The Last Of Us passa duas sensações. Para o jogador é uma experiência prazerosa, inesquecível, de concepção épica e repleta de descobertas. Como produto artístico que não busca apenas estética como também nos faz refletir, funciona como um alerta ou um fiel retrato de que a todo instante estamos diante de um mundo que sempre está prestes a explodir. Um produto artístico não apenas com a função de entreter, bem como para incomodar no melhor dos sentidos e, voltado para um panorama de sobrevivência, muitas vezes colocar esperança em pessoas que perdem amigos, parentes e sonhos de vida.
Os dois carismáticos personagens, Joel e Ellie, precisam seguir adiante num ambiente pós-apocalíptico com perigos a cada esquina. Joel é o homem designado para escoltar a garota Ellie que tem em seu sangue uma possível solução para um país devastado por uma mutação mortal de um fungo (Cordyceps).
A primeira recompensa de The Last Of Us para o jogador, muito importante hoje em dia inclusive com o preço de alguns jogos: um extenso mundo para percorrer e um fator replay sempre fresco. Mesmo terminando a história, há vários níveis de dificuldades para selecionar e, além disso, você nunca vasculhou todos os ambientes por completo e pode ter certeza de que algo ficou para trás.
Com uma mecânica que privilegia a exploração dos cenários em busca de materiais para criar suas armas/estratégias e até mesmo medicamentos, é essencial não ser afobado e controlar os recursos encontrados. Da mesma forma, agir na furtividade é muito mais garantido do que ser violento, embora o jogo faça o equilíbrio necessário de ambas as partes.
O cuidado com a sonorização do jogo também precisa ser ressaltado, pois escutar os perigos que nos cerca é fundamental para avançar pelos inimigos em muitos trechos do jogo onde é imprescindível fazer uso do eficiente ‘modo de escuta’.
A parte gráfica, que geralmente motiva a maioria dos jogadores, é excepcional. Contemple um mundo elaborado envolto por um cenário distópico/pós-apocalíptico cheio de detalhes, quer seja em lugares abertos ou mesmo em pequenos ambientes.
Apesar da devastação encontrada pelos personagens, há espaço para a poesia que ainda sobra mesmo dentro de um panorama caótico. As partes do jogo onde Joel e Ellie conseguem ‘respirar’ um pouco e conversar entre eles rendem os melhores e mais sensíveis momentos dos videogames até hoje (como a tocante cena da girafa).
Também precisam ser mencionados personagens que aparecem ao longo da jornada, alguns inclusive cujos destinos marcarão os jogadores por muito tempo. Não ache ruim se você pausar o jogo, largar o joystick e tomar um pouco de ar, será preciso. É gratificante ver o crescimento da relação Joel-Ellie e como os personagens secundários recebem seus devidos destaques dentro da narrativa.
Praticamente nove anos depois e mesmo com a segunda parte que foi lançada (com certas polêmicas), o primeiro jogo até hoje é discutido nas redes sociais, muito jogado online e foi um dos mais vendidos na história do Playstation. Virou até tema de monografia em universidades da Alemanha e ainda causa repercussão para quem está conhecendo agora.
O jogo também recebeu muitos pacotes adicionais (entre avatares e wallpapers) e também ganhou algumas DLC’s dando destaque a Left Behind que conta uma parte adicional da história de The Last Of Us além de revelar mais detalhes sobre a personagem Ellie, contudo, essa DLC deve ser jogada apenas por aqueles que terminaram o jogo. O jogo também virou série da HBO e está cercado de expectativas. Saiba mais no link abaixo:
The Last Of Us não se esqueceu de oferecer tudo ao jogador: gráficos, narrativa, entretenimento, medo, emoção, reflexão e, sobretudo, perpetua um estado de arte para ser copiado nas próximas gerações de videogames, onde a potência/hardware das plataformas de jogos chegam cada vez mais aprimoradas.
Nota: 10
Texto original publicado em:
Assista ao trailer do jogo:
Sobre Eduardo Salvalaio
Um cara da área Civil mas que nos momentos de folga tem um tempo para a escrita. Fã da arte de um modo geral, acha que com ela podemos tirar um pouco os dissabores da vida. Livros, discos, filmes, jogos: um arsenal do qual não abre mão.
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