"Clube da Esquina": um disco sobre a importância do coletivo e um marco na música pop brasileira
- Marcello Almeida
- 19 de jun. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de nov. de 2024
Esse espírito colaborativo permeia todo o disco, que se tornou um farol em meio ao "vazio cultural" daquele período
Com toda certeza, esse é aquele disco que desperta inúmeros sentimentos nos corações de uma multidão. Uma obra-prima que não pertence a nenhum tempo, atemporal em sua essência. O que Milton Nascimento, Lô Borges e cia. criaram vai muito além de meras canções; o álbum é movido por alma, coração e pelo lindo vínculo da amizade. Quem sabe esse seja o grande triunfo do Clube: imprimir, por meio de notas e melodias, os sentimentos que afloram o tempo inteiro no peito.
Recentemente, Clube da Esquina foi eleito o melhor álbum da história da música brasileira, o que desencadeou uma série de questionamentos e opiniões contrárias às famosas listas de melhores álbuns. Contudo, concorde você ou não, a qualidade e a importância dessa obra são inquestionáveis para os valores da cultura brasileira. Trata-se de um trabalho composto por canções ambiciosas, que narram um período emblemático da história do Brasil.
Enquanto o país mergulhava nas águas sangrentas da Ditadura Militar, o ano de 1972 marcou um divisor de águas para a música pop brasileira — ou, se preferir, MPB. Discos como Acabou Chorare, dos Novos Baianos, A Dança da Solidão, de Paulinho da Viola, e os álbuns autointitulados de Tim Maia, Jards Macalé, Tom Zé e Elis Regina compunham a cena musical. Além disso, os heróis da Tropicália, após longo tempo no exílio, voltavam ao Brasil: Gilberto Gil, com Expresso 2222, e Caetano Veloso, com Transa. No meio desse alvoroço, pairava sobre a MPB o Clube da Esquina, um dos discos mais pragmáticos e emblemáticos da história da música brasileira — um álbum duplo, edificante e encantador.
A magia de Clube da Esquina está justamente em sua diversidade sonora. Nenhum outro grupo na época transitou de forma tão emocional e bela por influências como Beatles, rock psicodélico e música clássica ocidental, misturando tudo isso ao balanço sedutor de Miles Davis e John Coltrane.
O disco não apenas consolidou Milton Nascimento como um marco da música pop brasileira, mas também impulsionou as carreiras de Beto Guedes, Toninho Horta, Nelson Ângelo e Lô Borges. Clube da Esquina exaltou o sentimento de camaradagem e comunidade, enfatizando a importância dos encontros sociais casuais para cantar, tocar e reunir a juventude. Esse espírito colaborativo permeia todo o disco, que se tornou um farol em meio ao "vazio cultural" daquele período.
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