovem esposa Elena (Corinna Kirchhoff) precisa doar 38 anos de sua vida após um fato trágico. Novamente somos confrontados com o impacto da velhice.


O casal então se vê diante de um casamento prestes a ruir. Diante do espelho, a esposa de Max sequer tem coragem de olhar para seu corpo. Max precisa sair de seu casulo e tomar medidas mais rigorosas, inclusive depois de não obter ajuda de sua própria empresa.


Com uma primeira metade bem instigante e articulada, o filme traz uma perspectiva Sci-fi e faz do cenário distópico um bom lugar para nos colocarmos cumplices da trajetória do casal. Entretanto, a segunda metade se entrega mais à Ação com direito a uma tensão sempre prestes a explodir (entre a Aeon e o grupo antagonista Adão). Infelizmente, algumas cenas de Ação acabam desnecessárias e banalizam um pouco a violência dentro da trama. Tais cenas não fariam tanta falta ao filme.


Tudo agrava quando a verdade por trás de alguns fatos que originaram essa situação surgem e de que os atos do casal acabam se transformando em consequências pesadas em meio a alguns erros irreparáveis. O filme passa então a dialogar com a os conceitos de bem e mal, certo e errado.

Em meio a uma busca por alguma forma de reverter o processo, o casal se vê diante de mudanças de comportamento, rastro de prejuízos e de outras descobertas contundentes que essa Biotecnologia trouxe além da Alemanha.



Mesmo com uma segunda metade um tanto quanto perdida e querendo se transformar mais como uma guerrilha urbana de duas facções, Paraíso ainda convence por conta da sintonia do casal, da boa ideia que o filme apresenta e dos dilemas existentes como o uso da Biotecnologia que age mais para segregar do que para ajudar qualquer pessoa, sem distinção. Além disso, traz um final que deixa brechas para uma sequência, mas que certamente será contra a vontade de alguns espectadores.


E mesmo que a película não funcione totalmente, sempre existe aquela cena ou parte que nos deixa reflexivos acerca do que presenciamos na tela. Difícil ficar imune a fala de um dos personagens: ‘a juventude por si só não torna a vida melhor ou mais feliz, só mais longa’. Pense bem nisso.

 

Paraiso

Paradise


Gênero: Drama, Ficção Científica

Direção: Boris Kunz

Roteiro: Peter Kocyla, Simon Amberger

Elenco: Kostja Ullmann, Marlene Tanczik, Lisa-Marie Koroll

Duração: 1h 56 min


 

NOTA DO CRÍTICO: 7,0

 

Onde ver:




 

Trailer:




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