Dan’s Boogie consolida três décadas do Destroyer com sua musicalidade atrativa, eclética e talentosa
- Eduardo Salvalaio
- há 1 dia
- 2 min de leitura
As letras, geralmente confessionais e sinceras, podem tratar de diversos sentimentos

Daniel Bejar é o músico canadense por trás do Destroyer. O projeto começou em 1995, quando Bejar ainda dividia sua inquietação musical entre grupos como The New Pornographers e Swan Lake. Após começar a dar mais prioridade ao Destroyer, o primeiro álbum intitulado We'll Build Them a Golden Bridge chegou em 2016.
Entretanto, foi na primeira década de 2000 que o Destroyer ganhou força e chamou mais a atenção de público e crítica, sobretudo com álbuns até hoje essenciais para a música mundial como This Night (2002), Your Blues (2004) e Destroyer’s Rubies (2006).
A década seguinte não foi diferente, logo em 2011 Bejar veio com Kaputt. Com Poison Season (2015), o músico demonstrou de vez suas habilidades com variados gêneros musicais: Jazz, Pop-Rock, Chamber Pop, Post-Punk Revival, etc. O músico não tem medo de explorar um vasto território sonoro que reúne arranjos orquestrados, acústicos e eletrônicos, abraçando tanto uma sonoridade retrô quanto moderna.
Outra característica que tornou o projeto famoso foi a forma de cantar de Dan, muitas vezes com uma postura falada, o que deixa seu lirismo mais fácil de ser contemplado pelo ouvinte. As letras, geralmente confessionais e sinceras, podem tratar de diversos sentimentos, passando tanto pelo humor como pela paixão dos relacionamentos amorosos.
David Bowie ainda é, claramente, uma das maiores influências de Bejar para seu Destroyer. ‘The Same Thing as Nothing at All’ remete a algo 70’s de Bowie, enquanto o Pop eufórico e grudento de ‘Hydroplaning off the Edge of the World’ pode estar associado a um Bowie 80’s, praticamente da época de Let’s Dance (1983).
Entretanto, deixando Bowie de lado no texto, importante destacar a criatividade e o talento de Bejar dentro de suas próprias características enraizadas. Em ‘Bologna’, por exemplo, o artista funde Dub e Synth-Pop numa atmosfera climática acentuada pela parceria entre vocal masculino e feminino, cortesia da cantora Folk americana Simone Schmidt.
Os discos do Destroyer sempre são ecléticos, não espere encontrar uma padrão único em suas composições. Aqui não é diferente. Se a faixa ‘The Ignoramus of Love’ traz vocal, piano e percussão transitando pela calmaria e quietude, o mesmo não acontece com ‘Sun Meet Snow’ onde a canção assume um tom caótico com bateria e sintetizadores distorcidos. Detalhes que fazem o diferencial no álbum.
E não falta a faixa épica. Extensa, mas nunca monótona (pense rapidamente nos 10 minutos de ‘Rubies’ em 2006). ‘Cataract Time’ é uma longa e cativante jornada musical de 8 minutos onde Bejar extrapola poesia e um instrumental cativante atrelado a guitarras dedilhadas, sopros e sintetizadores.
Dan’s Boogie (2025), décimo quarto disco do Destroyer, não desfoca do exercício musical do projeto. Um projeto que entra na quarta década de existência e que certamente ainda vai trazer poesia, musicalidade e mais canções que continuarão surpreendendo num ecletismo vital para a música que nos cerca.

Dan’s Boogie
Destroyer
Ano: 2025
Gênero: Indie Pop, Indie Rock, Pós-Punk Revival
Ouça: ‘Bologna’, ‘The Ignoramus of Love’, ‘Sun Meet Snow’
Humor: Teatral, Agridoce, Enigmático
NOTA DO CRÍTICO: 7,5
Veja o vídeo oficial de ‘Dan’s Boogie’:
Comments