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Foto do escritorEduardo Salvalaio

Fobia: St. Dinfna Hotel traz uma história assustadora repleta de influências do Survival Horror do passado

É preciso ter paciência e tempo para puzzles, não se irritar com alguns percalços na jogabilidade e admirar a história

Crédito: Imagem - Pulsatrix Studios


Um dos aspectos mais interessantes dentro do gênero Survival Horror é que os jogos não precisam de gráficos rebuscados de última geração. Com uma história envolvente e assustadora, inimigos mortais em nosso encalce e a necessidade de sobreviver a cada cenário alcançado, os gráficos acabam virando a parte menos importante, sobretudo quando o jogo em questão pretende homenagear ou resgatar as raízes do gênero.

 

Foi pensando assim que a produtora independente brasileira Pulsatrix criou Fobia: St. Dinfna Hotel. Ambientado num imponente hotel, vivenciamos a trajetória de Roberto, um repórter investigativo que precisa pesquisar sobre desaparecimentos ocorridos no lugar. Entretanto, o homem percebe que o hotel não é tão normal, começa a presenciar fatos estranhos e precisa encontrar uma saída dali.

 

Com um prólogo bem tenso e claustrofóbico, começamos numa espécie de prisão onde temos que encontrar um lugar bem seguro para guardar um diário. Também é preciso fugir dali. Entretanto, existe uma criatura gigante e horrível que está disposta a nos impedir. Em seguida, acompanhamos Roberto chegando ao hotel e sendo conduzido ao quarto 610.

 

Logo no quarto, encontramos uma câmera. Ela será muito valiosa para nossa jornada. E sim, um dos itens mais interessantes e criativos do jogo. Tal objeto consegue ligar dois mundos dentro do hotel. Por exemplo, em muitos cômodos, ela abrirá passagens até então desconhecidas. Também pode mostrar senhas, códigos de cofres e até munições. Então, o jogador precisa vasculhar bastante os cenários, inclusive se atentando a detalhes que só a câmera é capaz de mostrar.

 


Nos primeiros minutos, percebemos as influências e homenagens do jogo: Silent Hill (mundos alternativos para desvendar), Fatal Frame (a câmera como objeto substancial), Resident Evil (a presença de baús para armazenamento), Alone In The Dark (ambientes escuros que dependem da lanterna). Pela história, encontraremos muitos easter eggs espalhados, e isso vale até para obras do Cinema como Game Of Thrones.

 

Pra quem se acostumou com o gênero, as características e a jogabilidade aqui continuam as mesmas, sem novidades. Encare criaturas temidas, busque chaves e itens para abrir portas, encontre armas para se defender, faça bom uso da escassa munição e dos recursos de cura. 


Crédito: Reprodução/Yuri Hildebrand

Em Fobia: St. Dinfna Hotel os produtores optaram por criar um ambiente mais voltado a exploração e resolução de puzzles (e são muitos). O jogador que espera combates intensos a todo instante pode se decepcionar, além da pouca variedade de inimigos. Entretanto, os chefes estão presentes, além de uma temida criatura que nos persegue constantemente durante a história.

 

O jogo é em primeira pessoa, o que pode desanimar alguns jogadores que ainda se sentem mais confortáveis com a visão em terceira pessoa (e com a câmera típica de jogos como Resident Evil 4 e Dead Space). Apesar disso, a movimentação do personagem é bem realista, inclusive na dificuldade de correr em lugares alagados, com muita sujeira ou destroços. O que ficou faltando aqui foi um botão que permitisse virar rapidamente 180 graus para conseguir abater inimigos que chegam por trás.

 

O jogo conta também com um inventário simples, fácil de usar e típico ao de Resident Evil como equipar, combinar e descartar itens. Explorar os cenários é essencial porque podemos encontrar peças que melhoram nossas armas ou que aumentam a capacidade de nosso inventário.

 

Apesar dos gráficos simples, privilegiando uma cultura indie e old-school, interessante ver a destruição, sujeira e objetos espalhados nos ambientes. Palavras amedrontadoras escritas com sangue nas paredes, corpos ensacolados, móveis quebrados e estátuas derrubadas contribuem com uma atmosfera sombria e o medo de abrir cada porta.

 

Os efeitos sonoros também acrescentam tensão ao jogo. O barulho da chuva, o som de algum inimigo perto ou mesmo uma aranha se arrastando pelo teto podem criar toda uma expectativa a cada cômodo que entramos. Aquela expectativa que os jogos do gênero criam, de fazer com que o jogador se aproxime com cuidado, sobretudo quando está com pouca saúde, na iminência de morrer.

 

Outro aspecto que aumenta o sentido de sobrevivência é a falta de mapas. Eles estão apenas espalhados pelos corredores, mas não podem ser carregados conosco. Então, o jogador precisa memorizar passagens e lugares que precisa retornar, muitas vezes porque não possui a chave ou algum item necessário para seguir adiante.

 

Trabalhando com tempos diferentes como passado e presente, claro que não iremos ficar apenas no hotel, como também estaremos diante de outras perspectivas da história. Numa narrativa que reúne sobrenatural, sci-fi e survival horror, algumas revelações e reviravoltas estão pela frente e o final abre múltiplas interpretações. 


Crédito: Imagem - Pulsatrix Studios

O jogo não é tão longo. Contudo, para o jogador que adora explorar cada canto, não faltam opções como puzzles opcionais e cômodos que podem ser revisitados. Para os caçadores de troféus, será necessário jogar 3 vezes a campanha caso ele almeje a platina. Ainda existe a tarefa de melhorar totalmente as armas, encontrar documentos e objetos (que representam memórias) pelos cenários.

 

Fobia: St. Dinfna Hotel não decepcionará quem cresceu jogando e tomando sustos com os clássicos jogos do gênero. Mas ele precisa ser jogado pensando numa justa e certa homenagem ao passado. É preciso ter paciência e tempo para puzzles, não se irritar com alguns percalços na jogabilidade e admirar a história. Pronto para sentir medo?

 

Fobia: St. Dinfna Hotel  


Desenvolvedores: Pulsatrix Studios

Produtora: Maximum Games

Gênero: Terror

Plataformas: PC, PS4, Xbox One


 

 

NOTA DO CRÍTICO: 7,5

 

Trailer do jogo:



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