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Foto do escritorEduardo Salvalaio

O Menu traz um cardápio que reúne Gastronomia, Culinária, Suspense, Humor Negro e tensão crescente

Num filme que engloba Humor Negro, Suspense e Terror, Mylod consegue criar uma ambientação propícia para segurar o espectador na cadeira.

Foto: Divulgação/Searchlight Pictures


Comer é uma necessidade. Precisamos nos alimentar para viver. Para muitos, a comida é sinônimo de paixão, é arte e até prazer. Para outros, representa uma forma de ganhar muito dinheiro e premiações. No Cinema, comida esteve presente em diversos filmes. Alguns recheados de críticas contundentes e bem densos (O Poço, 2019) ou mesmo em tramas mais românticas e suaves (Sem Reservas, 2007). Até mesmo em animações o tema não foi esquecido, basta lembrar do aclamado Ratatouille (2007) e Tá Chovendo Hamburguer ( 2009).


Pensando na temática Culinária/Gastronomia que regulamenta todo esse universo da comida, é que chega O Menu, filme do britânico Mark Mylod. O diretor ficou mais conhecido por realizar alguns episódios de Game Of Thrones e Succession, e agora chega com um filme que só pela sinopse carrega muita originalidade e nos causa apetite para desvendar o que a trama esconde.



O renomado Chef de cozinha Julian Slowik (Ralph Fiennes) decide convidar um grupo de pessoas para seu restaurante privado numa ilha remota. Os convidados terão o privilégio de passar um dia degustando os pratos que o Chef preparou para eles. Acontece que apesar dessa experiência e do cardápio farto, surpresas chocantes estão para acontecer.


Assim como Slowik entrega seus pratos ao longo do filme, Mylod também apresentará seu cardápio de personagens. Entre os convidados, temos diversas personalidades, algumas delas bem estereotipadas em nossa sociedade: o bajulador irritante, o ricaço que pensa que pode comprar tudo e todos, a arrogante crítica de culinária, o ator decadente que pensa que o mundo gira ao seu redor e o executivo envolto em corrupção.

O filme vai desvendando a verdadeira faceta de muitos personagens conforme os pratos são apresentados pelo enigmático Chef de cozinha. Todos dali foram muito bem escolhidos por Slowik (com exceção de uma pessoa) e pagaram 1250 dólares pelo jantar. Há um propósito, mas a película não entrega isso tão facilmente e o espectador, para compreender, precisará também degustar cada cena ou cada prato que será servido.



O diretor debocha, faz cinismo e críticas com o capitalismo e a hipocrisia, com pessoas que gastam fortunas em comidas com assinaturas e marcas. A alimentação servindo não como um ato de subsistência, e sim, como um espetáculo de riqueza para ser depois postado em redes sociais e divulgado entre amigos orgulhosos e invejosos.



Num filme que engloba Humor Negro, Suspense e Terror, Mylod consegue criar uma ambientação propícia para segurar o espectador na cadeira. E isso acontece desde o início quando os convidados chegam à ilha, um território bucólico mas ao mesmo tempo sombrio. Até mesmo a empregada Elsa (Hong Chau) que é responsável por apresentar as acomodações ao grupo passa um misto de cordialidade e ameaça ao mesmo tempo.


Por trabalhar com ambientes mais fechados/internos, o diretor utiliza recursos para uma atmosfera claustrofóbica. A fotografia também ajuda na tensão que vai se criando. Uma ótima ideia do filme é fazer analogia entre o que acontece e o que está sendo servido, cada prato pode ser uma surpresa para determinado convidado. A cada prato servido, o espectador parece estar diante de um ato teatral onde o resultado pode ser ainda mais indigesto ou inesperado.

O elenco brilha na película, sobretudo com Ralph Fiennes e Anya Taylor-Joy (no papel de Margot) que fornecem momentos tensos e que a todo instante parecem indicar que o filme terá sua reviravolta. Ambos são os mais enigmáticos na trama, mas cada qual a seu modo, crescendo num ritmo frenético e ganhando proporções gigantes. Infelizmente, e talvez um dos únicos pontos negativos do filme, é o final previsível, sobretudo depois que os planos do Chef são revelados.


Mas esse é um filme criativo e joga o espectador numa espiral de ações e choques. Mesmo que possa até sugerir o gore, não apela nisso para construir sua narrativa. Ele se firma pelas surpresas, pelo próximo prato e pelos personagens que traz. Com inspiração em filmes de mistério (baseados em livros de Agatha Christie) ou mesmo em películas onde pessoas são confinadas, O Menu merece ser degustado.

 

O Menu

The Menu


Lançamento: 2022

Direção: Mark Mylod

Roteiro: Will Tracy, Set Reiss

Elenco: Ana Taylor-Joy, Ralph Fiennes, Nicholas Hoult

País: EUA


 

NOTA DO CINÉFILO: 7,5

 

Trailer do filme:




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