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Foto do escritorTiago Meneses

Cada faixa de 'Older', de Lizzy McAlpine, é cuidadosamente elaborada para transmitir a profundidade das emoções humanas

McAlpine demonstra maturidade artística, unindo letras, voz expressiva e harmonias ricas, solidificando seu lugar na música atual

Lizzy McAlpine
(Sarah Midkiff / Para o Times)


Lizzy McAlpine é uma cantora e compositora americana que tem se destacado no cenário musical com seu estilo peculiar, misturando elementos de indie pop e folk. Seu trabalho, é frequentemente caracterizado por uma abordagem delicada e pessoal, explorando temas como amor, crescimento pessoal e a complexidade das relações humanas. Com uma voz suave e uma produção musical refinada, Lizzy tem se estabelecido como uma artista promissora e influente na cena musical contemporânea.


Suas interpretações são frequentemente descritas como suaves e expressivas, com capacidade de transmitir uma gama de emoções. Ela também é envolvida na produção de suas músicas, o que lhe permite um controle criativo significativo sobre suas composições. Entre alguns nomes de artistas que podem vir em mente ao ouvir suas músicas são os de Phoebe Bridgers e Julien Baker, porém, sempre com um toque pessoal e que mantém a sua singularidade.


Older, seu 3º disco, aborda uma ampla variedade de temas que são universais e pessoais ao mesmo tempo, permitindo que o ouvinte se conecte com as experiências e sentimentos de McAlpine de maneira significativa. Fiel ao seu estilo característico, cada faixa é muito bem elaborada para transmitir toda profundidade de várias emoções humanas. As letras honestas e vulneráveis, combinadas com sua excelente entrega vocal, confeccionam um disco que se desenvolve deliciosamente.


The Elevator, com menos de dois minutos, a música apresenta uma simplicidade em acordes de piano que cria uma base delicada e envolvente, enquanto as harmonias vocais acrescentam profundidade e emoção. Funciona como uma introdução que contrasta com quase todo o restante do álbum, oferecendo um vislumbre de esperança antes de mergulhar nas complexidades emocionais e nos desafios que permeiam outras faixas. Come Down Soon se destaca pela sua complexidade e riqueza sonora, combinando elementos clássicos e contemporâneos de maneira harmoniosa, além de técnica musical sofisticada com uma expressividade profunda.



Like It Tends to Do possui uma instrumentação lenta e delicada em meio a sua abordagem sutil e refinada, criando uma atmosfera introspectiva sob um tema lírico que relata a dificuldade em entender mudanças em um relacionamento. Movie Star é outra faixa com menos de 2 minutos, marcada por uma produção sutil e delicada. Possui uma produção minimalista, com arranjos que destacam a voz de McAlpine e uma mensagem íntima que parece narrar sobre a sensação de ser especial e reconhecida por alguém.


All Falls Down possui uma instrumentação contagiante que logo captura a atenção do ouvinte com sua energia vibrante e ritmo atraente, combinando elementos de pop e folk com uma abordagem musical que é tanto animada quanto cativante, enquanto isso, Lizzy trata a ambivalência dos seus próprios sentimentos. Staying é uma faixa bastante melancólica que se destaca por seu tom introspectivo e emocionalmente carregado. A música explora temas de dor e reflexão, capturando a essência de uma luta interna e as diferentes nuances que os sentimentos percorrem em um relacionamento.


 I Guess, junto com The Elevator, é uma das faixas do álbum que aborda sobre estar apaixonada por meio de uma ótica mais favorável, explorando esse sentimento em um tom otimista e alegre. Uma reflexão honesta sobre os desafios difíceis do amor e sobre o comprometimento, a aceitação mútua e a profundidade emocional que vêm com uma relação genuína. Drunk, Running traz vocais serenos, batidas suaves e belas pinceladas de cordas, criando uma atmosfera íntima e contemplativa. Sua produção é refinada e há uma grande capacidade de transmitir uma sensação de tranquilidade e introspecção em meio uma narrativa de promessas e comportamentos reais.


Broken Glass segue tranquila até mais da metade, quando atinge um clímax instrumental com uma sonoridade mais enérgica e vibrante, então que regressa a sua serenidade inicial, oferecendo um retorno ao tom calmo e introspectivo que começou. You Forced Me To possui um belo trabalho de violão dedilhado e linhas adequadas de piano, que ao se combinarem, criam uma faixa com sonoridade intimista e sofisticada. Liricamente, Lizzy lida com o peso da culpa e a sensação de ter sido levada a uma situação em que as mudanças são inevitáveis.


Older é basicamente piano e voz, sendo outro dos momentos mais melancólicos do disco. Tem uma produção minimalista que destaca os vocais e o piano, criando um ambiente íntimo e bastante emocional, enquanto transmite uma sensação de contemplação sobre as dificuldades de escapar de padrões antigos e dolorosos. Better Than This, a melodia do violão é suave, com acordes delicados que permitem que a voz de McAlpine se destaque e reflita sobre a necessidade de autenticidade, oferecendo uma visão honesta das emoções que surgem ao tentar compreender e melhorar a própria identidade.


March traz vocais suaves e instrumentais melancólicos, enquanto Lizzy canta em homenagem ao seu falecido pai. A música é uma reflexão comovente sobre a dificuldade de se acostumar com o luto e o processo de lidar com a perda de um ente querido. Vortex é a faixa que encerra o disco, entregando a melhor harmonia vocal do disco e uma instrumentação que varia entre o ameno e uma crescente deslumbrante. Um final impactante e memorável, encapsulando a jornada emocional que McAlpine apresenta ao longo das outras faixas. A música mergulha nas profundezas das emoções difíceis, examinando como esses sentimentos podem criar um ciclo vicioso que é difícil de quebrar.



A variedade e a profundidade das faixas em Older, mostra a habilidade de McAlpine em capturar e transmitir emoções complexas, tornando cada peça uma experiência única e impactante. Por meio de letras poéticas e sinceras, além de melodias que são envolventes e arranjos instrumentais bem elaborados, ela entrega uma jornada emocional que oferece momentos de introspecção, vulnerabilidade e conexão. Lizzy demonstra uma maturidade artística impressionante, combinando sua habilidade lírica com uma voz expressiva e harmonias ricas, solidificando assim, seu lugar como uma artista notável na cena musical atual.

 

Older

Lizzy McAlpine


Ano: 2024

Gênero: Indie Pop, Indie Folk

Ouça: "Come Down Soon", " You Forced Me To", "Vortex"

Pra quem curte: Phoebe Bridgers, Julien Baker, Gracie Abrams



 

NOTA DO CRÍTICO: 8,5

 

Ouça "Vortex"


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