Os primeiros minutos do filme ‘Olhos Famintos’ (2001) realmente encantam o espectador. Um suspense que prende a atenção do início ao fim. Atmosfera contagiante. Quando a abominável criatura começa a ser revelada, tudo parecia nos levar a um novo tipo de figura icônica de terror que daria certo. Assim aconteceu com os temidos e imortalizados Freddy Krueger, Jason Voorhees e Michael Myers. Uma nova criatura assassina e misteriosa que nos daria medo e que renderia inúmeras sequências? Aquela esperança para o cinéfilo, sobretudo fã de carteirinha do gênero Terror? Mas não foi bem assim com a saga ‘Olhos Famintos’.
O segundo filme trocou o suspense pela carnificina mais gratuita e apelativa. Era bem perceptível o emprego de um terror mais cru e violento do que cenas onde o suspense e o jogo de gato-e-rato ficassem mais em evidência. De alguma forma, a continuação ainda despertava a atenção. Em parte por conta de um final que ficava em aberto e de apresentar um filme que ainda não havia explorado tanto seu vilão (ou sua criatura sedenta de sangue). O terceiro filme foi ameaçado de nem sair, Victor Salva foi até acusado de assédio, tudo contribuindo para um possível fiasco. E foi.
Muita coisa implantada de forma correta no primeiro filme, aqui acaba destruída. Ao querer explicar mais sobre o funesto e temível caminhão da criatura, o diretor acaba exagerando na caracterização do veículo. Um carro que parece saído de ‘Mad Max’, com armadilhas por todos os lados. Todo aquele mistério acerca do veículo que a criatura dirige e que era parte do charme do primeiro filme perde espaço aqui resvalando para cenas risíveis e até impossíveis.
'Olhos Famintos 3' peca em muitos aspectos. Roteiro, efeitos, fotografia, o elenco não engrena e não convence, carece de carisma. Possui um Terror antiquado, não fornece um Humor Negro criativo.
Potencializada ao máximo e sem ter praticamente um personagem à altura, a criatura agora aparece a todo instante, e nem quando seus ataques são feitos na surdina enriquecem o clima sombrio. O medo de aguardar seus voos rasteiros e mortais (lá do primeiro filme) foi perdido e, tal qual a criatura do filme ‘Predador’, agora ela caça suas vítimas usando armas como lanças e estrela ninja (sim, pode acreditar).
Os inúmeros personagens também não ajudam na trama. Pessoas traumatizadas querendo vingança pelo parente morto. O policial experiente que age com prudência, mas que não recebe atenção. O jovem impiedoso que pretende exterminar tudo numa rajada de tiros. A maioria deles não engrena no filme. O diretor até tenta relacionar a história de cada personagem no filme e através de um deles explicar o temor do que é ficar frente a frente com a criatura, porém tudo é em vão. Nem sentimos remorso pela morte de alguns personagens que seria melhor que nem estivessem na trama.
Os efeitos beiram o ridículo, a película parece ter usado (e mal) a técnica do gênero Terror lá dos 90’s. Recursos como congelar a imagem da criatura no momento do ataque ou mesmo mudar as cores em algumas cenas de perseguição são constantemente usados. Porém, não acrescentam em nada no clima de Suspense ou mesmo de Terror.
Até uma possível e chatíssima explicação sobre a origem do nefasto ser fica flutuando no ar ou surge apenas para dar mais duração e diálogo ao filme. De nada adianta, de nada diminui a trama desequilibrada de ‘Olhos Famintos 3’. Victor Salva ainda tenta encaixar os dois filmes anteriores para explicar muito dessa terceira parte. Não convence. Não agrada. Quer entregar uma surpresa maior ao espectador como última cartada, erra da mesma forma.
Olhos Famintos 3 (2017)
Jeepers Creepers
Ano: 2017
País: EUA
Direção: Victor Salva
Roteiro: Victor Salva
Duração: 1h 40 min
Genero: Terror/Suspense
Elenco: Jonathan Breck, Stan Shan, Gabrielle Haugh
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