Squid segue por um caminho interessante, criativo e prolífico

O Squid começou a tomar forma por volta de 2010. O grupo inglês começou lançando alguns EP’s despertando a atenção da mídia, entretanto foi em 2021 que o début "Bright Green Field" surgiu. O disco chegava com muita energia e figurou na lista de final de ano de muitos ouvintes e da crítica.
O quinteto se tornou um dos responsáveis por dinamizar os gêneros New Wave/Pós-Punk Revival para os dias atuais, a exemplo de outras bandas como Dry Cleaning, Fontaines D.C., Shame, Black Midi, Yard Act, entre outras.
O segundo disco, que sempre é considerado um desafio, mostrou um grupo determinado a vasculhar novos territórios sonoros, sem perder sua identidade, energia e criatividade. Assim aconteceu com "O Monolith" (2023). Um disco que reiterava a força do grupo, apesar de ser mais digerível e de apontar novos rumos para futuros discos do Squid.
É exatamente o que acontece com "Cowards" (2025), terceiro disco dos ingleses, produzido por Marta Salogni (Bjork, Depeche Mode) e Grace Banks (The Pretenders, Dream Wife). A mixagem ficou por conta do experiente John McEntire (Stereolab, Teenage Fanclub).
O grupo também recebeu a colaboração de artistas como o nigeriano multi-instrumentalista Tony Njoku e o Ruisi Quartet (grupo renomado que executa músicas clássicas por alguns lugares nos EUA e UK).
"Cowards" consegue dar continuidade a ideia apresentada anteriormente dois anos atrás, além de trazer uma musicalidade ainda mais amadurecida com pianos, violinos, sopros, sintetizadores, tudo dentro do padrão sonoro construído e cimentado pelo próprio quinteto.
Pensando no conteúdo das letras, o álbum pode ser bem amargo e denso. A banda reflete sobre temas como narcisismo, ganância, maldade, fraquezas e transgressões. Mas essa sempre foi uma característica do Pós-Punk, convenhamos. Isso também não ofusca o resultado final e o objetivo do grupo que consiste em reunir peso, leveza, crueza e limpidez nas 9 faixas do álbum.
‘Crispy Skin’, a contagiante faixa de abertura, fala sobre canibalismo. Canção que prova como o Squid sabe fazer canções com mais de 6 minutos sem soarem cansativas e sempre com surpresas melódicas até o final. Da mesma forma, ‘Well Met (Fingers Through The Fence)’ tem a colaboração da cantora escocesa Clarissa Connelly e com mais de 8 minutos reúne uma apoteose musical fundindo harmonias vocais, sintetizadores hipnóticos e sopros.
‘Blood On The Boulders’ tem início tímido, porém logo depois adiciona uma parede maciça de instrumentos e de vocais raivosos, característica peculiar de algumas das músicas da banda desde o primeiro disco. ‘Showtime!’ traz efeitos eletrônicos, violinos, linha de baixo marcante e após sua metade se desvia para um Rock potente com bateria cavalar e guitarra soterrando a melodia.
‘Fieldworks I’ funciona como uma vinheta, possui melodia regada com guitarras dedilhadas e vocais brandos, a faixa serve de preparação para ‘Filedworks II’ que chega mais pesada, juntando nuances de Rock e de orquestração (com um violino bem acentuado).
‘Cro-Magnon Man’ é outra canção que demonstra as mudanças que os ingleses vem adotando. Inspirada criativamente no Krautrock, reunindo voz masculina e feminina, a música conquista de primeira e é uma das melhores do álbum.
Em seu terceiro disco, Squid segue por um caminho interessante, criativo e prolífico, se esquivando da ideia de que a banda não é só mais um ‘modismo’. Um Pós-Punk que não para no tempo, que sabe se inspirar tanto no passado como também sabe indicar caminhos e alternativas para o futuro.

Cowards
Squid
Ano: 2025
Gênero: Pós-Punk, Rock Alternativo, Indie
Ouça: "Crispy Skin", "Showtime!", "Cro-Magnon Man"
Pra quem curte: Dry Cleaning, Fontaines D.C., Black Midi
Humor: Dissonante, Energético, Sardônico
NOTA DO CRÍTICO: 8,0
Veja o vídeo oficial de ‘Crispy Skin’:
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