“O Mundo Dá Voltas” foi lançado em 16 de janeiro de 2025, contém 13 faixas, tem a produção de Daniel Ganjaman e a presença de artistas como Gilberto Gil, Emicida, Melly, Seu Jorge e Anitta
Desde sua estreia em 2009, o BaianaSystem tem se consolidado como uma das bandas mais criativas e autênticas da música brasileira contemporânea. Liderada por Russo Passapusso, a banda é conhecida por misturar influências de MPB, rock, samba-reggae, afoxé e ijexá em produções que conquistaram público, crítica e artistas de diversas gerações. Em 2025, eles elevam ainda mais sua arte com "O Mundo Dá Voltas", um álbum que combina timbres inovadores, letras impactantes e colaborações marcantes.
"O Mundo Dá Voltas" reflete um forte senso de humanismo, celebrando as pessoas e histórias que marcaram a trajetória do BaianaSystem. Com isso, o álbum dá continuidade ao espírito de "O Futuro Não Demora" (2019), que carregava mensagens de esperança. Em contraste com o tom politizado de OXEAXEEXU (2021), lançado em meio à pandemia da COVID-19, o novo trabalho apresenta uma abordagem mais introspectiva e otimista, sempre com a assinatura sonora única da banda.
Lançado em 16 de janeiro de 2025, o disco reúne 13 faixas produzidas por Daniel Ganjaman e conta com colaborações de artistas como Gilberto Gil, Emicida, Seu Jorge, Anitta e Melly. Essa diversidade de vozes e estilos dá ao álbum uma riqueza sonora e cultural impressionante, que emociona e inspira em cada canção.
A abertura do álbum, “Batukerê”, traz uma celebração à vida por meio de cânticos ancestrais e batidas intensas que reverberam força e esperança. A faixa reforça a ideia de que a vida é cíclica, convidando-nos a extrair o melhor de cada momento sejam eles desafiadores ou felizes. A mensagem é clara: esses ciclos nos tornam mais maduros, sensíveis e críticos, preparando-nos para enfrentar com atenção e empatia cada etapa que a vida apresenta.
“A Laje” se destaca pela colaboração impactante da cantora Melly e do rapper Emicida, cuja contribuição enriquece a sonoridade única do BaianaSystem. A faixa combina o rap incisivo de Emicida com a musicalidade envolvente da banda, abordando de maneira politizada e reflexiva as contradições e desafios da vida cotidiana em 2025, permeada por avanços tecnológicos e complexidades emocionais. A união das vozes e dos estilos cria uma mensagem poderosa e atual, que ressoa com profundidade.
“Magnata” apresenta uma crítica afiada e autêntica à incessante corrida pelo dinheiro, estabelecendo um diálogo sutil com a icônica “Pecado Capital”, de Paulinho da Viola. A faixa combina suingue e uma sonoridade cativante que mistura elementos de Rock, Rap e Samba, resultando em uma atmosfera rica e vibrante. A inspiração na vibe de “À Procura da Batida Perfeita”, de Marcelo D2, é evidente, ampliando ainda mais a fusão de gêneros e entregando uma experiência sonora dinâmica e marcante.
“Pote D’Água” ganha um brilho especial com a participação de Gilberto Gil, cuja genialidade resplandece em um arranjo voltado para a MPB. A letra, profundamente poética, aborda o tema do abrigo e do acolhimento familiar, evocando sentimentos de pertencimento e união. A composição, assinada por Lourimbau, remonta a cerca de 30 anos e reflete a sensibilidade de um reconhecido mestre do Berimbau. A união de tradição e contemporaneidade faz dessa faixa um destaque emocional e sonoro no álbum.
“Praia do Futuro” apresenta uma fusão cativante de timbres roqueiros e praianos, com influências claras do Reggae e do Manguebeat. A faixa homenageia a estética lírica de Chico Science ao incorporar termos como “caranguejo” e “urubu,” criando um elo com a força cultural do nordeste brasileiro. A participação especial de Seu Jorge eleva ainda mais a composição, que mistura romantismo com uma reflexão sobre os desafios e possibilidades do futuro, mantendo uma conexão sólida com o presente.
“Cobra Criada/Bicho Solto” conta com as poderosas colaborações de Pitty e do rapper Vandal, que adicionam camadas intensas e eletrizantes ao álbum. A música destaca-se pelas batidas marcantes e pelos sons elétricos, criando uma atmosfera sonora única que amplifica sua profundidade temática. A faixa é uma releitura de “Bicho Solto,” do álbum Matriz (2019), de Pitty, enriquecida pelos versos fortes e cheios de energia de Vandal, o que confere à música um caráter renovado e ainda mais relevante.
“Balacobaco” conta com as participações especiais de Anitta e da atriz Alice Carvalho, que trazem uma energia eletrônica forte e pesada à música. O som marcante de “Balacobaco” se destaca pela intensidade, criando uma experiência sonora imersiva e vibrante.
Já “Palheiro” apresenta uma musicalidade inspirada na Amazônia, com timbres que evocam o disco Y’Y de Amaro Freitas. Totalmente instrumental, a faixa transmite uma conexão profunda com a região, com seu caráter orgânico e ritmos que refletem a natureza exuberante e misteriosa da floresta.
“Ogun Nilê” encerra o álbum com uma sensação de paz, completude e gratidão, sendo uma faixa que encerra o disco de maneira memorável. Ela estabelece um diálogo poderoso com a faixa de abertura, “Batukerê”, ao reforçar temas de empatia e ancestralidade. Assim, o encerramento não só complementa o começo do álbum, mas também revela a coesão e a profundidade da produção do BaianaSystem ao entregar um trabalho musicalmente refinado e eclético.
Com isso, pode-se concluir que o disco consolida ainda mais o BaianaSystem como uma das forças criativas mais importantes da música brasileira atual. Combinando inovação sonora, mensagens profundas e colaborações memoráveis, o álbum é uma celebração da transformação e da continuidade.
Lançado no início do ano, o disco já se posiciona como um dos grandes destaques de 2025, reafirmando a capacidade da banda de evoluir sem perder sua essência com um respeito inigualável pelas suas raízes e um abraço forte no ecletismo sonoro musical brasileiro.
O Mundo Dá Voltas
BaianaSystem
Ano: 2025
Gênero: MPB, Rock, Eletrônico, Reggae
Para quem gosta de: Nação Zumbi, Curumin
Ouça: "Magnata", "A Laje", "Pote D'Água"
Comments