28 de ago. de 20232 min de leitura

Humanos e criaturas se enfrentam em extremos combates na trama regular de Terror no Deserto

A trama de Terror no Deserto pega muitas inspirações de filmes dos anos 80/90 como O Enigma de Outro Mundo (1982).

O primeiro longa metragem do diretor inglês Neil Marshall foi Dog Soldiers (2002). O filme, apesar de não ter arrecadado muito lucro, virou um Cult Movie entre os fãs do Terror. Logo em seguida, o diretor entregaria Abismo do Medo (2005), película essa que lhe rendeu a premiação de Melhor Diretor pela British Independent Film Awards. Marshall, dessa forma, foi mostrando sua preferência pelo gênero Terror, embora ainda tenha recorrido ao Sci-Fi (Juízo Final, 2008) e ao Épico (Centurion, 2010)

Terror no Deserto (The Lair, 2022) é um retorno ao gênero Terror. Em seu novo filme, o diretor se sente confortável ao usar alguns elementos que fizeram parte de suas produções: lugares apertados dando a sensação de claustrofobia, ação de sobra (quase todo o filme), sustos, cenas envoltas pela escuridão, território hostil, criaturas horripilantes e quase invencíveis.

Kate Sinclair (Charlotte Kirk, esposa de Marshall e também roteirista do filme) é uma piloto que está sobrevoando o Afeganistão. Após ter seu avião abatido, Kate precisa se refugiar num antigo abrigo subterrâneo, porém percebe que a construção esconde algo temível e indescritível, servindo para outros fins.

A trama de Terror no Deserto pega muitas inspirações de filmes dos anos 80/90 como O Enigma de Outro Mundo (1982), Aliens, o Resgate (1986) e Tropas Estelares (1997). Mais uma vez o ser humano precisa reunir todas as suas forças e sobreviver em meio a algo desconhecido e mortal. Misturando Ação, Guerra e Terror, o diretor abusa de confrontos intensos a todo instante com direito a tripas espalhadas e mutilações.

Para isso, é preciso criar um elenco de homens poderosos. Apesar da truculência e da técnica de combate que possuem, são pessoas normalmente traumatizadas e que costumam lutar até entre si mesmas pelas diferenças que possuem. E no meio disso tudo, não faltam os personagens estereotipados que costumam habitar esse tipo de filme: orgulhoso, valentão, machista, problemático, confiante, até o inimigo que precisa esquecer as diferenças e lutar junto.

Depois, a explicação chega para os motivos de tudo que aconteceu. Entretanto, isso não importa muito, e é quase certo que as autoridades estavam escondendo os fatos para agora tudo chegar à tona. Num roteiro que não liga para muitos diálogos e sem dramatizar tanto o passado de seus personagens, o embate final com cada lado conhecendo as fraquezas do outro só é pretexto para mais tiroteios, lutas, explosões, corpos pelo chão e absurdos que contradizem as leis da Física.

Terror no Deserto poderia se tornar um infalível Blockbuster, mas devido a algumas falhas, efeitos não tão elaborados e uma falta de caracterização maior dos personagens, acaba ganhando um jeito de Filme B.

Para se ver sem levar muito a sério, sem aguardar por grandes e memoráveis surpresas até porque sabemos quais personagens são os mais aptos a sobreviver e que muitas cenas costumam ser clicherizadas (como o plano que falha e o tempo que vai se esgotando).