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Foto do escritorTiago Meneses

Johnny Blue Skies traz uma sonoridade dinâmica em 'Passage Du Desir', mesclando energia e introspecção

Este disco destaca a versatilidade de Sturgill Simpson em criar composições inovadoras e enraizadas

Johnny Blue Skies
Foto: Semi Song


Sturgill Simpson, conhecido por seu estilo único que mistura country, rock, soul e psicodelia, lançou o projeto sob o nome de Johnny Blue Skies, como uma maneira de explorar ainda mais sua versatilidade musical. Simpson é um artista que constantemente desafia as convenções dos gêneros e busca novas maneiras de expressar sua criatividade. O músico também mergulha em novas sonoridades e experimenta arranjos e estilos que ampliam os limites de sua música. Este projeto é uma manifestação clara de sua vontade de não se prender a um único gênero ou estilo.


Johnny Blue Skies permite Simpson experimentar sons e temas que podem não se encaixar perfeitamente em seu trabalho solo principal. Aqui temos uma fusão de influências que vão desde o country alternativo até o rock experimental, passando por elementos de blues, soul e até música eletrônica. Há uma entrega de uma fusão de influências que resulta em um som que é ao mesmo tempo familiar e singular. As raízes no country alternativo fornecem uma base sólida, enquanto os elementos de rock experimental, blues, soul e música eletrônica expandem os horizontes sônicos do projeto.


Passage Du Desir é o primeiro disco de Simpson usando o pseudônimo Johnny Blues Skies. O disco combina muito bem um som de rock clássico com dosagens significativas da música country mais tradicional, dando uma dinâmica que é ao mesmo tempo energizante e introspectiva. Este é um disco que destaca a versatilidade musical de Sturgill Simpson e sua habilidade em criar composições que são ao mesmo tempo inovadoras e enraizadas em tradições musicais ricas.


Swamp of Sadness é a peça que inicia o disco por meio de uma sonoridade relaxante e profunda, criando um ambiente sonoro que imediatamente captura a atenção do ouvinte. A música se desenrola com camadas de instrumentação que evocam a sensação de estar em um quarto misterioso cheio de melancolia e beleza. If the Sun Never Rises Again traz a à tona elementos característicos como harmonias vocais ricas, linhas de baixo fluidas e melodias cativantes. No entanto, a faixa se distingue ao incorporar uma pegada particular que lhe confere uma identidade própria.


Scooter Blues segue a mesma linha de soft rock entregue pela faixa anterior, mantendo a atmosfera suave e relaxante que caracteriza o álbum. A combinação de elementos clássicos com uma produção contemporânea garante à peça um resultado excelente. Jupiter’s Faerie direciona o disco para uma atmosfera mais melancólica musicalmente, oferecendo uma mudança de tom em relação às faixas anteriores. A instrumentação assume uma qualidade mais introspectiva, com arranjos suaves e envolventes que destacam a tristeza e a reflexão, enquanto Simspon canta uma letra rica em imagens poéticas, evocando sentimentos de arrependimento e saudade.


Who I Am traz o disco para um forte aceno à música country, sendo marcada por um ritmo contagiante e uma estrutura que é bastante familiar para os fãs do gênero, mas com um toque contemporâneo que a torna relevante para os ouvintes modernos. Right Kind of Dream é a música mais pop do disco, destacando-se pela sua forte influência dos anos 80. A faixa é marcada por uma sonoridade vibrante e enérgica, soando até mesmo de forma contrastante em relação aos momentos mais melancólicos do álbum.



Mint Tea possui uma forte influência de bandas clássicas de southern rock como The Marshall Tucker Band e Atlanta Rhythm Section. A faixa captura a essência do gênero com uma produção que equilibra a nostalgia com um toque contemporâneo. A influência nas bandas citadas é evidente, porém, sem deixar de trazer uma abordagem fresca e pessoal. One For The Road encerra o disco de maneira brilhante, começando com uma sonoridade simples e bela que estabelece um tom introspectivo e comovente. À medida que a música avança, ela se transforma gradualmente, até chegar em um solo de guitarra, que com suas nuances psicodélicas, adiciona emoção à faixa, sendo executado com uma expressão intensa.



Passage Du Desir é uma obra complexa e multifacetada que revela novas camadas e profundidades a cada audição. Um disco que exige atenção e apreciação repetida para ser plenamente compreendido e apreciado. Sua grandeza, tanto musical, quanto lírica, entrega uma experiência cativante, enquanto que a sua profundidade sonora e qualidade da produção, além da sua riqueza e atenção aos detalhes, garantem ao ouvinte um álbum que vale a pena ser explorado repetidamente.

 

Passage Du Desir

Johnny Blue Skies


Ano: 2024

Gênero: Country Progressivo, Country Rock

Ouça: "Swamp of Sadness", "Jupiter’s Faerie", "One For The Road"

Pra quem curte: Sierra Ferrell, Charley Crockett, Hurray For The Riff Raff


 

NOTA DO CRÍTICO: 9,0

 

Ouça "Jupiter’s Faerie"


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