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Foto do escritorEduardo Salvalaio

Life Is Strange: True Colors faz o jogador interagir e refletir mais sobre relacionamentos humanos

A versão testada para a resenha foi a de PS4. O jogo está gratuito para quem possui a assinatura Plus Extra e Deluxe.

Foto: Square Enix


Quando surgiu em 2015, Life Is Strange chegou cercado de estardalhaço e comentários entre público e crítica. Contudo, a fórmula nem era novidade. Nada demais até então um jogo oferecer várias escolhas ao jogador dentro da narrativa. Até porque, a Telltale Games já havia feito isso tão bem com a primeira temporada de The Walking Dead (2012) e também a Quantic Dream com Heavy Rain (2010). Isso citando rápidos exemplos.


Acontece que Life Is Strange vinha de uma empresa com pouco nome no mercado de jogos, a Dontnod Entertainment. Não apenas isso, a premissa de que a personagem podia retroceder no tempo e refazer suas ações trouxe algo bastante curioso. Também o estilo visual com apelo jovem, cartunesco e bem aconchegante para uma geração de consoles cada vez mais moderna era outro atrativo. E dessa forma a franquia chegou, cresceu, amadureceu e passou a ser querida por muitos jogadores.



Com algo em comum em todos os jogos, existe sempre um personagem com habilidade extraordinária e o jogo é separado por capítulos. Porém, existe a necessidade de sempre mudar a ambientação da história. No primeiro, o cenário é uma escola e a protagonista Max Caulfield precisa enfrentar intrigas, bullying e ser capaz de controlar seu poder. Partindo para o segundo jogo, dessa vez teremos diversas paisagens pelos EUA e vamos acompanhar os irmãos Diaz tentando chegar a uma cidade mexicana fugindo de um crime em qual foram culpados injustamente.

A série rendeu, inclusive, os spinoffs. Life Is Strange: Before The Storm (2017) e The Awesome Adventures Of Captain Spirit (2018). Apesar de curtos, contribuíram para preencher detalhes importantes em relação aos dois primeiros jogos. Chegando como terceiro jogo entre os principais, todavia assumindo o subtítulo True Colors, dessa vez iremos embarcar na vida de Alex, uma jovem que viveu um tempo em reformatórios e que agora retorna para o bucólico vilarejo que seu irmão Gabe vive, Haven Springs. Em contrapartida, a cidade fica ao redor da companhia mineradora Typhon, empresa essa que está muito ligada aos moradores da região.


O retorno de Alex não é nada fácil. Alguns anos afastada do irmão, não sabe o que encontrar pela frente. Mas é ciente de seu poder mesmo que guarde esse segredo só para si. Com belos cenários iluminados, destacado por uma cidade bem detalhada com sua arquitetura rústica entre rios, montanhas, praças e jardins, esse cenário vai ser o palco de uma história cheia de surpresas, choques e reviravoltas.


Sim, já sabemos que o universo de Life Is Strange é vivo, colorido, mas apresenta certos caminhos sinuosos que surgirão pela frente. São decisões difíceis, amizades que surgem ou mesmo que se desfazem, pessoas queridas que partem, muita dor mesmo em momentos onde os produtores amenizam as circunstâncias. Ou às vezes não, tal qual a realidade, não há como fugir de certas ações.


Continuando com a mesma jogabilidade descomplicada dos anteriores, o jogador não fica perdido. Basta conversar com outros personagens, realizar algumas tarefas e aguardar por aquela cena pesada, geralmente fechando o capítulo de forma chocante. Claro que por ser um jogo interativo, cada cenário nos permite observar detalhes, conhecer mais do lugar ou de determinado personagem (como o próprio quarto de Gabe permite fazer). Não é nada obrigatório, apesar de nos auxiliar em tarefas ou diálogos futuros.


Dessa vez os produtores deixaram uma grata surpresa aos jogadores. Em vários lugares, como o bar Lanterna Negra, existem máquinas de fliperama espalhadas. Basta acessar e jogar, não interessa o seu escore. Essa maior interatividade e conexão com o ambiente proporciona uma fuga da linearidade e mostra que não há pressão para terminar logo a história. Fora isso, a homenagem aos games old-school se faz presente aqui e acalenta os nostálgicos.

Num capítulo específico, os personagens participam de um LARP, que na verdade funciona como uma espécie de RPG Live-action. Os integrantes do jogo assumem papéis, precisam cumprir missões e derrotar inimigos. Essa passagem serviu para mostrar como jogos e a diversão são válvulas de escape em nossas vidas, além de uma metalinguagem que sempre predomina na narrativa.


Música sempre esteve ao lado da série. E aqui não é diferente. Até uma loja de discos existe na cidade e demonstra o quanto a música é fundamental para os jogos. Um jogo que apresenta uma trilha sonora variada que se completa por músicas melancólicas ou mesmo Rocks pesados que garantem cenas marcantes na história (como Alex e Gabe ouvindo um disco depois do encontro). Em seu violão, nossa querida Alex, inclusive, canta ‘Creep’ do Radiohead.

Alguns jogadores reclamarão do jogo ser curto, isso para quem costuma fazer tudo de forma linear e mais rápida possível não se preocupando com detalhes ao redor. Infelizmente, o fator replay é praticamente inexistente. Refazer a história para tomar outras decisões não muda tanta coisa assim (talvez no último capítulo isso pese mais).


Dessa vez, quem assumiu a produção do jogo foi a americana Deck Nine Games. Isso de nada alterou a tradição da série. Mas LiS: True Colors agora foca em menos ação e trabalha muito a questão filosófica e espiritual, espere por diálogos bem decisivos que dependem de nosso julgamento. O jogo vai nos sensibilizar, vai nocautear o jogador, isso mesmo após desligar o console. Por sorte, videogames nos fazem cada vez mais refletir e não ficar apenas apertando gatilhos a todo instante.


A versão testada para a resenha foi a de PS4. O jogo está gratuito para quem possui a assinatura Plus Extra e Deluxe.

 

Life Is Strange: True Colors


Lançamento: 10 de setembro de 2021

Plataformas: PlayStation 5, PlayStation 4, Nintendo Switch, Xbox Series X/S

Gênero: Aventura, Ação

Projetista: Christopher Sica


 

NOTA DO CRÍTICO: 8,5

 

Trailer do jogo:




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