O cantor e compositor Father John Misty renasce com o introspectivo álbum ‘Mahashmashana’, um mergulho na espiritualidade e no autoconhecimento, marcando um afastamento de seu tradicional sarcasmo cultural
Joshua Tillman, conhecido por seu alter ego Father John Misty, apresenta uma nova faceta em ‘Mahashmashana’, seu mais recente trabalho que se inspira no termo sânscrito “grande campo de cremação”. A obra, permeada por psicodelia suave e tons reflexivos, representa uma ruptura com sua obsessão pela cultura pop moderna, substituída por um sincero engajamento espiritual e uma busca por significado.
A faixa-título, uma balada épica de nove minutos, destaca a mudança, trazendo cordas elaboradas e poesia surreal que evocam “o próximo amanhecer universal”. Misty também revisita experiências pessoais, como no lounge ‘Josh Tillman and the Accidental Overdose’, onde reflete sobre sua relação com a celebridade e revela momentos de vulnerabilidade: “Naquela época, publicamente / Eu estava tratando ácido com ansiedade / Eu estava mal.”
Com apenas oito faixas — metade delas ultrapassando os seis minutos — o álbum experimenta elementos de psych-rock (‘She Cleans Up’) e funk (‘I Guess Time Makes Fools of Us All’). Longe dos holofotes e entrevistas frequentes, Misty canaliza seu talento em composições que exploram amor, envelhecimento e aceitação.
Embora menos alinhado ao zeitgeist em comparação com seus trabalhos anteriores, como ‘Pure Comedy’, ‘Mahashmashana’ destaca o valor da desconexão em tempos de hiperconexão. No despojado ‘Mental Health’, Misty rejeita a “mente coletiva” e abraça sua singularidade com sabedoria: “Minha insanidade particular é indispensável.”
O álbum reafirma Tillman como um artista em constante evolução, capaz de equilibrar a serenidade e a profundidade emocional sem a necessidade de ironias ou comentários incisivos.