18 de out. de 20223 min de leitura

O fraco ‘Olhos Famintos: Renascido’ é uma pá de cal na franquia de Terror iniciada em 2001

Problema de Olhos Famintos: Renascido é a soma de muita coisa errada

Ronald (Gary Graham) e Marie (Dee Wallace) estão viajando de carro quando são abordados por um estranho e antigo caminhão na estrada. A princípio, o simpático casal não desconfia de nada, porém em seguida percebem que o motorista do veículo não é tão amigável assim. São 8 minutos iniciais de filme que colocam na mente do espectador lembranças do primeiro filme da franquia. A essência promete ser a mesma, tudo indica que os ingredientes estão ali: o suspense, a criatura então misteriosa e seus métodos, a ambientação isolada.

Infelizmente, esse tempo não é suficiente para estarmos diante de um novo fiasco e um filme que acaba sendo aquém ao anterior, que em si não dava tantas esperanças pelo futuro da franquia. Tudo que somava pontos em Olhos Famintos (2001) cada vez mais se perde, a nova película dirigida por Timo Vuorensola não faz jus ao cinema de Terror do passado e nem se encaixa para os fãs do gênero nesta era mais modernizada do Cinema.

A cena do casal de idosos precede os dois personagens principais do filme: Chase (Imran Adams) e sua namorada Laine (Sydney Craven). Chase pretende levar Laine para um Festival de Terror na Lousiana pois almeja com isso também pedi-la em casamento. Essa também talvez seja uma das únicas e poucas virtudes do longa: no fanatismo extremo de Chase pela figura do Creeper e pelo Cinema de Terror, não faltam homenagens e referências a vários ícones e simbologias do gênero cultivados através dos tempos.

Problema de Olhos Famintos: Renascido é a soma de muita coisa errada ou praticamente tudo. A começar pela concepção do roteiro que não entrega a essência e a originalidade do Creeper. Cadê aquela criatura que precisava das peles de suas vítimas e que aguardava o momento certo de atacar, sempre pelas sombras? Agora existe até um culto que o venera e que pretende alimentá-lo com gratidão.

A presença de seu caminhão antigo, todo enferrujado e importantíssimo para a coleta dos indefesos humanos também ficou para trás (e este era com certeza um dos elementos de maior combustível para o suspense).

Os personagens são risíveis, caricatos e não passam carisma. Nem mesmo o casal principal. Em momentos de tensão do filme, conseguem brigar mais entre eles próprios do que com a criatura que precisam enfrentar. Os diálogos são inúteis, as atuações esquecíveis. As fraquíssimas cenas de ação que ocorrem entre os personagens e o Creeper não empolgam.

A criatura que poderia se sobressair na trama, também acaba superficial. Em certa cena, o diretor até tenta deixá-la imponente e assustadora num close que ela faz antes de atacar suas vítimas, porém o traço cada vez mais humanizado resvalando mais para um vilão de filme Slasher perdeu a graça de vez. Uma mesma criatura que consegue empalar sua vítima cruelmente em questão de segundos fica observando impassível a um revólver apontado em sua direção? Não dá para aceitar.

Em sua primeira aparição no Cinema, o Creeper assustava não apenas em seu rosto bem como em sua estranha fisionomia que o colocava como um ser que ainda precisava de muitas revelações. Era impactante vê-lo, mesmo abatido e ferido, capaz de rastejar para se regenerar e voltar a tomar forma. Um belo trabalho de maquiagem que aqui se perdeu. Isso vale para as mortes que sequer ganharam destaque aqui, se é que o filme ao menos possa agradar alguém que espera o mínimo de gore.

Os efeitos são ruins e os CGI’s não convencem. O resultado de muitas cenas, inclusive, ficou pior que um filme de Terror Trash 80’s (porém não era essa a intenção, acredite). Um elemento que influencia no gênero Terror é a ambientação. Mas aqui também ela soa artificial, a iluminação não agrada e a paisagem noturna que deveria criar clima tenso, não funciona.

Em certa parte da película, um dos personagens diz: ‘O Creeper está velho e decrépito. Tem cheiro de morte’. Seria quase uma alusão ao estado que a franquia chegou? A hora e a vez de enterrá-la de uma vez? Depois de 87 minutos sem muito charme e se arrastando, o filme parece dizer que sim.