O sucesso de Billie, Lil Nas X, Kali Uchis e outros reforça a aposta do festival em rejuvenescer, até de forma extremamente radical, seu elenco.
Com o seu jeito sereno e visual emblemático, Billie Eilish apresentou um dos mais notáveis shows dos anos recentes do Lollapalooza Brasil, na décima edição do festival em São Paulo. A primeira noite do evento, no Autódromo de Interlagos, foi suficiente para demonstrar que ela é a principal influência de sua geração. A artista, que tinha apenas 11 anos quando o evento começou no Brasil, puxou a programação do dia de abertura, que foi testemunhado por aproximadamente 103 mil pessoas, de acordo com a produção.
No palco, a agitada e encantadora Billie foi seguida apenas pelo baterista e irmão-faz-tudo Finneas OConnell, que tocava principalmente teclado e guitarra. A artista de 21 anos apresentou uma expansão: composições que eram intimistas e sussurradas, originalmente, passaram a ser gigantes no Autódromo, com a ajuda dos fãs que cantaram junto desde o início, em "Bury a friend".
Dado que a maioria das músicas é composta com arranjos de vozes sobrepostas, é impossível não ter um playback no show. Contudo, a voz principal parecia ser, quase sempre, de Billie ao vivo.
Uma mostra da potência desse vocal foi quando Finneas foi ao seu encontro e os dois cantaram, somente com voz e violão, as baladas "I love you", "Your power" e "TV", enquanto a plateia balançava celulares acesos. Foi um encontro terno de irmãos - e também uma das duplas mais sintonizadas do pop atual.
A carência de músicos nos palcos foi uma constante nas outras atrações mais elogiadas do primeiro dia de Lollapalooza Brasil: o rapper americano Lil Nas X, a cantora de r&b latino Kali Uchis e o DJ carioca Pedro Sampaio não tiveram a companhia de instrumentistas, somente de bailarinos.
Isso não foi um impedimento para que o evento tivesse um dia com mais acertos do que erros. A temperatura estava agradável, com muito sol e sem precipitações. O público que esteve presente superou a desconfiança recente, causada pelos cancelamentos de atrações relevantes, e aproveitou a sexta-feira no Autódromo de Interlagos. Foi um dos dias mais calmos que o Lollapalooza vivenciou, em geral, desde 2019.
O sucesso de Billie, Lil Nas X, Kali Uchis e outros reforça a aposta do festival em rejuvenescer, até de forma extremamente radical, seu elenco. Atrações dos próximos dias, Twenty One Pilots, Drake e Rosalía não contam com grandes grupos de músicos. A única exceção é a banda de rock psicodélico australiana Tame Impala, que se apresenta neste sábado à noite.
Sem a grande quantidade de pessoas na entrada, nos banheiros e nos serviços, o Lollapalooza Brasil 2023 espera que a meteorologia e a conexão fãs-artistas continuem prevalecendo nos próximos dias.
De Volta ao Show de Billie
Em "All the good girls go to hell", o telão mostrou imagens de catástrofes ambientais e de manifestações, inclusive em português. Um deles afirmava que "se a mata queimar, todos nós iremos embora junto". Além disso, outros pediam o voto dos jovens pelo meio ambiente e relembravam a morte de ativistas no Brasil.
Billie também abusou do seu poder sobre o público de formas convencionais. Em "Oxytocin", ela pediu que todos se abaixassem e pulassem juntos. No hit "Everything I Wanted", pediu para os fãs se abraçarem. Durante a madrugada, houve gritos de "Billie, eu te amo".
"Estava ansiosa para dizer "olá" ao Brasil!", disse Billie Eilish aos fãs que tiveram que esperar três anos para ver a cantora em apresentações no Brasil.
No final, a cantora disse que os brasileiros foram os seus primeiros fãs, e que, nas primeiras críticas às suas músicas, havia comentários como "venha para o Brasil".
O festival segue até domingo, dia 26.
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