Guerra Civil, um filme que merece ser assistido de mente aberta, para entender os extremos

"Guerra Civil" chegou aos cinemas em 18 de abril.

Filmes distópicos são uma constante no cinema, servindo como reflexões artísticas sobre temas sociais e políticos. "Medida Provisória" (2022), "Onde Está Segunda" (2017) e "Brazil - O Filme" (1985) são exemplos notáveis desse gênero, destacando-se por sua profundidade temática, capacidade de provocar reflexões e pelas performances marcantes de seus elencos, além de uma trilha sonora envolvente e direções impactantes.

Em 2024, um novo filme se junta a essa lista: "Guerra Civil", estrelado pela renomada atriz Kirsten Dunst e pelo talentoso brasileiro Wagner Moura, que tem conquistado espaço em Hollywood com sua versatilidade e carisma.

"Guerra Civil" mescla ação e suspense em um futuro próximo, onde uma guerra civil assola os Estados Unidos. A trama segue uma equipe de jornalistas de guerra, liderada por Lee (Kirsten Dunst) e seu colega Joel (Wagner Moura), enquanto eles viajam pelo país para documentar a escalada da violência e caos que tomou conta das ruas. Contudo, o que era para ser um registro jornalístico transforma-se em uma batalha pela sobrevivência.

O filme aborda temas como liberdade de expressão, liberdade de imprensa, extremismo político e polarização, provocando reflexões profundas. Embora possa não agradar a todos, assistir ao filme com mente aberta é essencial para tirar conclusões próprias sobre os temas apresentados, proporcionando uma experiência reflexiva e educativa da sociedade.

Wagner Moura em 'Guerra civil' — Foto: Divulgação

Wagner Moura vem se consagrando como nome importante no cinema de Hollywood. Ele já havia feito filmes estadunidenses antes, como “Elysium” e “Gato de Botas 2: O Último Pedido”, mas aqui ele mostra o porquê de ser um ator talentoso, versátil e flexível. Isso pode ser percebido em “Tropa de Elite” e “O Homem do Futuro”, por exemplo, onde consegue transitar facilmente entre diversos tipos de personalidades. Sua atuação como Joel é uma das peças principais para o filme ser eletrizante do início ao fim.

Kristen Dunst entrega aqui um de seus melhores papéis no cinema. Ela já havia feito filmes como “As Virgens Suicidas”, “Maria Antonieta”, os filmes do Homem Aranha com Tobey Maguire como Peter Parker e “Jumanji” com Robin Williams com atuações muito boas. Nesse ela também se destaca positivamente ao mostrar uma atuação convincente da fotojornalista Lee Smith que exalta a importância de ir em busca das verdades não importa os obstáculos.

Kristen Dunst em Guerra Civil - Imagem Reprodução.

Outros nomes no elenco também merecem aplausos por enriquecerem a narrativa da produção, como Cailee Spaeny, que tem desenvolvimentos importantes como Jessie Cullen, Nick Offerman, por atuar de forma onipresente como o Presidente dos Estados Unidos da realidade da película, Stephen McKinley Henderson, que usa o Sammy como um excelente guia para Lee e Joel, e, por fim, Sonoya Mizuno, que está impecável como Anya.

A direção de Alex Garland é marcante, com um roteiro ousado que evoca lembranças de clássicos como "Dr. Fantástico" (1964), dirigido por Stanley Kubrick, que ousou desafiar a opinião pública da época ao abordar a Guerra Fria em um período em que ela estava no auge. Assim, oferece uma visão perspicaz da política daquele momento, com uma sátira cheia de comédia.

Outro detalhe a se observar é como o jogo de câmeras ajuda a entender bem as divisões que os Estados Unidos enfrentam no filme. Isso é fundamental para compreender, conhecer e analisar cada realidade com um olhar crítico e atento nas transformações sociais e nos seus acontecimentos para torná-los fatos históricos.

“Guerra Civil” é um filme que pode agradar alguns e desagradar outros por suas abordagens que são bem politizadas e até mesmo alarmantes se for analisar a política mundial contemporânea com seus extremos. Mas, independentemente disso, é um filme muito bem feito, com um excelente elenco, direção enfática, trilha sonora envolvente, cenas deslumbrantes e mensagens reflexivas que mostram a importância de refletir o mundo à nossa volta e ter cuidado com o radicalismo.