E lá se vão 25 anos
Lançado em 2000, o aclamado Acústico MTV do Capital Inicial marcou uma nova fase na trajetória da banda brasiliense. Este projeto não foi apenas concebido como um exercício de revisitar antigos sucessos; ele se consolidou como um divisor de águas, tanto na carreira do grupo quanto na história do rock brasileiro. O formato acústico, que já havia revitalizado outros artistas nacionais, foi a oportunidade perfeita para a banda reafirmar sua relevância, se conectar com novas gerações e colocar o nome do Capital novamente nos holofotes da cena nacional.
Nos anos 90, o grupo enfrentou um período conturbado e de baixa visibilidade. Após a ascensão nos anos 80 com hits como “Veraneio Vascaína” e “Música Urbana”, a banda teve dificuldades para manter o mesmo impacto. Mudanças no cenário musical, disputas internas e alterações na formação contribuíram para uma fase de incertezas. Contudo, a volta de Dinho Ouro Preto como vocalista em 98 trouxe energia renovada, culminando no convite da MTV para gravar o projeto acústico.
A virada do milênio era um momento propício para revisitar o rock nacional com roupagens mais intimistas. A série Acústico MTV já havia rendido sucessos para artistas como Legião Urbana e Titãs, e o Capital Inicial soube aproveitar a chance para reintroduzir sua obra com sofisticação e apelo comercial.
O disco traz versões desplugadas de clássicos da banda, com a participação inusitada de Kiko Zambianchi na faixa “Primeiros Erros”, uma de suas composições mais icônicas. Essa colaboração foi um dos momentos mais marcantes do álbum, já que a música, originalmente lançada por Zambianchi em 1985, havia se tornado um clássico atemporal do rock nacional. Ainda sobre as participações especiais, o projeto contou com a ilustre presença de Zélia Duncan na memorável "Eu Vou Estar", aumentando ainda mais o brilhantismo do disco.
Eles trouxeram também uma adaptação de “The Passenger”, clássico de Iggy Pop, aqui interpretado em português como “O Passageiro”, mantendo a essência do original, mas adicionando uma identidade própria com arranjos que dialogam perfeitamente com o formato acústico.
“Fátima” ganhou um novo arranjo e uma atmosfera mais introspectiva. Ao explorar o formato acústico, o grupo conseguiu valorizar as letras e destacar a performance vocal de Dinho. Além disso, o uso de instrumentos como violões, percussões orgânicas e cordas adicionou uma camada de elegância às composições.
Um dos pontos altos do álbum foi a inclusão de canções inéditas. “Natasha”, que se tornou um dos maiores sucessos da banda, exemplifica como o projeto não se limitou a revisitar o passado, mas também abriu espaço para inovações que ampliaram seu repertório. A linda "Tudo que Vai" era um exemplo inteligente de como compor sobre términos de relacionamentos. A balada se destaca pela sua melodia envolvente e pela carga emocional contida em sua letra. Escrita por Dinho e Alvin L., a canção traz reflexões sobre a efemeridade das coisas e a inevitável passagem do tempo, temas que ressoam tanto no âmbito pessoal quanto no universal.
O Acústico foi um sucesso comercial, com milhões de cópias vendidas e forte presença nas rádios. Além disso, o álbum trouxe um novo público para a banda, unindo fãs antigos e ouvintes mais jovens. A estética desplugada se mostrou um recurso eficaz para reforçar a essência das composições e revitalizar a identidade do grupo.
Além disso, o disco representou um momento de reconexão para o Capital Inicial. Ao adotar uma abordagem mais intimista, a banda conseguiu se destacar em um cenário competitivo e reafirmar sua importância na música brasileira. O Acústico não apenas resgatou o Capital Inicial de um período de instabilidade, mas também solidificou sua história na cena do rock brasileiro.
E aí, qual é a sua música favorita do disco?
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