Natalie Portman diz ter sido sexualizada ainda na infância: “Me protegendo, criei outra versão de mim”
- Marcello Almeida
- 17 de abr.
- 2 min de leitura
Atriz relembra início da carreira e fala sobre imagem pública em entrevista a Jenna Ortega

Durante uma conversa com Jenna Ortega para a revista Interview, Natalie Portman refletiu sobre como precisou construir uma imagem para se proteger da forma como foi tratada após sua estreia precoce no cinema, aos 11 anos de idade. A atriz relembrou a pressão da sexualização infantil e as estratégias que adotou para preservar sua identidade.
“Existe uma percepção pública sobre quem eu sou que não condiz com a minha realidade”, afirmou Portman. “Já comentei isso em outras ocasiões — desde criança, senti que minha imagem era sexualizada, algo que acontece com frequência com meninas na indústria. Isso me causava medo. A sexualidade faz parte do crescimento, claro, mas eu queria que isso permanecesse como algo interno, meu. Sentia que a única forma de me proteger era transmitir a imagem de que eu era séria, estudiosa e inteligente — um tipo de menina que não seria alvo fácil.”
A atriz seguiu explicando como essa defesa moldou sua figura pública.
“Pensava que, se eu mostrasse esse lado para o mundo, estaria segura. Não é justo que funcione assim, mas funcionou. Acho que é daí que vem esse contraste: eu, na vida real, sou espontânea, gosto de brincar, sou leve — mas em público, passo uma imagem muito centrada, intelectual. Eu não sou exatamente uma pessoa reservada — conto tudo, na verdade —, mas aprendi cedo que, ao parecer mais fechada, as pessoas respeitam mais seu espaço. Foi por isso que estabeleci limites claros, como nunca expor meus filhos em ensaios fotográficos.”
Portman iniciou sua carreira ainda adolescente em filmes como O Profissional, Marte Ataca!, Star Wars: A Ameaça Fantasma, Em Qualquer Outro Lugar e Onde Mora o Coração. No auge da fama, ela fez uma pausa nas telas entre 1999 e 2003 para cursar Psicologia em Harvard, antes de retomar sua trajetória em Hollywood.
Após protagonizar O Profissional, Natalie Portman recusou um convite para atuar em Lolita, dirigido por Adrian Lyne — papel que acabou ficando com Dominique Swain. Em entrevista ao Los Angeles Times em 1996, ela foi direta:
“Me encontrei com o diretor, mas disse logo de cara que não faria esse filme de jeito nenhum. O longa de Kubrick é incrível justamente por sugerir as coisas sem mostrá-las, mas este seria explícito demais”. Mesmo com a promessa de que seriam usados dublês, Portman manteve sua decisão: “As pessoas ainda achariam que sou eu. Então, não, obrigado.”
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