Estudo sugere que o gosto musical pode ser herdado geneticamente
- Marcello Almeida
- há 20 horas
- 2 min de leitura
Pesquisa do Instituto Max Planck aponta que parte do prazer que sentimos ao ouvir música pode, sim, vir dos nossos genes

Todo mundo já ouviu que herdamos características dos nossos pais — cor dos olhos, traços do rosto, até o jeito de andar. Mas e o gosto musical? Será que o amor por determinado ritmo pode estar no nosso DNA?
De acordo com um estudo publicado recentemente na Nature Communications, a resposta pode ser “sim”. Cientistas do Instituto Max Planck de Psicolinguística, na Alemanha, afirmam que a forma como reagimos à música — e o prazer que ela nos proporciona — pode ter um componente genético.
“[Os cientistas] queriam entender se as diferenças genéticas entre indivíduos podem resultar em diferenças no prazer que as pessoas obtêm da música e o que essas diferenças podem nos dizer sobre a musicalidade humana em geral”, explicou Giacomo Bignardi, candidato a doutorado e primeiro autor da pesquisa, em entrevista à Vice.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores compararam dados de mais de 9 mil gêmeos — tanto idênticos (monozigóticos) quanto fraternos (dizigóticos). Eles analisaram o que chamaram de “recompensas musicais” auto-relatadas, como:
• Sensibilidade geral à música
• Emoções provocadas por melodias
• Capacidade de perceber ritmo, tom e melodia
• Vontade de cantar ou dançar
A conclusão? A experiência emocional e prazerosa com a música é parcialmente influenciada por fatores genéticos. Ou seja, a forma como seu corpo arrepia com aquele solo de guitarra, ou o impulso de dançar quando toca seu ritmo favorito, pode ter vindo, em parte, dos seus pais — ou dos seus genes.
“Essas descobertas sugerem um quadro complexo no qual as diferenças de DNA parcialmente distintos contribuem para diferentes aspectos do prazer musical”, afirma Bignardi. “Pesquisas futuras que analisam qual parte do genoma contribui mais para a capacidade humana de apreciar música têm o potencial de lançar luz sobre a faculdade humana que mais confundiu Darwin e que ainda nos confunde hoje.”
A pesquisa abre caminho para novas descobertas sobre a relação entre biologia e cultura musical — e talvez nos ajude a entender por que, às vezes, a gente se emociona com a mesma canção que tocava no rádio quando nossos pais dançavam na sala.
E você? Pensando no gosto musical da sua família, será que esse legado também veio no sangue?
Comments