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Foto do escritorEduardo Salvalaio

Em Passe, Oruã destila sua sonoridade evolutiva tanto para brasileiros como para estrangeiros



Oruã consegue aliar um dinâmico experimentalismo sonoro com várias influências da música brasileira


A banda carioca Oruã, apesar de formada há pouco tempo, apresenta uma história cheia de detalhes e curiosidades. Desde 2000, o inquieto vocalista/guitarrista Lê Almeida sempre esteve batalhando para divulgar suas composições musicais. Passou a ser um dos nomes mais conhecidos da cena independente chegando a lançar gravadora e estúdio.

 

Ao lado de músicos afiados como Phill Fernandes (bateria), João Casaes (sintetizadores) e Bigú Medine (baixo), o Oruã tomou forma inclusive ganhando repercussão logo no primeiro disco,  "Sem Bênção / Sem Crença", lançado em 2017. Em 2019 foi a vez de "Romã", o segundo disco, dar as caras.

 

Os elogios não pararam de chegar e em 2019 tiveram o privilégio de tocar ao vivo no renomado palco da KEXP, colocando o grupo ainda mais em evidência. Após despertarem a atenção de Doug Martsch do grupo Built To Spill, Lê Almeida e Casaes tiveram a honra de participar do disco “When The Wind Forgets Your Name” (2022) dos americanos.

 


“Ingreme" (2021), o terceiro álbum, garantiu ao grupo mais shows e reconhecimento. Foram cerca de 120 shows distribuídos em 10 países (Finlândia entre eles). O grupo até planejou uma campanha de financiamento coletivo para custear as despesas pelos Estados Unidos. Com mais eventos, maior o renome que a banda foi alcançando.

 

Oruã consegue aliar um dinâmico experimentalismo sonoro com várias influências da música brasileira que também abraçaram o mundo através dos tempos (Secos & Molhados, Os Mutantes, Som Imaginário, Boogarins). Pelas faixas do trabalho, o leque de gêneros passa por Psicodelia, Lo-Fi, Eletrônica, Krautrock e Post-Rock.

 

Com um instrumental denso, inclusive priorizando a guitarra (‘Nascença’ e ‘Escola Construtivista’), a banda também se preocupa em trazer assuntos que despertam a consciência do ouvinte, uma missão que a música pode (e deve) promover.

 

O quarteto toca em feridas como as indiferenças sociais e raciais, ainda tão frequentes no país, mesmo que se valendo de um minimalismo poético e vocais que necessitam ser decifrados a cada audição. Caso da faixa ‘Real Grandeza’ que cita: ‘conceitual imerso em obras afilhado adoção/digo por sorte sincera a todo instante quase nunca tem fome/eles te querem atenção e não entendem se você não entrar/ninguém te olha de cima, poder da real grandeza'.

 

Mesmo quando o grupo opta por faixas apenas instrumentais, o resultado soa interessante e criativo. ‘Avesso Ao Fim’ possui batida letárgica e efeitos espalhados pela faixa. ‘Análise de Conjuntura’ prefere se guiar pelo Noise com uma parede instrumental que se intensifica gradativamente. ‘Passe’, por sua vez, opta por uma melodia serena com guitarras suavizadas.

 

‘Brutos Amores’ é um Pop-Rock vibrante, que conquista prontamente com sua melodia assoviável. ‘Espiritualmente Aceso’ abusa de sintetizadores e vozes com ecos, entregando uma sonoridade mais sombria, porém não menos atraente.



Oruã galga orgulhosamente seu caminho que se ancora bem tanto em território brasileiro como em cenários estrangeiros. Passe mostra evolução, dedicação e capacidade de abraçar vários territórios sonoros, não importa a nacionalidade do ouvinte que está apreciando a obra.

 
 

Ano: 2024

Gênero: Lo-Fi, Krautrock, Eletrônica, Post Rock

Ouça: "Caboclo", "Brutos Amores", "Espiritualmente Aceso" 

Pra quem curte: Secos & Molhados, Os Mutantes, Boogarins

Humor: Atmosférico, Enigmático, Hipnótico


 

NOTA DO CRÍTICO: 8,0

 

 Veja o vídeo oficial de ‘Caboclo’:


 


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