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Oddity pega elementos típicos do terror e os adiciona numa trama assustadora e cheia de revelações

O estilo do filme, que une passado e modernidade, destaca-se ao explorar a incerteza sobre quem realmente está ao nosso lado

Créditos: Divulgação/IFC Films

Observação: o título do filme ainda não possui uma tradução em português para o Brasil.

 

O terror pode trabalhar de diversas formas. Através de traumas psicológicos ou mesmo por meio de objetos inanimados, o gênero transfere uma sensação de medo e angústia através das gerações. Muitas vezes, colocar vários elementos para aumentar a tensão pode acabar resultando numa catástrofe para a trama, isso, claro, se essa mistura for desconexa demais.

 

Em contrapartida, talvez seja o tanto de elementos que Oddity carrega que acaba atraindo a curiosidade do cinéfilo. O filme irlandês tem a direção e o roteiro de Damian Mc Carthy (que tem em seu currículo curtas-metragens bem elogiados). O longa-metragem não faz por menos e chegou cercado de expectativas, sobretudo após vencer algumas premiações pela Europa.

 

Interessante saber como o filme tem um aspecto de baixo orçamento, mas está longe de ser mal feito. Praticamente usando um celeiro antigo que serviu para a gravação e não dependendo de efeitos especiais grandiosos, muito de Oddity nos faz lembrar do terror 80’s/90’s ou mesmo de alguma história saída do memorável e saudoso Contos da Cripta.

 

Yana (Caroline Menton) vive numa casa isolada com seu namorado Ted (Gwilym Lee). Numa noite, ela recebe a visita de um dos pacientes do hospital psiquiátrico onde Ted trabalha como médico. O inesperado visitante diz que existe um invasor na casa e tenta convencê-la para entrar no recinto a fim de investigar a invasão. 


Créditos: Divulgação/IFC Films

Essa tensa sequência é aumentada com a hesitação da mulher em confiar no visitante e aceitar sua ajuda abrindo generosamente a porta de sua casa. Após a cena ser cortada, sabemos que ela está morta. Para adicionar mais tensão na atmosfera de suspense/terror que começa a ser criada, também surge um homem acuado num quarto de hospital. Ele é perturbado por barulhos estranhos e por algo que está à procura de alguém, se escondendo por baixo da cama.

 

Em poucos minutos, presenciamos muitas informações que não saturam o olhar sobre a produção, muito pelo contrário. Fazem parte de um início surpreendente (um dos melhores de 2024) e é capaz de fixar o espectador em sua cadeira, além de não entregar prontamente por onde o filme pretende seguir e em qual gênero ele se fixa melhor.

 

O diretor sabe trabalhar com ingredientes básicos do terror que ainda convencem. Bom uso de efeitos sonoros (como é tenso ouvir os barulhos que o homem em seu quarto também ouve), jump scares que chegam em momentos oportunos (a cena de Yana em sua barraca), ângulos de câmera que sugerem esconder algo e objetos que desaparecem repentinamente (como a tal chave do carro).

 

Mas, isso não é tudo. Quando passamos a conhecer Dani (Carolyn Bracken), a irmã gêmea de Yana, é que a película ainda apresenta mais substância a uma trama que não se definiu facilmente. Dani é cega, vidente e dona de um antiquário de objetos antigos e amaldiçoados. Ela resolve passar uns dias na casa de Ted e diz saber quem realmente matou sua irmã.

 

Os elementos se juntam criando um agregado bem atraente que costuma funcionar em filmes de suspense/terror: hospital psiquiátrico, casa isolada, irmãs gêmeas, assassinato misterioso, antiquário e seus objetos estranhos. Já citei o bizarro manequim de madeira que Yana leva para a casa de Ted? Pois então. Digamos que esse é um filme que reúne num só lugar o misticismo, a sobrenaturalidade e humanidade.

 

A trama se completa com seus personagens que passam os mais variados sentimentos como astúcia, desconfiança, vingança, medo, loucura, mentira, solidão, desonestidade, traição, cumplicidade. Saindo dos estereótipos que o gênero criou e que geralmente fica visível nos primeiros minutos, aqui é preciso acompanhar e juntar os fatos para entendermos a real intenção de cada personagem.


Colm Hogan/IFC Films and Shudder

Mc Carthy apresenta outra técnica diferenciada. Ele consegue dar o desfecho de seus personagens de forma chocante, sugerindo a fatídica cena que está por vir, sem apelar para a violência gratuita e o gore extremo (a aflição na face de um dos personagens que está próximo de se encontrar com seu destino fatídico confere uma cena perturbadora, embora não explícita).

 

Mesmo que após a resolução do assassinato o filme caia em certa previsibilidade, interessante notar como a trama não desanima e não se desgasta tanto até seu desfecho. O estilo do filme que junta o passado e a modernidade do cinema ajuda bastante em criar um diferencial, junto com a ideia de que nunca sabemos quem está do nosso lado nessa vida e de quem pode estar em nossas casas.

 

 Oddity


Ano: 2024

Gênero: Terror, Thriller

Direção: Damian Mc Carthy

Roteiro: Damian Mc Carthy

Elenco: Caroline Menton, Gwilym Lee, Carolyn Bracken

País: Irlanda

Duração: 98 min


 

NOTA DO CRÍTICO 7,5

 

Trailer:


 


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