Eduardo Salvalaio
- 1 de ago.
- 3 min de leitura

Guerra Sem Regras faz menção a Segunda Guerra na visão peculiar e inglesa de Guy Ritchie

Guerra Sem Regras fica melhor se for visto sem comparações com Bastardos Inglórios

A Segunda Guerra Mundial ainda rende muita discussões, sobretudo quando estamos falando de cinema. Produções que tratam desse momento histórico nunca param de sair e continuam conquistando espectadores. Geralmente baseados em fatos reais, são filmes que trazem o horror dessa época, muitas vezes impregnados de comoção e de reflexões.

O cineasta inglês Guy Ritchie ('Jogos, Trapaças e dois Canos Fumegantes', 1998) também abraça essa temática. Inspirado em fatos reais, 'Guerra Sem Regras' ('The Ministry Of Ungentlemanly Warfare', 2024) conta a história de uma ultrassecreta equipe de soldados ingleses habilidosos para afundar um navio carregado com suprimentos e armas, crucial para os planos dos nazistas.

Esse fato aconteceu em 1942. O seleto grupo foi formado pelo ministro inglês Winston Churchill e a missão ficou conhecida como Operação Postmaster. O que muda na história é que eles precisavam apenas roubar alguns barcos e levá-los para bem longe dos nazistas (e não explodir um grande navio). Outra coisa é que a missão foi bem discreta, não teve o tanto de mortes e de explosões que Guy Ritchie fez questão de colocar em seu filme.

O elenco tem muitos conhecidos como Henry Cavill (quem se acostumou ao seu papel de Superman vai estranhar seu personagem aqui), Alan Ritchson (série ‘Preacher’) e Eiza Gonzalez ('Godzilla Vs Kong'). É de se destacar também a atuação de Babs Olusanmokun ('Duna'), ator nigeriano que vem ganhando atenção em suas atuações. Rori Kinnear faz o papel de Churchill, porém ganhou uma caracterização forçada, parecendo mais com um líder mafioso do que com o político inglês.

A ordem é deixar o drama de lado e dar espaço pra ação e algumas pitadas de humor. Isso acontece logo na cena inicial com um barco pesqueiro que serve de disfarce para a equipe sendo abordado por um grupo de nazistas. Para quem se acostumou com algumas produções de Guy Ritchie como Snatch – Porcos e Diamantes (2000), sabe o que pode esperar do diretor.

Filmes sobre a Segunda Guerra geralmente são filões bem usados por americanos, exaltando a participação do país no evento. Aqui, o diretor deseja reforçar que o Reino Unido também merece essa relevância. Essa intenção acaba sendo retratada no filme, embora de forma exagerada, ao mostrar a estratégia, o poderio e a ‘quase’ invulnerabilidade de uma pequena equipe em frente a um batalhão de nazistas (que são dizimados em grande quantidade e sem tempo até de reagir).

Então, com um arsenal a disposição e dotados de valiosas habilidades, o grupo vai seguindo em frente, com tempo ainda de realizar suas piadinhas. Mesmo quando o plano parece falhar, sempre existe o famoso plano B. Dessa forma, Guy Ritchie segura seu filme: tiros, explosões, flechadas, disfarces e um grupo de soldados com muito ódio dos nazistas.

Guerra Sem Regras fica melhor se for visto sem comparações com Bastardos Inglórios. Tudo bem que seja quase inevitável fazer isso para quem viu ambos os filmes. O filme de 2009 continua épico, atípico, mais cínico e melhor, sobretudo quando o colocamos dentro de uma perspectiva Tarantiana diferenciada.

O filme de Guy Ritchie, por sua vez, não foge tanto dos padrões corriqueiros das tramas de Guerra, embora apresente um interessante lado inglês na História da Segunda Guerra. De qualquer forma, agradará quem gosta do gênero que chega repleto de Ação, apelo blockbuster e toques de humor, totalmente indicado ao divertimento regado com um delicioso balde de pipoca quentinha.