O 11º disco da cantora já chegou quebrando recordes no Spotify.
É inegável o brilhantismo que a estrela pop Taylor Swift vem construindo em sua carreira no universo da cultura pop. Desde que surgiu na música em meados de 2006, a cantora passou pela opinião pública inúmeras vezes, talvez até mais que qualquer outra artista pop. O fato é que após o aclamado ‘Midnights’ de 2022 e ‘1989 (Taylor’s Version)’, a cantora se tornou uma força motora da música pop. Isso engloba vendas de discos, turnês mais do que badaladas e recordes e mais recordes.
A guinada criativa de Swift partiu do enérgico Red de 2012 e atingiu o ápice com 1989 em 2014. Sua parceria com Aaron Desner do The National, Bon Iver e Jack Antonoff proporcionou experimentar novas ambientações em sua sonoridade, contribuindo positivamente ainda mais para sua evolução como artista. Dessa junção nasceram discos formidáveis como Folklore e Evermore, ambos lançados em 2020 em plena pandemia do Covid-19.
No auge de sua carreira, ela parece ter encontrado o pote de ouro da música pop no final do arco-íris, com canções que conquistaram toda uma geração em tons de adoração, fascínio e paixão, algo que lembra o que foi a beatlemania. Não é para menos que ela vem recebendo o título de "nova Madonna" da atualidade. O fato é que suas canções retratam dores de cotovelo, relacionamentos e conflitos internos, sentimentos por vezes íntimos, mas que atingem uma legião de fãs ansiosos e atentos a cada passo dado por ela.
Por outro lado, também acende a ira de alguns críticos especializados da música, os quais Taylor vem tentando responder cada vez mais, produzindo discos de sucesso, ou até mesmo com sua The Eras Tour, fenômeno mundial. Nem preciso mencionar o caos que foi sua passagem recente pelo Brasil, um espetáculo de tamanha magnitude, repleto de alvoroços, fãs aficionados, e que resultou na trágica morte de uma jovem fã.
E por falar em recordes, a artista acaba de bater mais um com seu 11º álbum recém-saído do forno, 'The Tortured Poets Department', que ganhou duas versões, sendo uma estendida acrescentando o nome "The Anthology". Com mais quinze faixas extras, conseguiu a façanha de ultrapassar a marca dos 200 milhões de reproduções no Spotify em um único dia. O disco traz participações especiais de Post Malone na faixa "Fortnight", escolhida como single para anunciar o novo trabalho. Inclusive, é a canção que abre o disco e já apresenta um vislumbre do contexto de The Tortured Poets..., um álbum recheado de hits pop bem produzidos, cuja sonoridade faz um regresso pela discografia da cantora.
Na sequência, entra a faixa-título que assegura a afirmação de hits pop bem feitos. A verdade seja dita, Taylor aposta em uma fórmula segura e certeira, e sem muita evolução experimental envolvida, o disco passa a impressão e sensação de um belo Greatest Hits bem montado, com canções que podem melhorar ainda mais com o passar do tempo e após algumas audições. "My Boy Only Breaks His Favorite Toys", que emula um pop à la Lorde, mantém a dinâmica pop acesa e vai conquistar sua legião de fãs. Aliás, o disco inteiro vai agradar a base de admiradores; são faixas que projetam tudo aquilo que você já conhece da Taylor Swift.
Não há nada de errado nisso; é um álbum bom e ok, bem produzido. Mas fica aquém perto de um Midnight e Evermore de 2020. The Tortured Poets Department ganha fôlego com a envolvente "Florida!!!" que traz a participação certeira de Florence + The Machine, tornando-se um dos pontos altos do disco, com bons elementos e camadas envolventes. E você pensa: tem algo diferente aqui, sinais de um possível caminho a seguir. Já a melódica e bonita "Guilty as Sin?" caberia perfeitamente em um 1989 ou até mesmo no carismático Folklore. Essa é aquela música que soaria perfeita para uma trilha sonora de um filme de super-heróis. Quem sabe no novo Deadpool & Wolverine?
Já que logo após o lançamento do disco, fãs mais aficionados afirmam que a cantora confirmou sua participação na produção com a letra da faixa "Clara Bow", a última da primeira parte do disco. Os versos em questão dizem: "You like Taylor Swift; In this light; We're loving it; You've got edge, she never did; The future's bright; Dazzling." Por sinal, é outro ótimo destaque do disco.
Espere, tem mais 15 faixas extras
A versão estendida traz ótimas e belas canções e equilibra as camadas de The Tortured Poets Department, como se ela estivesse deixando o melhor para depois. "The Black Dog", que abre essa nova sequência de faixas, é uma ótima revelação do poder lírico e melódico da cantora. "Chloe or Sam or Sophia or Marcus" é outra canção bonita e melancólica que segue uma sonoridade mais acústica. "How Did It End" e sua melodia levada por um piano nostálgico talvez seja a resposta para todo o sucesso e o lugar que Taylor ocupa hoje na música pop. The Anthology pode ser o lado B, alternativo e indie do disco. Essa é a Taylor que este que vos escreve quer ouvir, e aos poucos aquela sensação de coletânea de bons hits vai ficando para trás.
Musicalmente, é um álbum que pode ser dividido em lado A e Lado B. O lado A persegue suas próprias tendências e a sombra do estrelato, como se fosse uma busca por afirmações para responder aos críticos. Aqui ela parece deixar essas questões dominar sua música, deixando pouco espaço para as profundas reflexões líricas pelas quais ela é conhecida. Já no lado B, as faixas extras, ela explora muito bem uma ambientação mais profunda. Canções com uma pegada mais intimista, acústica e convidativas.
'The Tortured Poets Department' está bem longe de ser um disco sem sal e sabor, vindo de uma artista que não precisa mais provar nada a ninguém sobre o seu valor e processo criativo. Isso acontece quando se lança uma sequência de bons discos; a expectativa para o próximo sempre fica elevada em termos de evolução. Entretanto, o 11º disco de Swift pode ter encontrado o caminho a seguir com Fortnight, uma canção que trilha uma estrada bem próxima do Cigarettes After Sex, e também com a já citada Clara Bow. Taylor só precisa tomar cuidado com a perigosa validação comercial e crítica e não deixar isso afetar seu processo criativo.
Se Swift considera que apenas o resultado final é o seu verdadeiro talento, ela está subestimando sua própria capacidade criativa. Ela não precisa de um álbum completo para narrar a história de um relacionamento; basta uma música, às vezes até mesmo uma única linha.
The Tortured Poets Department
Taylor Swift
Ano: 2024
Gênero: Pop, Indie Pop
Ouça: "Fortnight", "Clara Bow", "Florida!!!"
Pra quem curte: Lana Del Rey, Lorde
Humor: Melancólico, Reflexivo,
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