Feliz 80, Clara!
Este ano é lembrado os 80 anos de nascimento de Clara Nunes. Considerada uma das maiores artistas femininas da música brasileira, a cantora mineira mostrou para o Brasil e o mundo um repertório musical que interpreta a musicalidade brasileira de forma eclética ao cantar gêneros como MPB, Samba, Forró, Baião, Partido Alto e Ijexá com letras que são desde românticas até canções que abordam o combate ao racismo e a intolerância religiosa.
Além disso, era dona de uma voz singular, forte e impactante que (influenciou) influencia novos artistas. Um legado repleto de arte e referências culturais que revolucionaram a música brasileira a ponto de ser considerada pela revista Rolling Stone Brasil como a nona maior voz da música brasileira.
Assim como foi nos especiais de Chico Science e Elis Regina, objetivo desse texto é relembrar a importância e relevância dessa artista que faz tamanha falta em nosso país, uma mulher iluminada que trouxe luz para música brasileira e precisa muito ser enaltecida, conhecida, apreciada e ouvida por essa e futuras gerações. Feitas as apresentações, com vocês: Clara Nunes.
Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, mais conhecida como Clara Nunes, nasceu no dia 12 de agosto de 1942, em Caetanópolis, município brasileiro do interior de Minas Gerais, que na época pertencia ao distrito de Cedro, que fazia parte do município de Paraopeba.
Ela teve uma infância difícil, pois ficou órfã de pai aos 4 anos e aos 6 anos ficou órfã de mãe. E quando era adolescente, aos 16 anos saiu de sua cidade natal com alguns de seus irmãos para Belo Horizonte.
Na capital mineira, ela trabalhava como tecelã numa fábrica durante o dia e de noite estudava num curso de formação de professores. Porém, a música falava mais alto, já que nos fins de semana ela cantava nos coros da igreja católica até o dia em que ela se tonou praticante do espiritismo e se aprofundou nas religiões e nas culturas africanas quando se mudou para o Rio de Janeiro.
Essa interferência cultural se inseriu no repertório de Clara que passou a cantar músicas que exaltam não apenas a cultura brasileira, mas também, a africana com seus elementos que são cheios de ritmos, danças e versos fortes, cativantes e poderosos que mais tarde iriam se manifestar.
Ainda em Belo Horizonte, sua carreira musical se iniciou em 1961, quando ganhou um concurso que fez com que assinasse um contrato com a prestigiada Rádio Inconfidência para ajudar sua carreira musical onde contou com a ajuda do ilustre artista Jadir Ambrósio nessa fase inicial.
Ela fez sucesso, em pouco tempo a compositora se mudaria para o Rio de Janeiro, onde inicialmente passou a ter dificuldades, mas, elas sumiram graças a ajuda do icônico comunicador Chacrinha que a incentivou nesse período.
Inicialmente, seu repertório era de Bolero, portanto, com o incentivo do músico Ataulfo Alves, ela passou a adotar o samba e a MPB, adicionando elementos da música africana-como isso Clara Nunes tornou-se a primeira cantora brasileira a vender mais de cem mil discos, quebrando diversos tabus em relação às mulheres na música brasileira. Ela teve 16 excelentes discos lançados, obras que capturaram sua essência e raízes puxadas de cantoras como Elizeth Cardoso, Ângela Maria, Carmem Costa e Dalva de Oliveira. Clara, também tocou com músicos prestigiados como: Paulinho da Viola, João Nogueira, Sivuca e Chico Buarque. Um de seus maiores admiradores foi o poeta e compositor Paulo César Pinheiro com que foi casada de 1975 até 1983 quando ela veio a falecer.
Ela faleceu aos 40 anos, após fazer uma cirurgia de varizes em 2 de abril de 1983. Entretanto, seu legado musical permanece vivo com letras que combatem o racismo e intolerância religiosa, um legado imortalizado por uma voz de anjo, que lutou contras as injustiças sociais e na interpretação de ótimas cantoras como Pâmela Amaro, Aline Calixto, Teresa Cristina, Vanessa da Mata e Mariene de Castro sendo que Mariene lançou em 2013 um CD e DVD com interpretações de Clara Nunes, uma linda homenagem que recebeu o nome de 'Ser de Luz: Uma Homenagem à Clara Nunes'.
Por isso, é importante dizer: viva hoje e sempre Clara Nunes.
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