O álbum é uma bela combinação de camadas sonoras, com cada faixa tecendo melodias cativantes e sutis.
Returned To The Earth foi formada 2014 quando os irmãos Robin e Steve Peachey e Paul Johnson decidiram unir suas habilidades e experiências musicais. Cada um dos três trouxeram para a banda a sua bagagem musical, contribuindo assim, para o som característico da banda. Vale destacar também, que a diversidade de influências e estilos musicais presentes em cada um dos três membros resultou em uma fusão brilhante de sons e gêneros.
Desde o seu início, a banda se destacou pela capacidade de combinar elementos de diferentes estilos, criando uma sonoridade rica e multifacetada. Os talentos individuais presente em cada disco e a sinergia coletiva permitiram que o grupo estivesse sempre explorando novas fronteiras musicais, além de experimentar arranjos e métodos composicionais, entregando assim, uma miscelânea de sons, não se prendendo apenas no rock progressivo, sendo possível notar com clareza também, por exemplo, passagens jazzísticas, música eletrônica e música ambiente.
A banda é conhecida por suas longas peças instrumentais que criam paisagens sonoras vastas e emocionantes. Uma das suas principais influências é o Pink Floyd, algo que pode ser reparado principalmente na forma como eles criam atmosferas sonoras e usam efeitos de guitarra e sintetizadores, ao mesmo tempo em que incorporam elementos da música contemporânea e eletrônica, criando assim, um som que é tanto uma homenagem ao passado, quanto uma visão do futuro.
Stalagmite Steeple é o quinto disco da banda e segue a linha principalmente dos de seus dois últimos predecessores, mantendo-se fiel ao estilo de rock acessível e atmosférico. O álbum é ricamente texturizado com uma bela combinação de camadas sonoras. Cada faixa é uma jornada em si, tecendo melodias cativantes com arranjos instrumentais sutis. A produção do disco enfatiza a clareza e a profundidade típica do som da banda, permitindo que cada elemento musical brilhe e contribua para a atmosfera geral.
Dark Morality é a peça de abertura e que imediatamente estabelece a atmosfera melancólica e introspectiva que permeia o álbum. Pianos lamentosos criam uma base emocional profunda, os vocais estão carregados de sentimento e autenticidade, a guitarra por meio de seus acordes e solos conseguem soar poderosa e delicada ao mesmo tempo. O disco inicial através de uma música que não apenas mantém, mas aprofunda a assinatura sonora da banda, oferecendo uma experiência que é ao mesmo tempo sombria e bela.
The Final Time é uma balada cativante que flui sem qualquer esforço por meio de uma batida lenta e envolvente. O piano com suas notas profundas e emotivas, se une a voz trêmula e cheia de sentimento, criando uma atmosfera sombria e introspectiva. A guitarra fluida entrega verdadeiros lamentos que tocam o coração, suas notas ecoam com uma dor sutil e beleza melancólica. A combinação desses elementos cria uma experiência auditiva muito rica, onde a simplicidade da balada esconde camadas de emoções profundas.
Stalagmite Steeple, a faixa título se destaca como um dos pontos altos do disco. Desde o seu início por meio de um piano solitário que estabelece uma atmosfera introspectiva e melancólica, sua seção intermediária, onde cada nota é cuidadosamente colocada para maximizar o impacto emocional da faixa como um todo, os solos de guitarra que são notáveis, capturando a essência de grandes guitarristas como David Gilmour e Andy Latimer através de uma técnica impecável e uma expressão emotiva profunda, além da seção rítmica com a sua precisão e coesão que sustentam toda a complexidade e dinâmica da composição, tudo ajuda na confecção de uma música perfeita.
Meaningless to Worth vai se construindo lentamente por meio de teclas atmosféricas e vocais etéreos. Desde os primeiros acordes, a música envolve o ouvinte em uma paisagem sonora onírica, onde cada nota parece flutuar e entregar um significado profundo. O trabalho dos sintetizadores é brilhante, preenchendo o espaço com camadas ricas. Na parte final, o solo de guitarra acrescenta uma expressão emocional intensa, elevando a música a um clímax poderoso.
Die For Me se destaca pela presença de pianos taciturnos, cujas notas suaves e introspectivas criam uma base sombria e envolvente. As linhas de baixo são expressivas, complementando a profundidade emocional da música, enquanto a bateria estilosa adiciona uma camada de ritmo sofisticado. Possui uma parte intermediária marcante, com seu piano minimalista e espaçado, onde as notas são tocadas com precisão e delicadeza, criando uma sensação de suspense e vulnerabilidade. As guitarra delicada que surge nessa seção também são importantes para adicionar uma textura etérea.
The Raging Sea é a peça de encerramento do disco, e faz isso de forma comovente. Os vocais melancólicos entregam muita profundidade emocional, criando uma sensação introspectiva. A seção rítmica relaxante estabelece uma base calma e constante, proporcionando um pano de fundo sereno que contrasta com a intensidade emocional dos vocais. Enquanto isso, a guitarra apaixonada eleva a música, adicionando camadas de sentimento e expressividade. Essa combinação de elementos traz um final perfeito para o disco, entregando a emoção certa para finalizar uma jornada musical encantadora.
Cada faixa é cuidadosamente construída para levar o ouvinte em uma viagem sônica profunda e significativa. As composições são todas muito bem elaboradas, com suas melodias hipnóticas e texturas sonoras envolventes que mantêm o ouvinte imerso do início ao fim. A produção é impecável, destacando a sensibilidade artística da banda. Os arranjos sofisticados e as performances apaixonadas se entrelaçam perfeitamente, resultando em um álbum que não apenas se ouve, mas se sente profundamente. Por fim, Stalagmite Steeple é um disco que proporciona uma experiência musical rica, introspectiva, hipnótica e de impacto emocional sem precedentes.
Stalagmite Steeple
Returned to the Earth
Ano: 2024
Gênero: Rock Progressivo
Ouça: "Stalagmite Steeple", "Die For Me", "The Raging Sea"
Pra quem curte: Cosmograf, Deposed King, Inner Prospekt
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