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Foto do escritorMarcello Almeida

Eddie Vedder faz de 'Earthling' um encontro harmonioso e vaporoso de amigos fazendo Rock and Roll.

Atualizado: 12 de mar. de 2022



Não é novidade pra ninguém que Eddie Vedder consolidou-se como um grande vocalista atuando como o porta-voz de uma das maiores e importantes bandas do Grunge em atividade, no Pearl Jam, Vedder construiu uma carreira notavelmente consistente e variada, com seus vocais graves e fortes, letras introspectivas que abordam os sentimentos de toda uma geração e sua presença dinâmica nos palcos fizeram dele um dos frontman mais influentes de toda uma década. Mas se engana quem pensa que ele apenas possui essa pose de rockstar, ao logo dos anos Eddie tem usado sua influência para desenvolver questões como ativismo ambiental e direito das mulheres. À medida que o Pearl Jam decolava em sua trajetória, ele também se dedicou a carreira solo, contribuindo com trilhas sonoras para diversos filmes, incluindo a elogiada e aclamada trilha sonora de ‘Into the Wild' (Na Natureza Selvagem) de 2007. Em 2011 saiu o bonito acústico ‘Ukulele Songs’, então, ele resolveu se dedicar totalmente ao Pearl Jam, e agora em 2022 ele nos agracia com um disco bonito e flexível.


Earthling’ é seu terceiro álbum solo e passa aquela sensação de liberdade e diversão, algo que pode até soar contraditório ao se falar de Eddie Vedder que sempre assumiu sua responsabilidade abordando temas sérios desde que “Jeremy” invadiu as rádios falando sobre suicídio. Acontece que seu mais novo projeto se afasta sem remorso do território do Pearl Jam, com 13 faixas o disco é a ponte entre canções épicas do Punk com o Rock mainstream de uma maneira que transborda ritmos e estilos distintos. Para o novo álbum ele contou com a mão do produtor Andrew Watt, que já se mostrou habilidoso nos caminhos do Pop (Miley Cyrus) e até mesmo no Rap (Post Malone). Ainda fazem parte do projeto o ex- guitarrista do Red Hot Chili Peppers Josh Klinghoffer e o baterista Chad Smith.

Com certeza seu trabalho solo mais intimista e revelador, já que, musicalmente se conecta com o Vedder que conhecemos há mais de trinta anos. O encontro genial entre o lado confiante e o lado vulnerável, e esse equilíbrio, se torna a fonte inspiradora para belas canções.

“Invincible” é aquela abertura enigmática e nostálgica que remete aos sons dos anos 80 com uma atmosfera a lá Bruce Springsteen, entretanto, é uma das faixas que mais oferecem a possibilidade de novas descobertas. Irregular, sim, mas com momentos memoráveis que podem muito bem colocar o sorriso no rosto de Peter Gabriel. “Long Way” pode ser a canção mais bonita do disco, uma linda e bela homenagem a Tom Petty, com um refrão e solos de guitarras penetrantes. Imagine-se em uma longa estrada, sem rumo e essa canção rolando no rádio. “Ela partiu, mas nunca foi embora/Ela pegou um longo caminho/Pela estrada”.


Em “Brother the Cloud”, Vedder lamenta a perda de um grande amigo querido (bem provável Chris Cornell) enquanto encara a dor da saudade. “Entenda que não está sendo fácil para mim meu amigo”. A canção alterna entre momentos calmos e eufóricos, sustentada por espessas camadas de um violão acústico. “The Dark” já se mostra alegre e enérgica, trazendo de volta os sons widescreen do rock universitário do final dos anos 80. Enquanto “Pictures” revela o encontro inusitado entre Vedder e Elton John, um dueto divertido e alegre, aquele ponto magico do álbum. Além disso o álbum ainda traz a icônica participação de Stevie Wonder tocando gaita em "Try" e a inusitada e exuberante bateria de Ringo Starr em "MRs. Mills".


Um álbum repleto de reflexões. Em “Fallout Today” ele canta sobre a fragilidade humana, refletindo sobre superar as dores e se permitir dar uma segunda chance. Uma canção levada por uma harmoniosa balada de violão que soa suavemente melancólica, com uma atmosfera no estilo Beach Boys, a música também poderia bem-fazer parte do disco Vitalogy do Pearl Jam.


Um disco diversificado e bonito de um músico e compositor que chega aos seus 57 anos com a simplicidade no olhar e aquela tranquilidade relaxante de não ter que provar mais nada a ninguém. Um trabalho pessoal que revela novos lados de Vedder. A cada música, estamos bem perto de tocar em uma alegria contagiante e isso pode muito bem ser espirituoso. Talvez o segredo e sentindo da vida seja esse mesmo, assim, como ele canta na linda e melódica balada "The Haves", "Mas, eu sei que temos muita vida, para viver ainda".

 

Ficha Técnica

Earthling (2022)

Artista: Eddie Vedder

Gênero: Rock, Rock Alternativo

Ouça: "Long Way", Fallout Today" e "Picture"

Para quem gosta de: Bruce Springsteen e Pearl Jam

Nota: 8.0


 

Veja o clipe de "Long Way"



 

Ouça no Spotify






















 

Sobre Marcello Almeida

É editor e criador do Teoria Cultural.

Pai da Gabriela, Técnico em Radiologia, flamenguista, amante de filmes de terror. Adora bandas como: Radiohead, Teenage Fanclub e Jesus And Mary Chain. Nas horas vagas, gosta de divagar histórias sobre: música, cinema e literatura, e curtir as aventuras do cão Dylan. marce.almeidasilvaa@gmail.com



 


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