'L.A. Woman' do The Doors é aquele álbum fabuloso marcado por tempestades e momentos conturbados. E é o último disco com Jim Morrison, que faleceu meses depois do lançamento do álbum! Apesar de todos os contratempos o sexto álbum do Doors deixa evidente em sua sonoridade calcada no Blues/Rock e Rock Psicodélico, um amadurecimento sensacional e formidável. Um disco de despedidas que de longe pode ser o que mais se aproximou do Blues. A brasa poética de Jim estava mais que acesa e ela excogita por todas as canções do álbum, até mesmo em faixas que hoje são esquecidas como "Hyacinth House" e "L' America" uma prova saborosa da química atingida nessa obra que abriga os melhores e mais perturbados trabalhos deles (em minha opinião é claro).
O disco foi lançado em abril de 1971 e completou 50 anos esse ano. O que torna esse trabalho incrível é a evolução nas composições e como ele conseguiu fugir das vertentes sonoras dos álbuns anteriores, a voz de Morrison está altamente inspirada, pode soar desgastada, áspera em certos momentos, mas isso contribuiu positivamente para atmosfera da obra, assim como os instrumentos. A sensação ao ouvir 'L.A. Woman' é de que estamos vendo o The Doors tocar todas essas faixas ao vivo em um cenário contagiante de cores oníricas e psicodélicas.
A força vocálica de Morrison expressa tons elevados na fantástica "Been Down So Long" um baita Blues, marcado por guitarras viscerais, que lembram muito Chuck Berry. Essa atmosfera se expande e ganha proporções mais desconcertantes na faixa-título "L.A.Woman" uma obra sinfônica de mais de sete minutos que se tornou um verdadeiro clássico do automobilismo que celebrou o glamour e decadência de Los Angeles. Uma das faixas mais embriagadas do Blues e Jim Morrison canta como se estivesse em uma viagem lúdica de efeitos deslumbrantes.
“The Changeling” abre o disco de maneira magistral e poética. A canção é uma mistura de Soul com o Funk de James Brow. Sendo inspirada em um poema que Jim Morrison escreveu, e foi a primeira faixa a ser gravada para o disco. “Riders On The Storm” é sensacional com aquele início com sons de chuva, trovões e aquele piano hipnótico. Uma canção profunda que gera fortes emoções. Uma viagem poética e psicodélica por uma forte camada jazzística, o grupo em sua forma mais melodiosa e sinistra. Experimente ouvir esse disco com bons fones de ouvido, se desligue do mundo e se entregue a essa atmosfera convidativa e catártica.
“Love Her Madly” é um misto de sonoridades exorbitantes. Uma levada Surf Music bem agradável. Os teclados aqui são espetaculares. Mais uma vez a voz de Jim Morrison está deslumbrante, um tom grave e estonteante, os solos de guitarras criados por Robby Krieger são altamente inspirados.
'L.A.Woman' é aquele disco que suplantou tudo que a banda já tinha produzido. A intensidade das canções, é algo complexo e surreal. Um disco repleto de hits eternos do Classic Rock. Uma obra-prima que terá sempre um lugar especial em nossos corações amantes de Rock and Roll. Não apenas por conter clássicos imensuráveis, mas é, no geral, um trabalho extremamente viciante e bem-sucedido.
Ficha Técnica
L.A.Woman
Data de Lançamento: 19 de abril de 1971
Gênero: Blues Rock, Música Psicodélica
Ouça: "L.A.Woman", "Riders On The Storm" e "Love Her Madly"
Para quem gosta de: Chuck Berry e Creedence Clearwater Revival
Ouça o disco no Spotify:
Sobre Marcello
É editor e criador do Teoria Cultural.
Pai da Gabriela, Técnico em Radiologia, flamenguista, amante de filmes de terror. Adora bandas como: Radiohead, Teenage Fanclub e Jesus And Mary Chain. Nas horas vagas, gosta de divagar histórias sobre: música, cinema e literatura. marce.almeidasilvaa@gmail.com
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