Era um Zeppelin mais amplo, explorando grooves funkeados

Em 1973, o Led Zeppelin era, sem contestação, a maior banda do mundo. Seu quinto álbum, Houses of the Holy, lançado naquele ano, consolidou o grupo no topo das paradas e ampliou seus horizontes musicais. Com influências que iam do reggae ao swing e uma presença mais marcante dos teclados de John Paul Jones, o disco mostrou uma banda disposta a experimentar sem perder sua essência.
O sucesso foi estrondoso: uma turnê americana lotada, incluindo um show no Tampa Stadium, na Flórida, que quebrou o recorde dos Beatles como o concerto de rock mais assistido da época. O Madison Square Garden, em Nova York, também recebeu três noites esgotadas, que renderiam imagens para o documentário The Song Remains the Same (lançado apenas em 1976).
Mas foi justamente após esse sucesso absoluto que a banda entraria em uma das fases mais turbulentas da carreira. No fim de 1973, o Zeppelin retornou ao estúdio improvisado de Headley Grange para iniciar um novo projeto. Algumas bases foram gravadas, incluindo o instrumental de Kashmir, mas as sessões foram caóticas. John Paul Jones chegou a considerar sair da banda, cansado da exaustiva rotina de turnês. Bonham, cada vez mais afundado no álcool, já não era o mesmo baterista explosivo dos anos anteriores. Jimmy Page, mergulhado no ocultismo e no uso de heroína, via seu comportamento se tornar ainda mais errático.
Apesar disso, o Zeppelin ressurgiu das cinzas e, em 1975, lançaria aquele que muitos consideram seu álbum definitivo: Physical Graffiti. O disco duplo reuniu oito faixas inéditas e sete sobras de estúdio de álbuns anteriores, criando uma obra-prima diversificada e monumental. Era um Zeppelin mais amplo, explorando grooves funkeados em Trampled Under Foot, o épico místico de Kashmir e a melancolia de Down by the Seaside.
O impacto foi imediato: o álbum se tornou o primeiro da banda a alcançar disco de platina apenas com pedidos antecipados. Um executivo da Atlantic Records chegou a dizer que nunca havia visto um disco vender tanto antes mesmo de chegar às lojas.
Se o Led Zeppelin IV transformou a banda em lenda e Houses of the Holy expandiu suas possibilidades, Physical Graffiti foi a consagração definitiva. Um disco que capturou o Zeppelin no auge — mesmo quando os bastidores mostravam um grupo à beira do colapso.
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