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Foto do escritorEduardo Salvalaio

Call Of Cthulhu faz jus à literatura de Lovecraft, porém omite caprichos dos jogos da nova geração.


Pouco se tem trabalhado em jogos que envolvam a literatura de H.P. Lovecraft. Call Of Cthulhu, famoso conto do escritor, teve um jogo de Role Playing Game feito em 1981 pela empresa Chaosium. O jogo conquistou tanto fãs do gênero RPG como adoradores da literatura de Horror. A francesa Cyanide, pensando nesse clássico conto, lançou em 2018 um jogo para osconsoles que tenta absorver toda a atmosfera bem peculiar das narrativas de Lovecraft. Apesar da boa ideia apresentada e por manter o legado do escritor vivo, o jogo tem seus momentos de destaque, outras vezes, nem tanto.


O detetive particular Edward Pierce é contratado para investigar o trágico incêndio que envolveu a família Hawkins em Darkwater, pequena vila costeira em Boston. Após chegar a seu destino, se depara com um lugar repleto de ocultismo, rituais, mistérios, desaparecimentos e passa a questionarsua própria sanidade. Os cenários, mesmo não sendo espetaculares, conseguem trazer toda a ambientação de um lugar místico e repleto de segredos.



Típico jogo que passa muito tempo em ambientes escuros, a lanterna e o isqueiro são os melhores aliados. Casas abandonadas, galpões, celeiros, departamentos e tavernas tentam ao máximo fazer com que o jogador busque por mais informações e fuja um tanto da linearidade. Se o jogo até faz uso de cenários que capturam bem a atmosfera de uma narrativa de Horror, peca em parte nas animações faciais datadas e sem polimento de muitos personagens, o que acaba ofuscando o brilho de muitas cenas que tinham potencial para casar melhor com o cinematográfico.


De qualquer forma, compensa explorar cada canto da vila para encontrar detalhes da história, dos fatos ligados ao incêndio e de alguns personagens através de fotos, símbolos, objetos e notas. O jogo busca mais essa dinâmica da literatura ao fazer o jogador explorar bastante os ambientes e encontrar muitos documentos que contam o passado do lugar. Para quem procura ação e ritmo frenético, 'Call Of Cthulhu', em certa parte, pode decepcionar. Ação e combates surgem mais para as fases finais, apesar de doses bem mínimas.

Os elementos de RPG estão presentes, mesmo que não façam o jogador perder muito tempo, tudo sem complicação. Você possui habilidades para desenvolver. A cada avanço de capítulo, você ganha pontos para gastar em atributos como força, investigação, eloquência, medicina, entre outros. Para acessar algumas alavancas, por exemplo, o jogador pode precisar mais de força, então fica a critério dele o que aumentar em cada ocasião.

Para um jogo envolvido pela atmosfera de horror e com mistérios para se resolver, os puzzles poderiam aparecer mais. Os enigmas maiores se concentram no poder de Edward em reconstruir algumas cenas da investigação, mas essas passagens não exigem tanto do jogador e acabam sendo simples demais. Embora tenha um leque de escolhas para as conversas com outros personagens e o jogo permita ter 4 finais, o jogador acaba caindo na previsibilidade e os capítulos finais não mudam bastante apesar das finalizações distintas.



No meio de alguns erros e alguns esmeros na produção final, o jogo ganha em alguns momentos. A parte em que Pierce começa a andar num corredor cheio de celas que não parece ter fim e as cenas onde é perseguido por uma horrível criatura são bem angustiantes e claustrofóbicas, colaborando para um jogo mais tenso onde até a bateria da lanterna que acaba pode te matar.


Localizações como a imponente mansão dos Hawkins também acrescentam mais mistério ao jogo e fazem lembrar de produções como Silent Hill e Resident Evil, quando jogadores ficavam apreensivos apenas num abrir de porta. Outro elemento importante é a sensação de pânico que, constantemente, assola o personagem Pierce em alguns cenários e que faz o jogador compactuar com esse sentimento.


'Call Of Cthulhu' passa uma experiência mediana e deve ser aquele jogo que talvez muitos jogadores terminem e não retornem mais a ele. Para os amantes da literatura de horror, é uma aceitável pedida por conta de focar bem na história e de criar no jogador um estímulo de constante leitura sobre as informações acerca da narrativa. De uma forma geral, o jogador sente que a empresa poderia ter caprichado muito mais para um escritor tão grandioso como Lovecraft, porém nem tudo está perfeito, entretanto compartilhamos da sanidade abalada de Edward Pierce até o fim.


Página oficial do jogo:


 

Assista ao trailer do jogo:


 

Eduardo Tadeu Ferrari Salvalaio

Redator.

Um cara da área Civil mas que nos momentos de folga tem um tempo para a escrita. Fã da arte de um modo geral, acha que com ela podemos tirar um pouco os dissabores da vida. Livros, discos, filmes, jogos: um arsenal do qual não abre mão






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