Eis que chega o grande desafio para a banda. Lançar o segundo disco.
Squid é um grupo inglês (de Sussex) que chegou com um début arrebatador e enérgico em 2021, “Bright Green Field”. O quinteto é um dos responsáveis por repaginar o gênero New Wave/Pós-Punk Revival nestes últimos 5 anos, fazendo parte de um seleto grupo que reúne nomes como Dry Cleaning, Shame, Yard Act, Fontaines D.C., entre outros.
Numa época em que ouvir um disco inteiro não é tarefa fácil na rotina de muitas pessoas e dentro de um gênero que oferece inúmeras opções, a banda conseguiu se sobressair em seu disco longo e que necessitava de muitas atenção aos detalhes. Além disso, o début alcançou o topo das paradas inglesas, surpreendendo bastante dentro de um seu padrão não tão fácil de absorver.
Eis que chega o grande desafio para a banda. Lançar o segundo disco. É um momento que sempre vem cercado de expectativas. Para muitos, é a hora de mostrar que o sucesso não veio à toa ou então, que algumas mudanças podem dar as caras. A ousadia pode ao mesmo tempo trazer consequências arriscadas ou pode levar o grupo a um novo status, inclusive lhe conferindo mais maturidade e lhe conferindo características próprias.
A preparação do novo álbum, “O Monolith”, começou cheia de cuidados. Para a produção, o grupo manteve a parceria com o experiente e premiado Dan Carey (Bat For Lashes, Foals). Outro convidado a participar da gravação foi John McEntire (Tortoise) que cuidou de parte da mixagem. O disco foi gravado no bucólico e isolado Real World Studios cujo fundador foi Peter Gabriel.
Sem se desviar por completo dos trilhos do Pós-Punk Revival, o segundo trabalho mostra uma lapidação sonora orientada para se aproximar a paisagens mais límpidas, menos cruas e mais texturizadas, dispostas a seguir por outros gêneros. Entretanto, a guitarra pulsante que muitas vezes irrompe abruptamente em sintonia com os vocais enérgicos do líder e vocalista Ollie Judge ainda surpreendem, exemplo da faixa ‘Green Light’.
Assim como ficamos atônitos com a estranheza das faixas de “Kid A” (2000) revelando um Radiohead apto a mudar radicalmente, 23 anos atrás, certamente muitos ouvintes se sentirão assim com o Squid na faixa ‘Siphon Song’. Com a utilização de um vocoder, a enigmática faixa une Eletrônica, Noise uma sensação Vintage que é logo quebrada pelo caos sonoro que se aproxima. Algo atípico da banda, porém que é muito bem-vindo.
A mesma estranheza deve chegar em ’Devil’s Den’, que, por sua vez, parece seguir por um (pseudo) Folk imerso numa névoa de melancolia, mas que nos engana ao explodir após sua metade, com os vocais descontrolados de Ollie em meio a uma caótica explosão instrumental. ‘Undergrowth’ deseja passear por uma melodia que parece inspirada nas raízes do Hip-Hop. O resultado é um Pós-Punk que pretende fugir de um molde convencional e repetitivo, tal qual o TRAAMS conseguiu fazer bem em seu disco "Personal Best"(2022).
‘The Blades’ se encaixaria dentro de um Math-Rock. Outra faixa que pode reorganizar um padrão sonoro novo para a banda. O grupo que no primeiro disco trouxe tão bem letras que refletiam sobre questões sociopolíticas, a ansiedade e os conflitos da condição humana nestes tempos, aqui continua perfeito, inclusive se apropriando de inúmeras metáforas: ‘Oh, We spin/ And, Oh, We dive/ And, Oh, We keep you safe/ Never mind that noise outside’.
Mais curto que seu antecessor, porém não tão menos merecedor de várias audições, assim é “O Monolith”. Uma daquelas obras em que o autor faz questão de reestruturar alguns conceitos e métodos, mas que certamente não serão tão assimilados prontamente pelo receptor, aqui, neste caso, o ouvinte. Tudo bem, temos até o terceiro disco para fazer isso acontecer.
O Monolith
Squid
Lançamento: 9 de junho de 2023
Gênero: Indie Rock, Pós-Punk, Rock Alternativo
Ouça: "The Blades", "Devil's Den, "Undergrowth"
Humor: Dissonante, Turbulento, Sarcástico
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